Inseticídio

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Juliana, desde sempre, fora uma pessoa de grande consciência ambiental

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Juliana, desde sempre, fora uma pessoa de grande consciência ambiental. Nunca comera carne de nenhuma espécie em sua vida -seus pais eram vegetarianos- e desde que assumiu total poder de escolha sobre as coisas que consumia passou a evitar qualquer tipo de coisa que estivesse ligada a algum tipo de abuso animal, mesmo que essa ligação fosse apenas uma suposição. Era amante dos animais de qualquer espécie e fazia o que podia para ajuda - los, desde oferecer apoio aos mais variados abrigos animais, pesquisas a favor da saúde animal e ONG's de proteção ambiental, a até mesmo um engajamento político buscando se inserir nas discussões de leis que tivessem relação com a causa ambiental.

Dentro de todo o ecossistema, ela tinha muito apego aos animais. Não que ela desgostasse das plantas, etc. É só que os animais tinham um apelo maior dentro de seu coração. E de todos os grupos animais, ela tinha uma relação muito especial com os insetos, os quais amava, admirava e temia.

O medo de Juliana não é do tipo comum que a maioria das pessoas tem em relação aos insetos. Na verdade ela sempre acreditara que esse extenso grupo de animais era muito inteligente, evoluído e totalmente capaz de pensamentos racionais. Para Juliana, os insetos viviam em uma sociedade secreta capaz de feitos incríveis e também sendo capazes de punições exemplares a quem os afrontasse.

Por conta dessa crença, ela tinha pavor de matar qualquer tipo de inseto, independente do tamanho, nível de periculosidade ou mesmo do incômodo provocado.

Sempre que podia interferir na morte de algum insetíneo ela o fazia, e quando por acaso esmagava sem querer um deles ela tratava de proporcionar um enterro digno à criatura, se desculpava a todos os insetos que encontrasse pelo caminho e até mesmo, em casos mais graves, guardava luto pela morte provocada. Isso não evitava que tivesse pesadelos horrorosos onde era julgada e condenada a ser desmembrada e devorada por milhares de insetos vingativos.

Nem é preciso dizer que Juliana sempre fora alvo de bullying durante toda a sua vida, e mesmo agora prestes a entrar na vida adulta ela não conseguia se livrar desse infortúnio, que diziam os mais insensíveis, era causado por ela mesma.

Era chamada de riponga, baratinha, louca dos gatos (mesmo que por motivos de alergia não os tivesse), e por aí vai. A maioria não era muito criativo e geralmente não a incomodava.

Os piores desaforos não vinham de estranhos, mas sim familiares com quem se via obrigada a conviver. Especialmente seus primos Edgar e Luiz a quem odiava com todas as forças, mas tolerava pelo bem da avó a quem amava muito e que era cega ao que a neta querida passava.

O pior eram os ataques disfarçados de "brincadeiras saudáveis" que tinham o intuito de ridiculariza-la. Dentre essas estavam as diversas mortes de insetos perpetradas em sua frente, com requintes de crueldade, a fim de que ela caísse em desespero e às lágrimas tentasse em vão salvar alguma formiga ou barata indefesa das mãos daqueles pulhas.

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