#25

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Das duas uma, ou eu estava a sonhar (o que não seria de se estranhar) ou então estava a ouvir tudo tocado. Era quase impossível que ele tivesse dito aquilo. Também tínhamos a possibilidade de ele estar a brincar com a minha cara.

Mas a seriedade e intensidade com que o Lourenço me olhava não deixava espaço para dúvidas. Ele dissera-o mesmo. Ele dissera que me preferia. QUE ME PREFERIA!!! 

Foi impossível esconder o sorriso que se apossou dos meus lábios. O meu coração começou a bater freneticamente e o máximo que consegui fazer foi puxa-lo para um beijo doce e suave, não deixando de ser intenso.

- Isso é quase uma declaração. Tem cuidado, Lourenço, ou eu passo a acreditar nisso.

- Podes acreditar, porque é verdade. Já to disse – ele tirou os cabelos da minha testa e olhou nos meus olhos. – Mudas-te a minha vida desde o momento em que te vi. Por algum motivo eu quis-te desde esse momento e deixou de haver espaço para mais alguém.

Os meus olhos encheram-se de lágrimas e tive pena de não saber dizer coisas fofas, de não as conseguir dizer. Eu pude ver a profundidade daquelas palavras refletida nas suas esferas azuis. Tudo era muito intenso.

Também queria dizer que ele era especial para mim, que o quis desde o primeiro momento. E que agora, por algum motivo, não conseguia deixar de o querer perto de mim, não conseguia deixar de sentir o seu toque, a sua respiração, não conseguia deixar de pensar nos seus olhos azuis acinzentados ou na sua gargalhada. Não consegui deixar de pensar nele em geral, de todo ele, na verdade.

Tive esperança que conseguisse me exprimir com o beijo que lhe dei em seguida. Um beijo cheio de segurança e amor. Tive esperança que ele me conseguisse ler e que tivesse paciência comigo, com a minha falta de segurança quanto a ele.

Era normal, não era? Era normal eu sentir-me insegura. Porque ele era lindo de morrer, tinha um monte de mulheres que matariam para o ter e eu ara apenas eu. Era a Maria Gabi, uma miúda vulgar, nem bonita nem feia. E com certeza o Lourenço tinha pretendentes muito mais bonitas, engraçadas, que se sabiam expressar e não pensariam duas vezes para dizer o que realmente sentiam.

Ele aprofundou o beijo, não deixando que ele perdesse aquele toque aveludado e amoroso. Começamos a despir-nos, sem descolar os lábios um segundo sequer.

O meu telemóvel começou a tocar estridentemente.

Quase chorei de tão triste que fiquei com aquela interrupção.

- Não atendas, por favor! – o Lourenço implorou. Mas ele sabia que atenderia, pois podia ser algo importante.

Peguei no telemóvel e vi que era o Rui.

- Sim?

- Gabi, onde está? Acabei de passar pelo apartamento do teu irmão e não estavas lá...

- Desculpa, esqueci-me completamente! Desculpa mesmo!

Tinha me esquecido completamente do Rui e das explicações nada produtivas.

- Eu acho que é melhor acabarmos com isto, sabes? Não está a servir de nada – decidi ser curta e grossa, sentindo o peso do olhar do Lourenço.

- Mas porquê? Gabi, não precisas de acabar, esqueceste-te, ponto, amanhã lembras-te.

Será que ele não entendia que eu não me tinha lembrado porque aquelas explicações eram maçantes e que não estavam a servir de nada?

- Não é isso, eu acho que...

- Amanhã falamos, está bem? – ele interrompeu-me.

- Ok – suspirei aborrecida. Que melga!

[concluída] Submersa pelo Desejo | Série Desejo - I |Onde histórias criam vida. Descubra agora