Com a cabeça cheia, a única coisa que me restou foi ir à pequena e luxuosa copa procurar algo interessante para comer, ou ligar para o pessoal da praça de alimentação trazer algo para mim. Não sei vocês, mas, há alguns momentos que apenas uma lasanha conseguiria aliviar a tensão e me fazer esquecer as coisas.
— Nossa conversa realmente te afetou, você quase nunca vem à copa, sempre pede para a Beth pedir algo e levar direto para sua sala... — Guilherme gracejou, entrando sem qualquer cerimônia. Óbvio ele é o dono. — Deixa eu adivinhar... Lasanha? — ofereceu um sorrisinho.
Filho de uma maldita progenitora.
Tentei a todo custo ignorar a presença dele e seguir para a minha sala, entretanto, ele me seguiu, calmamente, como se tivesse decidido tirar o dia para me irritar.
Minha vaga experiência em pesquisas, livros e filmes mostrava claramente a verdade:
Ele estava realmente sentindo algo por mim.
O problema é que eu não sei como me sentir em relação à isso.
Estava me distraindo com a dificuldade de ter o Marcel, do joguinho, de toda emoção do desconhecido e de "navegar por mares proibidos"... Mas, nunca imaginei que essa coisa do Guilherme voltaria a tona com tanta... Intensidade.
Tudo que ele falou foi verdade.
Quando entrei aqui, além de gorda, a minha realidade era bem diferente. Uma garota pobre, tentando arranjar espaço e juntar dinheiro para financiar sua faculdade. Assim que meus olhos bateram nos daquela criatura, jurei que ele não poderia ser real. O jovem Guilherme tinha um sorriso de canto malicioso e olhar felino. Sem nem mencionar a pose de dono do mundo.
Eu não podia vê-lo, suava, meu coração batia rápido. Estava apaixonada.
Porém, o tempo foi passando e, ele nunca me olhou de forma torta — por conta do meu peso — e também nunca sequer me fitou com olhos de desejo. E o pai dele nos matava de vergonha com as insinuações. Até tudo mudar e as coisas virarem, eu cuidava dele. Éramos uma dupla.
Eu, apesar de ser pura fisicamente, sou a malícia em pessoa. E ter aquele homem por perto, exalando sexo pelos poros e me tentando com seu perfume era demais, tanto que comecei a jogar as mesmas cartas.
No entanto, desisti.
Tive medo.
E, bem, isso rende até hoje.
— Não fala que está apaixonado por mim. — murmurei assim que ele fechou a porta de vidro, ainda estava de costas, as mãos apoiadas na mesa e tentando respirar fundo para lidar com essa situação de maneira madura e coerente. Mesmo que a minha vontade seja berrar de indecisão.
— Não estou apaixonado por você... — zombou, podia ouvir o som das pequenas persianas fechando, deixando a sala um pouco mais escurecida e totalmente privada. Queria sair daquela posição e abrir todas, esbravejando que "isso é demais e que podem pensar algo errado sobre nós". Mas estava fixada naquele lugar. Os passos se tornaram mais próximos e eu pude sentir a proximidade, a respiração dele atrás de mim. Minha orelha foi atingida por um sopro de hálito quente que me fez ficar arrepiada até o dedo midinho. — Quer que eu repita? Agora, lembre-se que isso é mentira. — sussurrou, um tom de voz mais grave e quase denso. — Eu nunca negaria o que sinto por você, Joyce.
Inspirei fundo, tentando tomar controle das minhas faculdades mentais.
Coitadas, elas arrumaram as malas e foram embora depois dessa.
— Guilherme...
— Eu não sou ele, meu doce. Eu não preciso que você tenha atitude, que corra atrás de mim ou implore pela minha atenção. Só percebi que te queria quando te vi se interessar por outro, foi imaturo da minha parte, eu sei. — ele não falava normalmente, era quase uma melodia persuasiva. Um encantador, domando a sua fera passo a passo.
E estava funcionando tanto que me virei.
E quase mudei de ideia na mesma hora.
Sabe quando o homem é bonito... Mais é com força mesmo?
Então.
Maxilar quadrado, os olhos de um tigre mirando sua presa em potencial, o pequeno meio sorriso se formando nos lábios avermelhados...
— Você está me analisando daquele jeito psicopata que faz quando acha algum homem bonito demais para ser verdade. — novamente, ele falou dez quilos e eu só conseguir perceber o movimento daquela boca maravilhosa.
Guilherme deu mais um passo e essa coisa chamada "espaço" já não existia mais entre nós.
— Agora é a hora que você fecha os olhos, sentindo meu perfume e lembrando das vezes que fantasiou comigo... — a própria voz dele estava se tornando um cântico estupidamente erótico demais para se ouvir as cinco da tarde. — Quando suas mãos escorreram por seu corpo e pensou em mim, gemeu para mim, gozou, revirando seus olhos enquanto seus lábios pronunciavam meu nome... — a mão dele subiu sem nenhuma vergonha sob a minha coxa, subindo a saia lápis o suficiente para ver uma pequena surpresa. — Aí depois você me diz que é inocente... Ah, Joyce... O que eu faço com você, hein? — negou, aproximando nossos rostos e enlaçando o dedo na pequena cinta-liga, estalando-a maliciosamente.
Ok.
É costume meu usar lingeries assim.
Só para dar uma inflada no ego e me sentir sexy.
Não ia adivinhar que meu "chefe/amigo" iria subir a minha saia enquanto sussurra palavras que estão quase me fazendo agarrá-lo pelo cabelo e tasca-lhe um beijo na boca.
— Me beija — supliquei, deixando escapar um pequeno suspirar.
Ele ergueu uma sobrancelha, aproximando nossos lábios.
Eu podia sentir a tensão do momento se espalhar, as mãos dele arrodearem a minha cintura e pressionar gentilmente nossos corpos, um contra o outro. Eu estava quente. Em todos os lugares imagináveis e inimagináveis também.
Devagar, quase em câmera lenta, nossos lábios se roçaram, fazendo uma corrente elétrica passar rapidamente pelo meu corpo e fechar os olhos de imediato.
Guilherme pressionou os lábios.
No canto da minha boca.
Enruguei a testa, abrindo os olhos e dando de cara com um sorrisinho torto.
— Não vou fazer isso agora, doce. — passou o indicador pelos meus lábios, enquanto lambia os próprios. — Por mais que seja tentador te fazer minha aqui, nessa mesa que você tanto venera, no escritório que guarda boa parte da nossa história, eu não vou.
Depois a pessoa leva um chute no playground e não sabe o porquê.
— Não acredito que fez isso, Fragoso. — ralhei, tentando não me altera muito.
Ele riu baixinho, acariciando minha bochecha.
— Prove um pouco do seu magnífico veneno, Joyce. — piscou. — E decida-se, não que eu tenha medo da concorrência, mas porque quando eu te pegar, não vou largar nem tão cedo. — sorriu, mandando um beijinho e deixando a sala novamente.
Isso já está virando mania!
Cai sentada na enorme poltrona, fitando a maravilhosa vista da janela.
E agora? O que fazer depois de um Senhor ultimato desses?
Me decidir?!
O marinheiro difícil ou o empresário sexy?

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O Sabor Dos Seus Lábios - As Whiter's
AcakASSIM COMO MAR CALMO NUNCA FEZ BOM MARINHEIRO, SÃO OS INVESTIMENTOS DE RISCO QUE FAZEM OS EMPRESÁRIOS DE SUCESSO. O que uma mulher bem sucedida que venceu vários preconceitos por ser jovem e acima do peso, conseguindo chegar ao cargo de Supe...