QUINZE

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   Eu tinha beijado o Guilherme, nós não tínhamos avançado por quê ele foi o racional e parou, mas mesmo assim, Marcel e toda dificuldade em consegui-lo me intrigavam. Talvez eu não soubesse, no entanto, aquele dia seria um ponto decisivo em toda a minha medíocre história.

—  Você convidou todos os funcionários para festa beneficente? — Fragoso se entalou com o café expresso que havia comprado antes de entrarmos no elevador. — Enlouqueceu? — Arregalou os olhos. 

   Dei de ombros.

   — Eles merecem um incentivo. Trabalham muito e a única coisa que têm são uns happy hours mixurucas no meio da semana.  

   — Esse tipo de coisa tem que passar pela minha aprovação antes de ser berrada aos quatro ventos!

   — Não fique chateado, sua aprovação sobre esse tipo de coisa não é muito relevante. Você acha que o trabalho braçal é feito por robôs computadorizados? Eles são pessoas. E pessoas precisam de diversão para se sentirem motivados. — resmunguei, já levantando um pouco o tom da minha voz. — E se tiver preocupado com os gastos, desconte do meu salár...

   O elevador deu um solavanco, assim como o meu estômago, rim... Será que eu ainda tô viva? 

    — Primeiramente... — ele se aproximou e eu vi que a sua mão descansava no botão de parada emergencial. Revirei os olhos. — Eu não vou fazer nada e... Segundo, já te disse que você irresistível quando está brava? 

   Sorri torto, me aproximando antes que o Guilherme e pressionando a minha mão contra o abdômen rígido. Ele, por sua vez, lambeu os lábios, sem conseguir esconder o sorriso. 

   — E também já disseram que eu sou uma garota que costuma deixar homens na mão — sussurrei, batendo no botão ao lado dele e voltando ao meu lugar como se nada tivesse acontecido. E não tinha.

— Joyce Ribeiro!

Ri.

Nome bonito, não é? — pisquei, dando graças a Deus quando o elevador parou no andar e eu desci gargalhando sob os protestos do Fragoso. 

--

    

    A boa parte de estarmos nas vésperas de um evento grande, era que o Guilherme nunca me deixaria organizar coisas que envolvessem pessoas de nariz em pé. Porque, talvez, eu sempre arranje uma maneira de alfinetá-los com algo. O que significa que o "meu doce" está empaturrado de trabalho até a testa, só tendo tempo para me dar um breve "tchau" e voltar a se enfurnar na sala. 

   A ansiedade estava me corroendo pouco a pouco, eu sabia que tinha combinado com o Marcel após o expediente dele e também não duvidava que ele viria, só que foi algo decidido na impulsividade. Ele me desperta reações interessantes, me deixa constrangida e aflora dois lados meus, principalmente o mais propício a se foder no final.

Passei o tempo dando uma olhada em alguns documentos e orçamentos estimados para o mês seguinte, já estava quase cochilando quando a campainha tocou. Meu coração bipou com ela, batendo forte e rápido.

Estranhei, pousando a mão sob o peito. 

Abri a porta devagar, sorrindo ao ver os ombros largos e adornados por uma cor que eu viria a descobrir que realmente se encaixava bem nele, o azul. 

  — Você veio! Achei que tinha dito aquilo só para não me dar um fora — sorri e vi algumas sacolas na mão dele. — O que é isso? — perguntei, tentando não me concentrar tanto no verde vivo daqueles olhos.

O Sabor Dos Seus Lábios - As Whiter'sOnde histórias criam vida. Descubra agora