Tentativas de trabalhar a escrita, através de temas variados, textos curtos, sem grandes compromissos, sem prazos ou metas, apenas aproveitando qualquer inspiração que surgir.
Também posso revisitar algumas histórias ou poemas meus, publicadas em ou...
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"Não me roube a solidão, sem antes me oferecer verdadeira companhia." - N.
-Eu queria nunca ter te conhecido. É isso o que eu queria. Mas não posso, não consigo. Você é uma nódoa na minha vida. Nunca me livrarei de você e essa é uma ironia insuportável.
Apesar do teor das palavras dela, a intenção não era ferir. O desabafo trazia consigo uma carga de dor que parecia mais pesada que o universo, que o próprio tempo.
Luana ficou assustada.
Luana ficou calada.
Não havia nada a ser dito. Havia?
Os olhos de Júlia não entregavam mais nada. Eram negros abismos. Abstratos e profundos.
-Não fala assim. - ela ensaiou... - Nem tudo foi ruim, foi?
-Eu nunca disse que foi...
-Mas você acabou de...
Júlia deu mais um daqueles sorrisos tristes.
-Você jamais entenderia, jamais entendeu...
Era verdade. Luana nunca se viu capaz de entender aquela garota pequena e de aparência frágil que a sua frente bebericava lentamente uma xícara de café quase frio e amargo.
Mas não era justo. Que chances ela tivera de fato? Como entender alguém que não está disposta a se deixar entender?
-Você nunca me deu nenhuma chance Júlia.
-Eu te dei todas as chances Luana. Todas. Você só não soube perceber. Ou não quis.
Luana quis dizer algo, mas deixou pra lá. De que adiantava. A relação delas sempre fora um eterno descompasso, desde sempre.
Quer dizer... houvera um momento, um primeiro momento no qual a vida de ambas bateu no mesmo ritmo. Um mero segundo que as ligou para sempre. Um para sempre que perduraria apesar do que haviam feito dele.
Júlia olhou para os olhos sonhadores de Luana e bebeu de seu sorriso. Tão melhor que o café que agora jazia abandonado à sua frente. Ela sabia exatamente o que ia na mente da outra. Ela também estava lá. Naquele momento. O que mudara tudo.
Sentiu o corpo tensionar-se.
Não queria lembrar. Queria apagar tudo. Luana e suas promessas. Luana e suas lembranças. Luana e suas ausências.
-Nós fomos felizes. -disse a ruiva, sonhadora e alheia ao que a morena sentia. - E essa verdade eu guardarei para sempre!
-Nós fomos felizes. - concordou Júlia perante ao desafio da outra. - E essa verdade eu guardarei para sempre. Junto com a falta que você me faz.
Com isso se levantou e saiu.
Luana ficou mais um tempo tentando absorver o acontecido. Foi despertada de seus devaneios pela realidade que na figura de uma garçonete de rosto cansado lhe trazia de volta.
- A senhorita deseja algo mais?
-Não, obrigada.
Foi até ao caixa e pagou pelo café consumido por Júlia e o seu que nem mesmo fora tocado.
Ao ir em direção à porta parou perto da mesa onde estavam. Não havia nada ali que indicasse a presenca delas. Nenhuma prova, nenhum vestígio. Nem parecia que aquela mesa presenciara o último suspiro de uma relação que nunca deveria ter existido.
Pareceu justo que fosse assim.
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Nossa. Há quanto tempo eu queria escrever esse. Pra variar saiu bem diferente do que eu imaginava. Diferente e incompleto. Fragmentos. Caberá a vcs completarem as lacunas, caso queiram.
Abraços.
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