Capítulo Setenta - Sim, Débora!

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Débora

O clima na mesa de jantar estava tenso, o que não é habitual enquanto eu estou.
Apenas os olhares é que vagueiam aqui nessa mesa.

A comida servida nessa mesa é diferente, não chegando nem nos pés da comida que a Martha fazia.

Sinto tanto a falta dela, não só na cozinha, como em tudo. Em todos os anos que eu vivi nessa casa, a Martha sempre estava comigo, em todos os momentos, sejam de alegria, ou tristeza, ela nunca me abandonava.

- Com licença pai. Eu vou a cozinha. Falo me levantando da mesa

- Eu vou com você! Diz o Daniel se levantando também

- Daniel eu preciso conversar com você. Meu pai fala sério

- Pode ir Daniel, eu procuro sozinha. Digo após o Daniel ter me encarado

- Tudo bem. Se dirige ao escritório junto com o meu pai

Me distancio da sala de jantar em direção à ala dos empregados.
Passo da cozinha encontrando uma mulher de alto porte e uma outra mais velha que ela, uniformizada. A mais velha que ela me parecia ser a nova cozinheira contratada pela minha mãe e à de alto porte, não me parece ser cozinheira, nem nenhuma empregada, me parece ser uma instrutora de cozinha que minha mãe também contratou. Já que ela apenas come comida "lite ", sem gosto.

- Débora! Me viro no corredor aos quartos dos empregados para encarar o dono da voz que me chama

- Reges! Falo admirada em vê - lo abraçando - o forte, me sentindo acolhida nos braços dele

- Que saudades eu senti de você, querida!
Você está bem? Indaga preocupado revirando meu corpo pra ver um defeito em mim. Essa atitude me lembrou a Martha que sempre fazia isso, quando eu não dava notícias e demorava voltar para casa

- Eu estou bem sim! Sorrio o encarando
- Mas onde você estava Reges, desde aquele triste dia que eu não te vi mais.

- Eu fiquei fora por tempo, pra relaxar minha mente e tentar ter foco na minha vida. Eu acabo de chegar aqui.

Entramos juntos no quarto da Martha depois de eu ter - lhe contado o que vinha fazer aqui.
A emoção toma conta de mim, depois de ver o quarto bem arrumado do jeito que estava antes daquele dia trágico da sua morte.

Abro nos armários, gavetas não encontrando nada interessante. Suas roupas não estão mais aqui, suas coisas também não. Alguém deve ter entrado só pra pegar o que na verdade eu estou procurando. Percebo que revistei tudo aqui sozinha enquanto o Reges já tinha saído daqui.

- Débora pode parar de fazer isso? Diz tranquilo

- Eu não posso fazer isso! Eu prometi à Martha e vou cumprir. Ela deve ter guardado alguma informação aqui. Digo de olhos encravados nos livros e revistas que folheio rapidamente

- Para de fazer isso e me escuta! Levanta a sua voz pesada me deixando assustada

- A gente precisa conversar...
Sente - se que o assunto é sério. Sento - me na cama macia preocupada

- É o seguinte... Você deve ter percebido que eu e a Martha éramos próximos. Nós fomos casados e muito felizes, tínhamos a nossa casa e como um casal qualquer tínhamos muitos sonhos a alcança. O tempo foi passando, conheci novas pessoas que me levaram à um mal caminho de bebidas e apostas, fortes apostas que me deixaram muito viciado. O meu relacionamento com a Martha estava pior, eram apenas brigas todos os dias. Por essa razão me refugiava nisso. Minha vida era somente essa bebidas, drogas, mulheres e apostas. Minhas apostas foram longe demais e acabei perdendo todo dinheiro que eu tinha, casa, emprego e principalmente minha mulher, a Martha.
A Martha saiu da cidade e foi seguir sua vida. Depois de eu perceber que estava na miséria fui procurar ajuda numa clínica de reabilitação.
O tempo passou, já recuperado decidi ir atrás do amor da minha vida. Chegando aqui, a Martha já tinha se formado em enfermagem e já era um enfermeira muito bem qualificada. Eu acompanhava sempre os seus passos e sua vida por detrás dela. Só que num dia de trabalho qualquer, aconteceu uma coisa que mudou sua vida por completo. Duas mulheres deram entrada na maternidade ao mesmo tempo. Numa das duas mulheres estava uma conhecida e famosa mulher que lhe ajudou bastante até ela chegar naquele patamar. Nesse dia estavam poucas enfermeiras e poucos pessoais de saúde. Sendo assim, o parto foi feito uma por uma. O primeiro parto foi o mais difícil e complicado e triste de realizar, o bebé nasceu morto. Foi um pânico pra todos e principalmente pra mãe. Depois dos cuidados feitos na sala da primeira mulher, foi a vez do parto se realizar na da segunda mulher, a que a Martha tinha em consideração. O parto foi um sucesso, o bebé nasceu vivo e bem saudável, mas a mãe não resistiu às contrações e acabou desmaiando. A bebé foi retirada da sala e iniciou ali um movimento estranho, alguns enfermeiros falavam em códigos e circulavam com o bebé de forma nervosa e suspeita. A Martha não percebeu direito o que acontecia pois estava concentrada em cuidar da senhora desmaiada. Na verdade, aquele movimento estranho era a troca de bebés que ali acontecia. Ninguém percebeu direito o que aconteceu pois foi tudo muito rápido. A mulher que perdeu o bebé na verdade era a Meredith, ela não se conformou com a perda da filha e fez de tudo, pagou enfermeiros, fez tracto com médico e juntos conseguiram enganar a todos com a troca de bebés.
A outra mãe era a Leonor, que ficou destruída com a mentira e com o bebé morto que lhe foi apresentada. A Martha percebendo tudo o que havia acontecido uma vez que não podia fazer nada, como os papéis e registos já tinham sido feitos, decidiu então largar sua carreira e se entregar para ser a babá daquele bebé roubado da Leonor, a mulher que lhe ajudou muito e como consideração a ela e uma forma de agradecimento, ela veio para essa casa cuidar de você, dar todo amor e carinho que sua mãe verdadeira não pode te dar por conta da prisão.

- Eu... Eu não estou acreditando! Gaguejo com os nervos que ferviam no meu corpo

- Sim, Débora
A Meredith não é sua mãe. A sua verdadeira mãe é a Leonor!

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