VINTE E CINCO

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   — Sai de cima, Guilherme! Eu estou bem! —  resmunguei, tentando empurrar o Fragoso preocupado e um Nick achando que estávamos brincando. — AH! VOCÊS DOIS! — grunhi, bufando. Guilherme não arredou o pé e meu cachorro só latiu, colocando a língua pra fora.

   Meu pé estava dolorido, mas eu tinha certeza que não era uma torção. Só dei um "jeito", como minha vó diz. Devo ter caído em cima dele na hora da fuga para evitar aquele maluco que o Marcel resolveu mostrar que tinha pegada, me dando um beijo digno de uma novela mexicana. Porém, daqui que eu explicasse a parte do "não-senti-absolutamente-nada-e-já-estou-muito-encrencada-com-você-para-me-meter-com-outro", ele já teria ido tentar quebrar a cara do sargento lá e voltado de maca, direto para o hospital. 

   — Não saio daqui enquanto você não se deitar e colocar esse pé pra cima! — disse, de modo resoluto. Suspirei, querendo dar um beliscão naqueles bíceps, mas só fiz o famoso ouvido de mercador e respirei fundo antes de levantar devagar. 

   No princípio, latejou um pouco e eu resolvi apoiar o peso no outro pé. Já ia começar a mancar até a porta do quarto quando senti os braços do Fragoso me arrodearem e suspender as minh... 

  — Guilherme! Me põe no chão! — ralhei, mas na verdade, eu gostei. Só não sabia como ele estava me aguentando. — Vai ficar com dor. Depois não diga que eu não avisei. — resmunguei. Queria saber realmente como ele estava conseguindo não chorar enquanto me carregava... 

    Uma risada escapou e assim que o Fragoso descansou meu corpo no sofá, eu o encarei. Os olhos claros estavam repuxados e as covinhas apareciam. Ele estava quase chorando de rir. 

   — Você não é tão pesada quanto acha, Joyce.

   — Sou sim.

   — Eu te ergueria e te foderia em pé durante quantas horas os nossos orgasmos nos permitissem. —  me engasguei, surpreendida com a declaração erótica antes do meio dia. — O que foi? Ah, Ribeiro, você nunca foi uma garota recatada! Nem começa com essa ceninha! — apontou, indo para a cozinha. 

    Arregalei os olhos teatralmente, mas, na verdade, eu queria rir. 

  — Eu sou uma virgem, recatada e que está muito ofendida com a sua declaração, senhor. 

   Guilherme derrubou alguns talheres, morrendo de rir. 

   — Isso não cola mais, meu doce. — jogou uma maçã e ela quase acertou a minha cara. — Foi sem querer! — correu até mim, verificando se fez algum estrago. 

    — Isso foi uma tentativa de homicídio?! — chiei. 

   — Nunca ouvi nenhum caso de morte por ser atingida por uma maçã... — enrugou a testa e cruzou os braços. — Para de drama. — roubou a fruta da minha mão, olhando para mim antes de colar seus lábios devagar e fincar os dentes de uma forma tão sexy que eu sequer conseguia parar de olhar. 

   Pigarreei. 

   — Ok. Essa foi a manhã mais erótica da minha vida em todos esses anos — comentei, me ajeitando no sofá — Costumo assistir Netflix e agora tenho Guilherme Fragoso tentando me levar para cama com uma demonstração de "como-sou-estupidamente-gostoso-comendo-uma-maçã". 

   Ele riu, se aconchegando atrás das minhas pernas, não tinha percebido, mas Guilherme havia colocado ração e água para o Nick, que —  preguiçoso como sempre —  se deitou enquanto comia a enorme panela de ração.  

    — Sabe... — suspirei. —  Eu não quero me casar.

   Guilherme também soltou o ar e eu aproveitei para pegar a maçã de sua mão. 

O Sabor Dos Seus Lábios - As Whiter'sOnde histórias criam vida. Descubra agora