Um Casamento Quase de Mentira - Livro 1

CAPÍTULO 32 - KATE

Hoje fazem duas semanas que minha mãe foi submetida a cirurgia. Desde o dia em que me ligaram informando que ela veio para o hospital, até o momento em que ela finalmente acordou do coma induzido e os médicos constataram que ela não sofreu com nenhuma sequela, sinto que passei esses dias todos no inferno. O medo que algo tivesse dado errado me consumia de modo que não consegui fazer mais nada da minha vida, a não ser ficar ao lado da minha mãe.

O dia em que Lucas e outro doutor que também estava cuidando do caso da minha mãe chamaram a mim e Iam para uma reunião a portas fechadas, algo me dizia que havia algo errado. O médico mais velho, disse que minha mãe poderia ficar com graves sequelas pós cirúrgicos, que só saberíamos quando ela acordasse do coma induzido. Eu chorei como nunca havia chorado antes. Agradeci aos céus por Iam estar comigo naquele momento. Embora continuemos sem nos falar, ele não pensou duas vezes ao largar tudo e vir para o hospital ficar ao meu lado para essa reunião. Ele me abraçou e disse que eu deveria ter fé. Que minha mãe era muito forte e tudo foi feito para que ela ficasse bem. Eu sei que são palavras que qualquer pessoa me diria para me conformar, mas eu senti algo quando Iam as disse. Senti... verdade, senti que ele tinha certeza que tudo daria certo, o que me motivou a acreditar também.

Mas fora esse momento, as coisas entre nós dois continuavam indo de mau a pior. Iam saiu do seu próprio quarto, tamanho era seu desejo de se mantar afastado de mim. Não nos falamos direito durante todo esse tempo, havia dias que sequer nos víamos. E eu devo confessar de todo o meu coração que sinto sua falta. Sinto falta de Iam pro inteiro. O Iam amigo, companheiro, cumplice, e claro, o Iam amante me fazia uma falta danada. Mas como diz minha mãe: Sempre veja um lado bom em cada situação, mesmo que seja impossível. Esse ditado até que finalmente fez sentido para mim. Embora a situação da minha mãe fosse péssima, se teve algo bom em tudo, foi que ao menos me mantive focada exclusivamente na recuperação dela, me sobrando muito pouco tempo para pensar em Iam.

Hoje precisei dar uma passada na construtora, tinha um projeto que precisava passar pela minha aprovação para dar início as obras, embora eu não estivesse com cabeça para o trabalho, não é da minha índole negligenciar o meu trabalho. Assim, fui até a empresa para cuidar desse assunto. Estava a cerca de umas duas horas revisando planilha por planilha, planta por planta, quando o telefone toca sobre a minha mesa. A recepcionista me comunica que é Lucas me ligando, e imediatamente, meu coração passa a bater acelerado. "Meu Deus que não tenha acontecido nada de ruim com a minha mãe". Orei antes de atender o telefone.

- Olá Kate, boa tarde. – Diz Lucas cordial como sempre.

- Olá Lucas. Você me ligando aqui na construtora, por Deus, me diga que está tudo bem com a minha mãe. – Digo já em disparada. Lucas dá uma pequena risada do outro lado da minha antes de começar a falar.

- Claro, desculpe ligar para o seu trabalho, devo ter te assustado. Está tudo bem com a minha paciente preferida. Mas assim que puder, você pode passar no meu consultório aqui no hospital? Tenho boas notícias. – Diz Lucas totalmente animado. Eu não estava nem perto de terminar meu trabalho, mas nada no mundo me seguraria aqui, sabendo que Lucas tem algo a me dizer a respeito da minha mãe.

- Ok, estou indo para ai imediatamente. – Digo já buscando pela minha bolsa, celular e outros pertences que estavam espalhados sobre a mesa.

- Certo, eu aguardo você por aqui então. – Ele fala antes de nos despedirmos.

Saio da construtora como um verdadeiro furacão, passo pelas pessoas sem nem ao menos me despedir, no momento a rapidez deverá ser minha aliada. Vou direto ao estacionamento e pego meu carro saindo em disparada. Eu contava chegar em mais ou menos meia hora no hospital, só que alguém poderia ter lembrado a minha cabeça avoada que aqui é Nova York, e eu estou na rua em pleno horário do rush. Fico presa no transito por mais de hora, fugindo totalmente do horário que pretendia chegar.