ÉDEN

CAPÍTULO 2.4: A Fita

02 de Agosto de 1993, Rio de Janeiro.
Nove meses depois da tragédia.
Residência da Sarah, na Lapa.

Sarah Rusticher estava enfurecida no telefone querendo explicações para o possível sumiço inexplicável das informações oficiais do Bartholomeu.

— Como assim a polícia civil não tem permissão para investigar?

— Bartholomeu Rusticher faz parte do alto escalão do governo, Sarah. Você não deveria mexer com essas coisas. — Roberto tentou explicar.

— Mas ele sequestrou o meu filho, Roberto. — Ela gritava. — Aquele maldito e desgraçado roubou o meu filho após eu dar à luz.

— E você tem provas disso?

— Poucas, mas é o suficiente. Eu tenho testemunhas.

— Me perdoe, mas é melhor fazermos a busca pelo seu filho desaparecido da forma convencional. Sem mencionar "sequestro". A nossa corporação pode sofrer consequências graves se a sua acusação estiver errada, e eu não estou disposto a ser um comandante responsável por um caso desleal aos meus superiores.

— Então, vai você e a sua corporação se ferrar.

— Sarah, eu sugiro... — Roberto não conseguiu completar a frase, pois a Sarah desligou o telefone.

Ela andava de um lado para o outro pensando no que fazer. Ela estava em uma casa que tinha alugado no Rio de Janeiro junto com Bartholomeu, e estava nela para encontrar pistas de onde estaria o seu filho. Até que algo a chamou atenção. Havia um envelope grande que ainda não foi aberto embaixo da porta que fica nos fundos. Ela pegou e retirou de dentro uma fita VHS, e sem perder tempo ela inseriu a fita no videocassete e ligou a TV para assistir.

As imagens estavam denunciando um grupo secreto chamado Éden, e exibindo todos os planos que esse grupo estava planejando para a dominação de todos os continentes. Uma pessoa surgiu nas imagens. Era o Bartholomeu. Sarah sorriu nesse momento imaginando que isso poderia ser uma prova crucial contra ele. No vídeo surgiu também um dos planos ambiciosos do Éden que era a construção de uma máquina chamada "Cataclisma" e uma missão secreta intitulada: "Tentáculos". Ela ficou horrorizada com as cenas de torturas, e experimentos em pessoas de várias idades. Menores, adultos e até idosos. O vídeo tinha exatamente duas horas de duração. E no fim surgiu uma imagem distorcida de um homem dizendo em uma voz adulterada: "Você é o segundo contato. Não conte o que viu para ninguém. A sua vida depende do seu silêncio. O teu filho se encontra na Esfinge." Vários símbolos e nomes de lugares surgiram na tela. E nos créditos estava o nome de uma sociedade secreta chamada: "Alcateia".

Sarah ficou em silêncio por alguns segundos, e foi vasculhar o envelope para ver se tinha mais coisas. Havia uma foto de um homem, e atrás escrito: "Messias. Encontre-o nesse endereço. Ele vai poder te ajudar no resgate do seu filho." Sarah trabalhava para a polícia civil por alguns anos. Ela cogitou a ideia de haver uma sociedade secreta operando no Rio de Janeiro camuflando todas as situações criminosas. Todos riram da ideia absurda dela. Até que um dia um homem desconhecido falou sobre esse grupo chamado "Alcateia" que estava salvando secretamente a humanidade de algo muito terrível. Ela não deu ouvidos também. Pelo que parece ela estava certa, e o homem misterioso também. Algo muito estranho estava acontecendo não só no Rio de Janeiro, ou em São Paulo. Mas no Brasil inteiro.