Marcado

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Primeiro vem a dor, depois o prazer

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Primeiro vem a dor, depois o prazer. Acima de tudo vem o segredo.

A luz que entra no quarto não é suficiente para que eu possa decifrar todos os detalhes do lugar. Não que eu precise saber mais do que já sei. Conheço cada detalhe daqui. Assim como conheço cada centímetro do corpo que dorme pesadamente ao meu lado da cama. Depois da noite de ontem, não é de admirar que ele esteja assim, desnudo e desmaiado entre os lençóis amarfanhados. Foi exaustivo, apesar de extremamente prazeroso. Parece que prazer e exaustão sempre andam juntos, quando se trata de Daniel, assim como a dor. Cada movimento meu me lembra do quanto a noite de ontem foi pesada. Não preciso me olhar no espelho para saber das marcas que carrego. Maldito! Sempre incapaz de se controlar e dificultando a minha vida. Às vezes acho que é de propósito, só pra me encrencar com Luciano. Mas não vou dar esse gosto a ele, já lhe dei coisas demais.

Levanto da cama devagar, cada passo resulta em uma pontada de dor vinda de diversas partes do meu corpo, mas uma está especialmente difícil de ignorar. Provavelmente vou ficar sem sentar direito por uns dois dias. Desgraçado. Me exauriu tanto que até acabei apagando. Só assim para ainda estar nesse quarto. Geralmente a essa altura eu já estaria em casa, tentando descansar depois de passar horas tentando decidir o que fazer para esconder as marcas. Para manter o meu segredo.

Mas dessa vez não há tanta pressa. Já que estou aqui, vou pelo menos tomar um banho. Quem sabe assim eu desperto de vez, ao contrário de Daniel que não creio que acorde tão cedo. Deixo a água gelada cair sobre meu corpo, contendo a minha vontade de gritar pelo choque dela em minha pele quente. Enquanto me acostumo com a água, espero como sempre por todos aqueles sentimentos que se seguem após uma noite inteira fodendo com o melhor amigo do noivo enquanto ele está em uma viagem de trabalho. Ele tem feito muitas dessas ultimamente. Segundo ele, a comissão vai ajudar a pagar o nosso futuro apartamento. Eu não reclamo muito, quando a saudade aperta eu ligo para Daniel que sempre tem um jeito único de me consolar. Desligo o registro do chuveiro resignado. Ainda não sinto culpa alguma. Apenas cansaço.

Enquanto fuço na bagunça do guarda roupa de Daniel em busca de alguma coisa limpa que não fique dançando no meu corpo miúdo, sinto uma presença atrás de mim. Ele me abraça e dá uma fungada no pescoço que me arrepia até a alma e faz meu corpo despertar de vez.

-Já acordado? - ele questiona com a boca perto demais de meus ouvidos, falando grave com sua voz rouca de quem passou a noite gemendo indecências em meu ouvido enquanto me fodia violentamente em todos os cantos daquele quarto. Inclusive aqui na porta do guarda roupa.

Me viro de frente para o seu corpo, tão maior que o meu, tão maior que o de Luciano. Um corpo que é pura presença e pura potência. Um corpo que adora me subjugar. Um corpo que sabe o que fazer com o meu, tão menor e tão mais frágil, mas igualmente sedento. Um corpo que me arranca suspiros e me faz cometer pecados inconfessáveis. Um corpo. Apenas um corpo. Mas o corpo não sabe disso.

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