CAPÍTULO 1.15: Antigo Éden

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Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro.
Ano de 2016.

Nicolas estava sozinho sendo guiado pelo médico de plantão até a sala onde ficava em cativeiro o tão temido Messias de Barbacena. O nome "Barbacena" foi usado em uma operação que a Polícia Federal intitulou para encontrar uma espécie de psicopata que estava trabalhando dentro do governo. Eles encontraram uma casa abandonada no parque da Tijuca em 1990 com 57 crânios humanos onde o Messias estava colecionando. Os esqueletos pertenciam as suas vítimas, e todas elas eram negras.

— Ele está bem controlado ultimamente, e há tempo que ele mostra um quadro de grande tranquilidade. Mas o aprisionamos na solitária porque precisamos fazer isso por medidas de segurança.

— Tudo bem, eu não irei demorar muito. — Dizia o Nicolas segurando a maçaneta.

O médico pousou a mão no ombro esquerdo do Nicolas em um gesto amigável.

— E não leve a sério o que ele disser. Saiba que ele ainda se encontra com instabilidades mentais. Você só tem 40 minutos.

Nicolas consentiu, e entrou na sala. Ele se deparou com Messias que estava em pé preso a correntes nas pernas. Isso devido a várias vezes que tentou escapar e também das tentativas de agressões que ele causou nos enfermeiros. Ele estava vestido com uma blusa e calça branca, e sem nada nos pés. O cabelo estava grisalho e a barba grande. Ele estava observando algo na janela.

— Eu não acredito que você veio até aqui sozinho, meu filho

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— Eu não acredito que você veio até aqui sozinho, meu filho. — Dizia o Messias se virando para encarar o Nicolas.

Os seus olhos azuis, e um rosto semelhante à de um avô calmo e tranquilo não parecia fazer dele um ser tão louco como diziam.

— Eu vim aqui procurar saber quem é o Instrutor.

Messias soltou uma gargalhada. Ele era o único sobrevivente das instruções, e ele fazia parte do antigo Éden.

— Primeiro eu estou surpreso por saber que você me encontrou aqui. — Messias tentou se aproximar, mas a corrente puxou os seus pés de volta fazendo-o lembrar de que estava preso. — E segundo isso que você está me pedindo é impossível, e terceiro, filho, saia do Éden enquanto ainda há tempo.

Nicolas continuava em pé observando seriamente os seus movimentos.

— Não se pode sair do Éden.

Messias soltou uma gargalhada outra vez batendo palmas.

— Eu escuto isso há décadas, e olha onde eu estou.

Ele abria as mãos convidando o Nicolas a verificar a sala. Olhar para as paredes de cor branca, uma mesa, e uma cama somente.

— Agora eu quero saber como você me encontrou?

Nicolas sabia que alguém tinha realizado uma tentativa de apagar todos os registros do Messias no sistema, e ele estava até com um outro nome nos documentos do governo para que o Éden nunca conseguisse localizá-lo. E isso deu certo, e visto que ele permaneceu vivo até hoje. Alguém sabia que ninguém tentaria encontrá-lo em um manicômio.

— Eu não estou aqui para responder as suas perguntas. — Nicolas retirou uma 9mm do bolso e apontou em direção ao Messias que começou a rir.

— Você vai disparar em mim? É esta a sua missão? É esta a droga que eles chamam hoje de instrução? Fala sério. Então, vamos atire. — Messias se levantou e voltou a olhar para a janela.

— O que houve com o antigo Éden? — Nicolas insistiu.

Messias soltou um suspirou e começou a encarar o chão.

— O objetivo do Éden no princípio era alterar o curso da sociedade para melhor aproveitamento de todos os recursos. Nós éramos o controle. E fomos nós que causamos a morte do Juscelino Kubitschek em 1976 quando ele descobriu a presença de nossas decisões no Golpe Militar de 1964. E fomos nós que assassinamos o Getúlio Vargas em 1954 no palácio do Catete. Nós éramos um grupo da justiça secreta. As mãos sujas do governo para a estabilidade do Planalto.

Messias voltou para a cama, e se sentou.

— Mas tudo começou a mudar no ano de 1992. E algo aconteceu com o instrutor, e ele foi substituído. Nós, os membros, nunca sabíamos quem ele era, ou onde ele morava. Se ele vivia aqui neste país ou em outro. Só sabíamos aquilo que recebíamos que eram as instruções. E assim realizar os seus planos com precisão. Mas as missões mudaram de repente. Elas deixaram de ser de teor político para algo mais pessoal e centrado em grupos civis.

Nicolas começou a se interessar e a ouvir atentamente o que Messias dizia.

— O Éden começou a criar assassinos psicopatas. E usavam todo o seu poder para fazer a vítima acreditar que determinado grupo era culpado pelos os seus males pessoais. Eu, por exemplo, fui induzido a odiar negros quando fui espancado por 8 homens da mesma raça, e por fim eu descobri que isso foi mandado do Éden para se criar uma espécie de lavagem cerebral em mim, e conseguiram. Eu matava negros por prazer, e era como se houvesse uma missão divina que eu precisava fazer.

Nicolas ouvindo sobre este relato do Messias se lembrou do seu estupro em Vargem Grande que lhe causava um ódio incomum.

— E o meu pai? — Nicolas esperava uma resposta satisfatória. — O que ele tem haver com isso tudo?

Messias sorria de forma diabólica.

— Óh! Bartholomeu? Um diabo em pessoa. — Messias ficou extremamente sério e encarou os olhos do Nicolas. — O seu pai conhecia o Instrutor, e por eu saber disso ele tentou me matar mesmo eu fazendo parte do Éden. Ele tinha planos para você, Nicolas. E com toda a certeza eu te digo uma coisa. — Messias estava com um semblante no rosto carregado de mistério. — Nada do que lhe aconteceu até hoje foi real. Eu não sei o que você passou, mas absolutamente tudo foi manipulado. Todos os eventos foram planejados e calculados. De forma fria e cruel. Por isso saia do Éden antes que seja tarde. Antes que eles façam com você o que fizeram comigo.

Messias pegou na corrente em seus pés puxando fazendo barulho. O som de várias batidas na porta despertou atenção dos dois. Este era o sinal informando que a hora da visita tinha terminado. Nicolas ficou pensativo e deu as costas indo em direção a porta.

— Nada disso é real, Nicolas. — Messias começou a gritar. — Nada disso é real.

Nicolas abriu a porta e fechou caminhando até a saída do centro psiquiátrico. E ficava cada vez mais baixo Messias desesperado gritando de que nada disso era real.

 E ficava cada vez mais baixo Messias desesperado gritando de que nada disso era real

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