Querido Theodor

Bônus

THEODOR

Respiro fundo e desço da moto.

Eu ainda não estava acreditando que aquele casamento era uma farsa.

Mas o que mais me deixava atordoado, era o fato de Carlos ter praticamente vendido sua própria filha.

Passo as mãos pelos cabelos e finalmente observo a grande decoração do jardim dos Albuquerque.

Engulo em seco.

Eu sabia muito bem que se Meg desistisse, seu pai pediria tudo. Sei também, que mesmo sendo uma garota sem juízo, Meg tinha um coração muito grande.

Droga, eu amava aquela mulher!

E era por isso que eu não podia deixar que se casasse. Eu só não sabia ainda o que fazer em relação à isso.

Balanço a cabeça negativamente e ando para dentro da casa, onde por coincidência, encontro Carlos sentado em uma poltrona perto a varanda.

Ele passava as mãos nos cabelos constantemente e seus olhos pareciam tristes e cansados.

Me aproximo decidido.

Ele seria meu meio para que tudo aquilo acabasse.

— Carter...– chamo e ele se vira para mim.

— Algum problema, rapaz?– toma uma postura imponente.

— Sim!– fecho as portas de vidro da varanda e me sento a sua frente.

Ele arqueia a sobrancelha e me olha curioso.

— O que houve?– solto um riso amargo.

— Quero apenas te fazer uma pergunta, Carter.

— Diga!

— Se sente bem ao acabar com a felicidade da sua filha?– disparo, sem deixar de olhar em seus olhos.

Vejo-o engolir em seco e seus ombros ficarem tensos.

— Do que está falando?- murmura.

— Eu sei do contrato, senhor Carter.– ele passa as mãos pelos cabelos exasperadamente.

— Como soube?

— Isso não importa.– ele fecha os olhos com força, jogando a cabeça para trás.— Pode responder a minha pergunta?

— Eu não tive escolha, rapaz!

— Todos temos, senhor Carter!

Ele balança a cabeça negativamente e cobre o rosto com suas mãos.

— Eu não posso desistir, eu perderei tudo!– rio amargamente.

— Você ama a sua filha, Carter?

Ele me encara em silêncio por alguns instantes, mas logo desvia o olhar para as suas mãos.

— Tem certeza que está disposto a trocar a sua família por um contrato?– ele comprime os lábios.

— E-eu...– balbucia.— Você não entende, rapaz! A empresa é importante para mim.– sorrio tristemente.

— Lembre-se, senhor Carter...– me levanto, arrumando meu terno.— A cerimônia começará em poucos minutos. Só você pode decidir o que fazer. Ou o dinheiro ou sua família. Para todas as escolhas há uma consequência, Carter. É bom que faça a escolha certa, pois não irá gostar de enfrentar as consequências de suas escolhas sozinho, sem ninguém ao seu lado.– digo por fim e saio dali, deixando um Carlos pensativo.

Respiro fundo, passando as mãos pelos cabelos.

Agora eu precisava encontrá-la.

— Com licença!– ouço uma voz feminina e me viro para encarar a senhora de cabelos cacheados. — Você é amigo da noiva?– assinto.— Pode levar isso à ela?– me entrega um copo com aguá.

— C-claro!

— Obrigada!– ela sorri.— Suba as escadas. Último quarto à esquerda!– assinto e ela se despede de mim.

Sorrio e faço o caminho como ela havia dito, ansiosamente.

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