Carandiru, ano de 1992.
Os detentos só observavam calados aqueles quatro homens armados e mascarados andando tranquilamente pelo corredor. Eles eram os antigos Éden. A Casa de Detenção de São Paulo era conhecida popularmente pelo nome Carandiru, e era considerado o maior presídio da América Latina abrigando mais de oito mil presos. Na época a polícia civil conseguiu prender um dos maiores assassinos que o Brasil já registrou. O seu nome era Pablo Berck. Ele só tinha 20 anos, mas já tinha assassinado o equivalente a 350 pessoas. Em um dos seus crimes mais assistidos na televisão foi em um evento onde ele provocou um incêndio em uma favela matando centenas de inocentes. A forma que ele eliminava as suas vítimas era brutal, e ele foi considerado o primeiro serial killer brasileiro. Ele ficava em uma cela separado de todos os presos, pois ele dentro do presídio já tinha feito 15 detentos irem à óbito. Para os mascarados chegarem ao local eles portavam as suas AK74 a arma usada apenas em guerra pelos militares na época, e dispararam em todos os policiais que estavam na entrada do presídio. Um deles que estava no chão baleado, e que não foi visto pelos mascarados, acionou os outros policiais na região solicitando reforços. E informando que o Carandiru estava sendo invadido.
Os mascarados chegaram na cela do Pablo, e usou todo o equipamento para abrir a cela e após isso arrombaram a porta de aço. Eles conseguiram abrir. O primeiro a entrar estava usando uma máscara de gás, e o segundo estava usando uma cabeça de porco, e o outro uma máscara de teatro todo branco. Pablo estava deitado no chão tragando um cigarro.
— Por que demoraram tanto?
— As instruções foram claras e indicavam o dia de hoje. — Explicou o líder do grupo.
— Que se dane essas merdas de instruções. — Pablo levantou analisando as máscaras. — Belos rostos vocês conseguiram não é? — Ele começou a sorrir brincando com o falso focinho do porco.
O líder que estava usando a máscara de gás retirou o falso rosto e expôs o seu rosto jovial. Ele parecia ter a mesma idade do Pablo, mas com uma cicatriz no pescoço.
— Imaginei que era você. Bartholomeu. — Pablo fazia algumas caretas de deboche como se estivesse bêbado. — Ele canta o hino nacional, mas cria desgraças por onde caminha.
— As instruções estão indicando você para guiar o próximo herdeiro do Éden. E todos os crimes estão sendo retirados do seu nome. Nenhum registro criminal. Até o seu rosto está sendo apagado dos registros internos.
"Que droga, logo eu?" Pensou o Pablo.
Ele sabia que se negasse os desejos do instrutor ele estaria morto. A lenda do instrutor é que ele poderia ver tudo, ouvir tudo, e saber de tudo, e que todo o poder executivo, legislativo e judiciário estavam nas mãos dele.
— Ótimo, e agora eu virei babá. — Pablo reclamava jogando o cigarro no chão e pisando em cima. — O que eu tenho que fazer?
Bartholomeu pegou uma máscara nas mãos do porco e entregou ao Pablo. Era uma máscara de palhaço.
— Coloque isso e vamos sair daqui. Agora!
As instruções eram objetivas e diretas. O Carandiru tinha que cair antes de eles saírem do local com o Pablo. Pois nada sobre ele deveria continuar registrado. Portanto, eles simplesmente abriram algumas celas das facções rivais, e a missão do porco era se infiltrar no meio de um deles. Quando começou os detentos a correrem ele se agrupou dentro de uma facção. Ele retirou a sua máscara e começou a disparar contra a facção rival fingindo ser um detento. E de imediato a guerra se instalou. As duas facções começaram a guerrear para mostrar quem tinha mais poder, e as mortes se iniciaram. Enquanto isso, Pablo, Bartholomeu, e os outros dois mascarados, já estavam na portaria ouvindo a confusão que acontecia nos andares superiores. Eles entraram no carro Volkswagen Apollo Cinza e pegou a estrada. E subindo um viaduto eles avistaram várias viaturas indo em direção contrária com o destino para o presídio. O correto seria conter a rebelião, mas a polícia militar disparou em todos os detentos sem piedade causando um banho de sangue. E mesmo que a maioria estivesse disposto a se entregar não houve misericórdia. Uns eram mortos pelos próprios detentos, e os outros que restavam estavam sendo mortos pela polícia militar. Este dia 02 de outubro de 1992 foi marcado como "O Massacre do Carandiru". Um dos eventos mais brutais já registrado na América latina que continha os dedos do Éden.
Vale de Anhangabaú, em São Paulo.
No hospital de Santa Luzia.
Horas depois do resgate do Pablo.Ouvi-se o som do choro de um recém-nascido. Bartholomeu e Pablo estavam observando atrás de um vidro a enfermeira trazer até eles uma criança.
— É um menino pai. — Ela sorria entregando a criança para Bartholomeu.
Ele ficou observando atentamente o rosto do pequeno menino que tinha parado de chorar.
— É ele? — Dizia o Pablo apontando para a criança.
— Sim.
Ele balançava a criança para acalmá-la.
— Ele é a sua iniciação. A iniciação do palhaço. — Bartholomeu revelou.
"Brincadeira!" Pensava o Pablo odiando a ideia de ter que ser uma espécie de vigia.
— E qual será o nome do pestinha?
Bartholomeu fez um círculo com o dedo indicador na testa do menino.
— Nicolas.
Ele lembrou dos planos das instruções, e sorriu de forma maliciosa.
— Nicolas Rusticher. — Ele repetiu dando ênfase no sobrenome.
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ÉDEN
Misterio / SuspensoO Éden é uma seita criada por Nicolas Rusticher com apenas um objetivo: Aniquilar todos que se relacionam com o mesmo sexo. Mas existe uma pergunta em Nicolas que ele precisa indispensavelmente encontrar a resposta. Entre todas as vítimas que ele já...