VINTE E OITO

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   Se alguém me dissesse que eu, Joyce Ribeiro, estaria na área mais nobre da cidade, no apartamento do herdeiro do Imperium, fugindo das investidas e tentativas dele de casar comigo, diria para essa pessoa não ficar doidona sozinha e me dar um pouco da coisa que ela estava fumando.

   Como eu já falei antes, a cobertura do Guilherme é maravilhosa — não a dele literalmente, me refiro ao local onde ele mora, até porquê se esse homem já é maravilhoso "sem cobertura", imagina com um chocolatezinho por cima? — as janelas/paredes, a cor clara dando uma luminosidade singular a todo o ambiente. 

   Não era nada obscuro ou sóbrio demais. Todas as coisas ali beiravam da casualidade ao extrovertido. Os quadros de estilo cubista, coloridos até dizer basta. A cozinha oposta a minha, grande, mas um pouco desorganizada, como se fosse muito utilizada... O lugar em si gritava a personalidade maluca do dono. 

   Porém, o que me encantou foi o "terraço", uma pseudo varanda enorme — e muito bem protegida —,  era o tipo de canto que, ao olhar, você se sente no topo do mundo. 

   Dava para ver do shopping a... Padaria

   E, falando em padaria, eu sei que fui grossa com o Marcel... 

   No entanto, as fotos que mandei, as mensagens que trocamos, as pequenas provocações, o verdadeiro beijo na padaria e que não me tocou muito... Tudo deixava minha cabeça mais cheia e confusa do que já é. Me deixando sem saber para onde correr ou o que sequer pensar. Argh! 

   O Guilherme sozinho já me arranja muitos problemas, não preciso de outro para ornamentar essa situação com confusões. Foi melhor assim. 

  — Aqui é lindo. — murmurei, deixando o vento bater forte e ricochetear o meu cabelo contra o rosto. 

  — Você tinha dinheiro o suficiente para comprar dois desse, porque não o fez? — virei, para fitá-lo já trocado de roupa, a bermuda leve mostrava claramente a falta de uma boxer ali e a camiseta velha não deixava nada a desejar a imaginação. 

— Porque comprei uma bela e enorme casa para a minha família, ajudei minha tia a fazer um bom mestrado, pago algumas viagens para minha avó e ajudo minha mãe, sempre que possível. Sem falar das minhas doações mensais aos institutos e investimentos que eu mesma aplico nos projetos sociais. Não preciso de um apartamento maior para ostentar, eu e o Nick somos bem felizes naquele de onde fui arrastada. — expliquei, revirando os olhos, sentindo o vento de um sábado nublado e meio frio me fazer bocejar. 

Fragoso estava boquiaberto. 

  — Inacreditável. 

Franzi o cenho.

— O que é, criatura? — resmunguei.

Ele menou a cabeça.

— Você consegue ficar ainda mais perfeita... 

Bufei. 

— Não começa — minhas orelhas esquentaram um pouco e podia sentir a região das bochechas também. Graças a minha pele morena, eu não ficava corada, se não já estaria mais vermelha do quê um tomate maduro — São dois meses. 

—  Achei que tinha escutado três... 

Comecei a rir. 

  — Na segunda semana, você vai desistir.  

     — Não vou.

     — Eu sou insuportável.

      —  É sim — ele afirmou, balançando a cabeça — Insuportavelmente gostosa. Onde aprendeu a fazer aquilo do elevador? — perguntou e eu resolvi entrar, vendo o Nick correr de um lado para o outro no corredor, resmungando com o próprio reflexo. 

    — Com a vida. — tentei usar um tom sábio.

    Ele ergueu as sobrancelhas. 

   —  Pornô? 

   Soltei uma risadinha, aquiescendo e ele me acompanhou.

   — E dos bons.  

Guilherme se joga no sofá e eu o encaro durante alguns segundos. 

  — Está preparado para conviver comigo durante sessenta dias? 

  — Eu nasci pronto, meu doce. 

O Sabor Dos Seus Lábios - As Whiter'sOnde histórias criam vida. Descubra agora