CAPÍTULO 2.6: Os Sacerdotes (Parte I)

346 104 11
                                    

09 de Agosto de 1993, Rio das Flores.
Uma semana depois da fita.
Residência do Messias.

Sarah estava observando a casa de dois andares feita toda de madeira no meio de uma grama vasta e inúmeras árvores ao redor. Messias tinha um sítio em uma parte isolada no Rio das Flores que fica no Rio de Janeiro. Para chegar era preciso seguir a Rua Barão de Aliança, e em seguida pegar uma outra estrada que ficava um pouco escondida. Ela pensou duas vezes em ir até a porta e bater chamando por ele. Sarah não o conhecia, e também não sabia ao certo o que estava fazendo. Ela estava seguindo as pistas que estava nas imagens gravadas na fita. Sarah ainda cogitou na possibilidade de pedir ajuda aos companheiros da sua corporação. Mas ela estava com medo de eles pegarem a única prova que tinha contra o Bartholomeu e arquivar para fingir que nada aconteceu. Como muitas vezes eles faziam quando era algo sobre um "peixe grande". Então, ela decidiu sozinha ir a fundo para resgatar o seu filho Nicolas.

Messias estava no quarto encarando a foto da Janete. Ele sentia uma saudade imensurável. A dor da culpa fez dele um homem extremamente triste e depressivo. Ele estava com uma Pistola 58 ST na mão, e ela estava carregada. Messias pegou o cano dela e a colocou na boca. Ele destravou, e decidiu disparar e finalizar de uma vez por todas aquela dor que infernizava a sua alma. Quando de repente ouve-se batidas em sua porta que o fez parar a tentativa de suicídio. Isso era estranho, porque ninguém surgia naquele sítio que ficava escondido em Rio das Flores. Ele pegou a pistola, e a segurou bem firme e foi até a porta lentamente. Descendo as escadas, ele mirava em direção às janelas e ficava observando se alguém invadiu a sua casa.

— Quem é? — Ele gritou.

— Eu preciso de sua ajuda. — Era uma voz de uma mulher. — E só você poderá me ajudar.

— Você é esse pessoal do testemunho de Jeová?

— Não. — A mulher fez uma pausa. — Eu sou o Segundo Contato da Alcateia. E eles me pediram para vir até você.

"Alcateia?!" Messias pensou surpreso.

Ele foi abrir a porta e se deparou com uma mulher de cabelo curto preto. Ela era branca. Os seus olhos eram castanhos. Messias percebeu que ela estava tentando observar o que tinha dentro da casa.

— Muito estranho você fazer parte da Alcateia e não estar preocupada em esconder o seu rosto. — Messias a encarou de cima a baixo.

— Pra falar a verdade. — Ela olhou para os lados tentando encontrar alguma outra casa próxima, mas só viu mais árvores. — Eu recebi uma fita VHS dizendo que eu era "O Segundo Contato".

— Uma fita? — Messias riu. — Eu achava que vocês se comunicavam usando magias antigas.

— Eu não faço parte deles. — Sarah tentou corrigir.

— Tudo bem, mas o que você quer e como conseguiu me encontrar?

— Você não vai me convidar para entrar?

— Eu não confio em você. — Messias respondeu. — Vai que você é uma ladra!

Sarah mexeu no bolso, e retirou a sua identificação da polícia civil.

— Eu prefiro a ordem do que a bagunça. Eu sou polícial.

— Só pode entrar se estiver com uma ordem judicial. — Messias sorriu tentando fazer uma brincadeira, mas a Sarah continuou séria. — Vocês policiais não tem mesmo senso de humor. Vamos lá, entre.

Ele indicou a cozinha para Sarah, e ela foi em direção observando toda a casa que estava bem organizada. Havia um piano na sala. E também muitos quadros presos nas paredes. Haviam muitos vasos de rosas nas estantes e nas mesas. Ela sentou na cadeira e começou a retirar algumas coisas da bolsa que estava carregando.

— Honestamente, eu não estava aguardando nenhuma visita. Então, a única coisa que tem aqui pra comer são algumas bananas. Se você estiver com fome eu só tenho isso. — Messias estava descascando uma, e oferecendo outra pra Sarah que recusou.

— Não, obrigada. Eu não tenho muito tempo. Um indivíduo que está nas gravações da fita disse que você faz parte de um grupo chamado Éden, e que você seria o único que poderia me ajudar a chegar até a Esfinge.

— Espera um pouco. — Messias a encarou seriamente. — Essa fita mencionou a existência do Éden?

— Sim. E do Bartholomeu também. — Ela teve uma dificuldade de falar o nome dele. — Ele é o meu marido.

— Mentira que o brutamontes é o teu marido? — Messias começou a gargalhar. — Você tem um péssimo gosto para homens.

Sarah começou a desconfiar sobre a informação da fita. Messias mais parecia um louco do que lúcido. O seu comportamento de brincar com a situação estava deixando-a irritada.

— Enfim, você sabe pelo menos como chegar na Esfinge?

— Não. — Messias estava comendo a banana que ofereceu a Sarah.

— Então, você não serve para nada.

— Olha, agora você me ofendeu. — Ele continuava comendo.

— Eu vou embora. — Sarah levantou da cadeira e estava indo em direção a porta.

Messias ficou sentado comendo o restante das bananas ouvindo o som do sapato da Sarah quando sentiu que ela parou de andar no meio da sala. Ele sentiu que ela estava agora arrastando os pés como se estivesse andando sem fazer barulho. Mas a madeira rangia. Foi então, que ele saiu da cadeira de leve indo até ela para assustá-la. E chegando na sala ele viu ela bisbilhotando na janela tentando ver algo.

— O que você está tentando roubar? — Ele falou alto fazendo ela se assustar de forma desesperada. — Nossa, foi só uma pergunta eu não vou te matar.

— O que é isso, Messias? — Ela apontou para o lado de fora.

Ele foi ver o que era, e então ele entendeu o desespero dela. Alguns metros longe do sítio estava vindo um bando de palhaços caminhando até a casa do Messias. Ele tentou contar, e percebeu que tinha 33 deles. Todos vestidos igualmente.

— Você trouxe a convenção do circo pra cá? — Ele questionou a Sarah.

— Eu não trouxe eles. — Ela percebeu que os palhaços estavam carregando alguma coisa, mas não conseguiu enxergar. — O que eles estão segurando?

Messias sabia que aquela era hora perfeita para fugir daquele sítio.

— São motosserras. — Ele confirmou. — E eles estão vindo em nossa direção.

— Quem são eles? — Sarah perguntou.

— Eles são o Éden.

— Eles são o Éden

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
ÉDENOnde histórias criam vida. Descubra agora