O Vampiro Doidão

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Estava cansado da cidade

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Estava cansado da cidade. Aquele bando de gente circulando dia e noite lhe dava nos nervos. Câmeras para todo lado. Barulho ensurdecedor para os seus ouvidos sensíveis. Cheiro horroroso vindo de cada esquina. Ficava feliz por não ser um lobisomem, seria ainda pior ter que lidar com os odores que aquela cidade espraiava.

Mas o maior problema era a fome.

Era cada vez mais difícil conseguir arrastar alguma pobre mocinha indefesa para algum canto escuro e sugar o seu sangue. Até porque mocinhas indefesas era um produto em falta atualmente. Usar o velho charme que sempre lhe funcionara bem no passado? Sem chance. As mulheres andavam cada vez mais desconfiadas. E fortes. Ainda lhe doía a última joelhada que levara em suas partes baixas da última senhorita que tentou se aproximar. E teoricamente isso nem deveria doer!

Sem falar na chance de ser assaltado. Era ultrajante para um ser de mais de trezentos anos de idade levar um tiro na cara de algum moleque só porque não carregava um celular. Parece que ele não fora avisado dessa regra de carregar um negócio desses por aí. O que não fazia sentido, não lhe serviria para nada, a não ser para talvez poupar bala de algum bandido. Descobriu a duras penas que ter o aparelho não garantia nada. Aparentemente eles matam quando você entrega o que eles querem também.  Isso pode ser bem irritante.

Tentar revidar também não era uma boa, com esse negócio de tentar manter segredo de sua existência e etc. Atualmente qualquer coisa remotamente fora do comum ia parar na tal da internet e ele não queria ser linchado por aí por acharem que ele faz parte de alguma seita ou coisa do tipo.

Se alimentar estava mais perigoso nos dias atuais do que antigamente, quando as pessoas corriam atrás dele com tochas e forcados

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Se alimentar estava mais perigoso nos dias atuais do que antigamente, quando as pessoas corriam atrás dele com tochas e forcados. Naquela época as notícias demoravam mais a chegar. As vítimas eram mais indefesas. Até o sangue parecia mais saboroso. Aqueles sim eram bons tempos. Suspirava nostálgico cada vez mais a cada dia. Em dados momentos parecia até ser capaz de ouvir os gritos agudos –uma mistura de dor, terror e prazer - de suas vítimas enquanto o sangue quente e delicioso jorrava farto direto em sua garganta.

Atualmente era uma vergonha. De que adiantava ter o triplo de pessoas circulando por aí, se além de você sofrer pra chegar nela pode se deparar com um material de péssima qualidade. Devia ser a comida, o ar, sei lá. O sangue andava ruim e ele à beira da inanição.

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