Capítulo Cinquenta E Nove - Que Deus Te Tenha!

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Débora

Hoje o dia amanheceu escuro e pesado. Mas não lá fora, aqui dentro do meu peito que agora é apertado ao perceber que você partiu para sempre.

Não consigo sair do quarto, não consigo comer, muito menos viver. Mas hoje, será diferente, é o dia que me despeço do físico da Martha para sempre.

Estou acolhida nos braços da Luara, desde que a cerimónia fúnebre iniciou.

Minha mãe nem se importa com isso, nunca se importou com a Martha, por essa razão que ela nem quis participar em nada.

Meu pai está fazendo o contrário. Ele está disposto pra tal, que até cuidou de tudo sozinho, sem se importar com o valor que ele gastou para proporcionar um enterro digno. Mas ele não está presente aqui. Encontra - se numa reunião de urgência que nem me diz respeito.

Levanto minha cabeça que estava deitada nos ombros da Luara para encarar o que está em minha volta.
Várias pessoas estão aqui, desde funcionários da casa; os mais chegados da empresa; alguns amigos do meu pai; algumas pessoas que nunca as vi, mas devem ser conhecidos da Martha.

Volto a minha posição inicial, me concentrando na cerimónia.

O cemitério é vasto, com muitas campas espalhadas por todo lado.

Observo as primeiras pessoas despedindo - se e depositando flores no caixão. Não consigo conter as lágrimas.

Nunca pensei que ia enfrentar este momento, este adeus doloroso, cedo demais, depressa demais.
Parece impossível a compreensão de uma simples ideia de que jamais escutarei sua voz, jamais voltarei a ver o seu sorriso... Jamais! Como dói!

De todas as pessoas que despediam - se passam de mim e dão -me os pêsames. Não consegui corresponder a nada, apenas fico imóvel e quem responde é a Luara.

- Eu sinto muito, Débora! Levanto minha cabeça para encarar o dono da voz.
Eu sabia que era a voz do Daniel. Sua voz é inesquecível pra mim.

Vejo seu rosto que me olha abatido, com os olhos encharcados de lágrimas ao me ver.
De certeza, ele deve ter sentido à mesma coisa que sentiu quando sua mãe morreu, também ao me ver em pedaços, sem chão, com a aparência não agradável.

- Obrigada. Falo com a voz trémula e abafada. Ele foi o único que eu consegui responder

Aproximo do caixão para despedir-me do corpo da Martha.
Minhas lágrimas invadem novamente meus olhos, não consigo compreender que nunca mais irei vê - lá.

Levanto meus olhos para o céu desorientados e cegados por lágrimas, e pela primeira vez compreendo a dor que existe numa perda, o verdadeiro peso de um definitivo adeus.

- Vai em paz, minha querida Martha. Que Deus te tenha! Falo baixo depositando as flores

Sinto um alívio, depois de me despedir e pronunciar essas palavras, observando mais calma, o coveiro cobrir o caixão da Martha com areia.

Depois de todos terem saído, me dirigo calmamente, acompanhada pela Luara até à saída do cemitério.

Não há dor maior do que dizer adeus à pessoas que amamos. Nem há saudade tão eterna como aquela que nasce com o luto.



















































































Capítulo triste esse!😞😞
Não esqueçam do voto

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