OITO

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   — Eu sei que você me quer.

   — Mas...

   Pousei os dedos sob os lábios dele, aquela proximidade toda a fazia minha mão gelar e meus dedos tremerem. Porém, isso não me faria perder o foco do quê realmente queria. 

   — Shhh... Não fala nada, não aguento mais te escutar dar desculpas esfarrapadas mesmo eu vendo nos teus olhos que me quer... — Ele meneou a cabeça enquanto me ouvia falar, fechando os olhos com força. — Por favor, só me diga...

   — Eu te quero, Joy... — Marcel disse e, em um impulso, suas mãos foram até minha nuca, puxando-me para um beij...

   Uma luz forte tomou todo meu campo de vista e eu me remexi, sentindo que estava deitada em uma superfície macia lisa e calmamente, tentei abrir os olhos, constatando que isso tudo não passou de um sonho... 

   Era óbvio que seria apenas um sonho.

   Irreal e só algo que a minha bela imaginação fértil poderia criar. 

   Apesar de ter acabado de acordar, me sentia mais cansada que o normal. Bocejando, sentei-me preguiçosamente na cama, puxando o celular para ver a hora e arregalando os olhos assim que olhei.

   Eu tinha dormido quase metade do dia! 

   Será que foram as três aspirinas? 

   Bufei, irritada. 

   Com esse drama acabei perdendo a hora do trabalho! Que droga!

   Deslizei a mão pelo colchão, mas não foi meu lençol que senti sob meus dedos. 

   Nick me encarava com os olhos azuis bem atentos, chorando baixinho. 

   — Oi, garotão... — pousou a enorme cabeça no meu colo, enquanto eu o acarinhava. As patinhas roçavam na minha coxa e eu sorri com todo aquele amor.  Era nesses momentos que eu não me sentia tão sozinha. — Mamãe está bem, ok? Só acabou dormindo mais que o normal... — completei, fitando a janela. 

   Eu sempre tive um enorme problema com a palavra "não".  No lugar de me frear, ela sempre conseguia me incentivar mais ainda. Como se colocasse lenha em uma fogueira intensa e maluca. Ontem, ao notar a preocupação e o modo com que ele havia me olhado, eu senti — não me perguntem como — que aquela negação era puro medo... Talvez? 

   Ele poderia estar com medo do quê poderia acontecer? 

   Ou eu simplesmente não fazia o seu tipo? 

   Eram questionamentos tão adversos, mas eu mantinha, nisso tudo, apenas uma certeza: 

   Eu não iria desistir. 

   Entrei nessa de cabeça e... Ah, céus... Só Deus é capaz de saber o quanto eu o quero!  Marcel conseguiu puxar uma alavanca esquisita dentro de mim e, infelizmente (ou felizmente) ela travou e eu não consigo colocá-la no seu devido lugar. 

   Pensando nisso, praticamente corri até o banheiro para tomar um banho. 

   Eu não queria ficar assim com ele. 

   Fazia muito tempo desde que alguém me fizera sentir desse jeito. Não iria desperdiçar isso com charminho ou raiva. A insistência é mãe e a facilitadora dos desejos realizados. Se eu pressionar só mais um pouco, com certeza, Marcel cederia.

   As ideias voavam na minha mente e, quando sai do chuveiro, não escolhi a melhor e mais linda roupa do meu closet, mas sim, apenas um short surrado e uma camiseta antiga. Meu perfume estava lá e os fios escovados de ontem, não me dei trabalho de arrumá-los, apenas soltei-os e joguei para um lado. 

O Sabor Dos Seus Lábios - As Whiter'sOnde histórias criam vida. Descubra agora