ÉDEN

CAPÍTULO 1.14: Matem o Gael

Na Unidade de Pronto Atendimento.
Minutos após o atentado.

Todos que estavam próximo ao local que ficaram feridos foram transferidos para as unidades de emergência. A maioria foi para o UPA que é um serviço de saúde oferecido pelo governo federal. Gael estava um pouco ferido, mas sentia muitas dores na perna. Ele estava sentado em uma maca hospitalar quando um enfermeiro chegou para lhe aplicar um relaxante muscular. Nicolas se assustou e segurou o braço do enfermeiro com toda a força quando ele já estava com a agulha da injeção pronta para penetrar na pele do Gael.

— Acalme-se, está tudo bem! — Gael disse sorrindo para Nicolas dando sinal para largar o enfermeiro, e ele de imediato soltou o braço do homem se afastando um pouco observando atentamente.

O enfermeiro, após aplicar a medicação, disse ao Gael o que ele precisava fazer para amenizar a dor. Ele também informou que não houve nenhuma fratura pelo que conseguiu analisar. Gael desceu da maca com a ajuda do Nicolas, e colocou o seu braço na nuca dele caminhando com dificuldade.

— Obrigado. Você salvou a minha vida! — Dizia o Gael sentindo o braço do Nicolas em sua cintura tentando segurá-lo para não deixá-lo cair.

— Era o mínimo que eu poderia fazer por você. — Ele disse com o rosto sério, e ajustando o braço do Gael atrás do seu pescoço para ajudá-lo a caminhar.

— Eu entendo, mas é engraçado. É a segunda vez que eu encontro com você de forma inesperada e que acontece uma tragédia. Você está carregando a má sorte contigo. — Nicolas abaixou a cabeça pensativo.

O Gael percebeu e se sentiu mal pela brincadeira.

— Me desculpe eu não quis ofendê-lo. Mas me responde uma coisa. Como você sabia que o ônibus iria explodir?

Nicolas ficou alguns segundos em silêncio tentando pensar em uma resposta. Ele não poderia falar nada sobre o Éden para o Gael.

— Foi uma intuição. Eu estava andando de bicicleta como de costume e eu te encontrei. E eu senti que você correria perigo e fui te proteger. — Foi a desculpa mais estranha que ele pensou no momento.

— Me proteger? — Gael sorria.

Nicolas deixou de olhar para frente e assim poder encarar os olhos do Gael.

— Sim, porque eu preciso proteger você!

Nicolas ajudou Gael a ir até a sua casa, e após isso ele foi até o estacionamento do shopping Rio Sul pegar o seu Sedan Preto. Entrando no carro ele percebeu que o seu smartphone continha um e-mail com várias interrogações. "Outra instrução?" Ele pensou. Imediatamente ele foi verificar o que era. O e-mail não foi direcionado a ele. Foi encaminhado para o grupo Éden. Mas como o seu celular era completamente modificado no sistema operacional hackeando automaticamente todas as comunicações mais importantes do governo e também dos civis, ele também recebeu a mensagem mesmo não sendo pra ele. Eram novas instruções, e não era só mais uma simples missão. Era algo de alto valor, e de emergência máxima. Novamente a fotografia do Gael estava nas instruções. E o novo ataque estava programado para dentro da Paróquia Imaculada Conceição de Botafogo. O lugar onde o Gael e os seus pais se reuniam para os cultos da igreja católica. A instrução dizia: "Matem o Gael", e isso causou uma disparada de adrenalina em Nicolas. Ele pegou o seu notebook e começou a pesquisar informações sobre o trânsito na região e criou um plano para causar um congestionamento bloqueando algumas vias em direção à igreja usando apenas alguns códigos alterando o planejamento do centro de operações. Para que assim Gael e o seus pais demorassem o máximo possível para chegar. O horário indicado era as 19h. E faltavam apenas uma hora para o Éden chegar no local.

Paróquia Imaculada Conceição de Botafogo, ás 18:50.

Mesmo com toda a dificuldade para chegar, o Éden estava com o Citröen vermelho estacionado na outra rua que era possível enxergar à entrada da igreja. Alguns minutos depois da explosão do ônibus 325 eles receberam as instruções para o próximo ataque que seria na Paróquia, e que deveria eliminar um garoto de óculos de grau e cabelos enrolados. E o mais importante que está missão era de exigência máxima.

— Sério, eu não sei qual é a importância que tem esse merdinha para o instrutor. — Dizia o Boltér entediado de ficar dentro do carro.

Pablo observava com atenção a movimentação do lado de fora da igreja sem dizer uma só palavra. E o Erick estava verificando as armas que seriam utilizadas. Algumas pessoas estavam entrando na Paroquia, mas nenhum deles dentro do carro conseguiu enxergar esse tal garoto. O relógio marcou 19h.

— Pegue as suas máscaras e vamos. — Disse o Pablo colocando a máscara de palhaço. Boltér fez o mesmo com o coelho, e o Erick com o cavalo.

Eles saíram do carro juntos, e esta seria uma missão rápida. Entrar na igreja e atirar em todos que estão ali dentro, e principalmente no Gael. Pablo estava na frente portando uma submetralhadora, Erick e Boltér estavam atrás dele com uma M4A1. E algumas poucas pessoas ao redor que olharam para os mascarados se assustaram e foram se afastando acreditando que seriam assaltadas. Quando eles chegaram próximo à entrada algo inesperado aconteceu. Houve vários disparos para o alto dando para ouvir do lado de fora da igreja, e todos que estavam dentro da Paróquia começarão a correr em pânico para fora. Os três olharam perplexos para todas aquelas pessoas surgindo do nada na frente deles. Era uma gritaria e vários empurrões todos tentando salvar a sua pele. Pablo tentou olhar para ver quem estava usando uma arma de fogo, mas não conseguiu. Os três decidiram recuar, pois eram muita gente correndo em direção a eles. Quando eles estavam retornando para o Citröen vermelho um Sedan preto estava saindo por detrás da igreja. A janela onde fica o motorista estava aberta, e um homem estava usando uma máscara de gás. "Nicolas!" Pablo sussurrou fechando os punhos com toda a força. O que Pablo estava calculando finalmente ele conseguiu chegar a um resultado que fazia algum sentido. Nicolas estava protegendo aquele garoto. E agora pela primeira vez na história do Éden uma instrução não foi concluída.