Te vejo arrumando as suas coisas numa mala e sei,
Que dessa vez não há volta.
Tenho vontade de pedir que leve com você
Os poucos pedaços de mim que sobraram.
Eles caberiam ali com certeza
Bem ao lado de suas calças jeans e
Daquele casaco azul manchado que
Você nem usa mais e
Achei que tinha escondido direito.
Mas você não parece interessado
Na oferta de meus olhos,
Na entrega de meu corpo,
No desespero de minha alma.
Está mais preocupado em saber onde enfiou o desodorante.
Parece decidido a levar consigo qualquer prova de sua presença
E me deixar em troca o peso de sua ausência.
Mas não sabe que junto com ela ficam as lembranças,
Momentos nossos que ficaram gravados em mim.
Seu cheiro na minha memória é algo
Que você não tem como enfiar na mala
Ou apertar no bolso da sua jaqueta
Igual você faz com a pulseira de contas
Que por acaso um dia você achou que eu merecia.
Alheio ao meu sofrimento
-Será que não vê ou será que apenas não se importa?-
Você guarda um último par de meias e
Luta para fechar o zíper da mala.
Eu poderia te ajudar
Mas não vou.
Já fiz mais do que devia
Pela tua partida.
Ao fim e no fim
Você lança um último olhar para o quarto,
Que agora parece tão vazio, e
Vai decidido em direção à porta.
Seus olhos não param em mim
Em momento algum.
E me sinto um fantasma
Ficando menos e menos nítido
À medida que você se afasta.
Então você toca a maçaneta e eu digo
-Fica!-
Mas você não fica.
E então, desapareço.
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Retornando das cinzas pra trazer esse poeminha que faz parte da Coletânea Pra falar de Amor que participei com outros 3 colegas talentosíssimos e que está disponível na Amazon (a quem interessar possa).
Aliás, oi!
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Rabiskos
RandomTentativas de trabalhar a escrita, através de temas variados, textos curtos, sem grandes compromissos, sem prazos ou metas, apenas aproveitando qualquer inspiração que surgir. Também posso revisitar algumas histórias ou poemas meus, publicadas em ou...