Eu apenas queria um pouco de paz.
Mas, a vida costuma ter o poder de nos pregar peças.
Depois de uma missão conturbada e um relacionamento meio complicado, respirar ares diferentes me pareceu saudável e a coisa certa a se fazer. Apesar dos meus poucos vinte e sete anos fui obrigado a amadurecer rápido. Principalmente quando tomei como meta ser um bom marinheiro. O mar e a vida me ensinaram coisas que nunca vou esquecer.
Porém, dentre todas as coisas que aprendi, nenhuma foi relacionada a "como lidar com uma mulher como Joyce Ribeiro". Se eu pelo menos suspeitasse que aquele tombo dela me renderia confusão, risadas... E mudanças, talvez, só talvez... Tivesse a rejeitado.
No entanto, graças a Deus, eu não sabia.
Nas poucas vezes que a despachei, não reparei muito em sua aparência.
Só em, obviamente, sua estrutura... Avantajada.
Em suma, ela se vestia estupidamente bem e, em plena às sete da manhã, estava com uma maquiagem digna de uma modelo. O que me fez pensar que só poderia ser mais uma dessas dondocas de nariz empinado. Já que, mesmo sendo simpática com todos, mal prestava atenção nas coisas, só segurava o celular e digitava.
Até aquela queda.
Confesso que a vontade de rir foi maior que o impulso de ajuda-la e acabou me vencendo. Não foi delicado rir da cara dela. Eu não sabia ao certo o que havia a distraído, mas sabia que tinha de ser uma coisa realmente impactante. O garoto imaturo que ainda habita em mim resolveu aparecer e não poupei gracinhas.
Bem, eu só não esperava que ela aparecesse no dia seguinte.
Com um perfume maravilhoso e uma cara de mau, tentando de maneira óbvia, apagar a primeira impressão de antes, a de estabanada. Agindo como se eu não soubesse que a desculpa de "eu-quero-o-queijo-em-cubos" era para passar mais tempo ali, comigo.
E, seguindo a série de iniciativas, ela me achou no Facebook, trocamos números e conversamos. Ou melhor, tentávamos. Muitas das vezes eu estava ocupado, ajudando o Vítor, o meu tio, fazendo o meu próprio trabalho ou, respondendo outras pessoas, até porque não existia apenas ela. Já a Joyce, parecia um pouco... Carente por atenção. Reclamava com a minha demora, respondia rapidamente e se irritava fácil.
Aparecia todo santo dia para me ver, exibia um sorriso e saía.
Criamos uma rotina.
Quer dizer, até ela quebra-la completamente.
Três mensagens chegaram e eu pensei ser apenas mais dos inúmeros áudios dela, porém, assim que abri, segurei meu queixo no lugar e tentei ser o mais cavalheiro possível. Mas não dava. Eu a queria.
Os fios castanhos caiam sob uma camiseta azul e ela olhava para câmera. Um olhar cheio de promessas. As mãos estavam apoiadas no criado mudo e uma das melhores bundas que vi na vida, empinadas, com uma calcinha preta — que não poderia ser chamada de fio dental, pois era bem mais fina — delineando-a.
Minha visão nublou e outra parte do meu corpo se manifestou. Respirei fundo, tentando buscar controle, afinal, eu mal a conhecia. Mas, meus dedos se moveram sozinhos contra o teclado, expressando tudo o que eu meu instinto queria dizer naquele momento.
Que, naquela posição, eu a pegaria.
Entretanto, quando desci o dedo sob a janela da conversa, o ar sumiu.
Essa era contra luz.
E não havia nada a cobrindo.
A primeira coisa que notei foi a deliciosa e redonda bunda que, apesar de vê-la quase todo santo dia, não diria que estava escondida por baixo daquelas roupas. Ela tinha dobrinhas e uma bela curva contornando a cintura. O contorno dos seios aparecia de leve e deixava muito para imaginação trabalhar.
Algumas estrias reluziam contra a possível luz foto, mas não liguei. Eram sinais da autenticidade dela. Como um mapa. Quase um novo tipo de "braile". E, com certeza, eu gostaria de lê-lo e escorregar meus dedos sob aquela pele morena.
Em seguida, Joyce, — comicamente, que conste — pareceu se dar conta do quê fez. Se arrependendo e mandando eu me esquecer das fotos.
Porém, o problema é que não tinha como esquecer aquela bunda.
Aquele olhar...
Então, fui sincero.
Disse-lhe um belo não.
E tentei controlar todo desejo. Estava trabalhando e precisava me manter são. Respirei diversas vezes e me tranquilizei. Exclui as fotos, só para não me trair e acabar vendo-as novamente e tentei entender o porquê daquilo.
Ela mal me conhecia!
Ou é muito safada...
Ou não tem nenhum pingo de vergonha na cara...
Não dá.
Ela é muito safada.
É a única explicação plausível.
Esse tipo de foto é pedida e nós sequer conversamos sobre algo mais... Quente.
Não por falta de tentativa dela, mas por as minhas esquivas talentosas do assunto.
Não me levem a mal... Isso não é nenhum joguinho psicológico para deixa-la louca por mim. Eu só acho que algumas coisas deve ser mantidas só para nós. Mesmo tendo gostado do que vi nas imagens, eu... Não conseguia chegar àquele nível de gosto pelo sexo.
Eu sou mais reservado. Gosto da discrição e bem seletivo em relação às mulheres com quem durmo ou namoro. Tanto que a última foi uma velha amiga... Que bem, acabou me usando. E não de um jeito bom. Em resumo, eu era o seu estepe e cai fora assim que percebi. Não era saudável.
Ai, quando peço por um pouco de tranquilidade, uma maluca cai na minha frente e ainda é mordida por que não enxergou o coitado gatinho comendo.
O trajeto do meu destino tinha sido mudado totalmente.
Esse era o meu pensamento quando uma Joyce, numa versão de pijama, cabelo molhado, sem um pingo de maquiagem e com uma cara nada boa. Lá vem.
— O que deseja, senhora? — Resolvi cutucar a onça com vara curta.
Má ideia.
Ela pestanejou algumas vezes, exibindo um pequeno sorrisinho sem vergonha.
— Quatrocentos gramas de presunto e, ah... Você.
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O Sabor Dos Seus Lábios - As Whiter's
RandomASSIM COMO MAR CALMO NUNCA FEZ BOM MARINHEIRO, SÃO OS INVESTIMENTOS DE RISCO QUE FAZEM OS EMPRESÁRIOS DE SUCESSO. O que uma mulher bem sucedida que venceu vários preconceitos por ser jovem e acima do peso, conseguindo chegar ao cargo de Supe...