CINQUENTA E SEIS

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  Eu havia deixado o Fragoso dormindo, até porquê, enquanto eu descansei durante dois dias, ele estava lá, me esperando acordar e terrivelmente preocupado. Ele não queria ir dormir, dizendo que teria sonhos com uma garotinha com meus olhos e cheia de namorados. 

Mas no fim, o cansaço venceu.

  — Você sabe que eu não sou nada sua! — ouvi Eva rosnar no corredor perto do almoxarifado. — Sabe muito bem o que eu quero de você, então... Saia da minha maldita sala e me deixe em paz! — murmurou, rindo de forma exagerada. — Antes de viajar eu fui me despedir e o que eu encontro? Aquela vadia ruiva no seu colo e você muito animado! Então, vá se foder, Rafael!  Se eu confiei em você, isso foi em um passado bem distante. Foi um erro aceitar esse emprego. — a escutei soltar o ar com toda força e o barulho de algo sendo arremessado me fez pensar se eu não deveria dar outro celular á ela. 

—  Eva? —  chamei, dando de cara com a minha xerox com nariz vermelho e o rosto molhado. Ainda sem permissão, apenas entrei no lugar, fechando a porta em seguida. — Você está bem? 

Ela balançou a cabeça. 

  — Só estou arrependida de ter me deixado levar por um sentimento besta e não esquecido de ser pragmática em relação àquele homem. — suspirou, passando a mão no rosto, me lançando um olhar antes. — Você tem algum maluquice esquisita? — perguntou, mudando de assunto do nada.

Eu dei de ombros, tentando não contrariá-la.

  — Eu... —  tentei pensar em algo. — Eu sou bem maluca, na verdade. Converso com meu cachorro, passei anos estudando sobre sexo sem nem ter feito, tenho uns surtos de carência... — apontei. — Os meus pais adotivos eram super protetores e eu ambiciosa, o que resultou em mim, perdendo a virgindade e dando meu primeiro beijo com vinte e sete anos. — ergui a sobrancelha.

Eva assoviou, rindo alto.

Pelo menos eu a fiz rir. 

  — Quer dizer que minha irmã era pura? 

Foi minha vez de rir.

— Fisicamente, já mentalmente... — rimos. 

—  Eu perguntei... —  respirou fundo, como se tomasse coragem. —  Porque tenho umas crises de pânico, como se tivesse presenciado algo pesado... — se sentou em uma maca que estava jogada no canto da sala. — Foi assim que conheci o Rafael.— parei um pouco pra relacionar os nomes e e ouvi rir. — Sim, é o irmão do Samuel. Não me pergunte como as coisas entre nós sempre acabam entre família. 

— É por isso que está na Luxus? 

Ela suspirou, negando.

— Não, mas a verdade é uma longa e perigosa história, você acabou de sair de um sequestro, não vou te meter nisso.  Eu fui treinada pelo Keller antes da Emma. — falou. — Sei me cuidar. — piscou. 

Suspirei, olhando-a com tédio, não era nenhuma burra, sabia bem o que aquilo queria dizer.

— Você está investigando o sumiço do seu pai e irmão.

Eva me olhou.

Nosso pai e nosso irmão. — era inegável a nossa semelhança, se não fosse alguns pequenos traços e os olhos claros da Eva, poderia dizer que éramos a mesma pessoa. — Também foi difícil para mim, mas Antony conseguiu me achar e a mãe da Emmy me criou no exterior, ficando bem longe da filha... Enfim, como trocaram seu sobrenome e te mandaram para cá, pensávamos que, infelizmente, tivesse sumido junto com eles. 

O Sabor Dos Seus Lábios - As Whiter'sOnde histórias criam vida. Descubra agora