POV. ELLA

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Hoje está fazendo uma semana que comecei a trabalhar no Hospital Universitário. Se estou realizada?? Completamente! A experiência de passar um pouco do meu conhecimento aos residentes é surreal. Tudo estaria perfeito se eu não fosse obrigada a trabalhar com um maldito ogro prepotente e arrogante. Como nada na vida é perfeito, a não ser eu, é claro, sou obrigada a trabalhar com o doutor Lucas Jhonson. O babaca que se atravessou na minha frente quando estava chegando no hospital para a reunião de apresentação. Graças a ele estou sem meu precioso carro. E ainda por cima, o desgraçado disse que não cobrirá as despesas do concerto, dizendo que eu fui a culpada, e para piorar, me chama de destruidora de carros. Que filho da puta.

Ok, preciso ser realista. Ele é um ótimo profissional, além de ser puta gostoso. Ele tem aquela cara de que a gente fica com vontade de colocar no colo e dar carinho, e quando digo carinho, me refiro a "aqueles carinhos". Porra o homem é lindo, sabem, conheço até uma música que poderia descrever perfeitamente o ogro. É uma música velha e pouco conhecida, porém é perfeita para ele. Moreno, alto, bonito e sensual. E o resto eu não sei mais, mas apenas essa frase já fala muito sobre ele. Mas o que tem de bom médico e gato, tem em dobro de arrogância naquele corpo. E simplesmente nos odiamos. Nessa semana que trabalhamos juntos, não houve um dia em que não discutimos. Aquele babaca me acha uma pobre recém-formada inexperiente. Minhas sugestões nunca são ouvidas e minha opinião nem se quer é levada em consideração. Precisarei dobrar esse arrogante na marra. Ele não sabe, mas tudo o que eu desejo, eu consigo, apenas preciso me focar em meu objetivo que tudo acaba acontecendo.

Por um lado, acho bom todo esse ódio mútuo que o doutor ogro e eu sentimos um pelo outro, vou explicar porque. Eu estive morando em Roma nos últimos dois anos, fui para lá devido uma bolsa de estudos para um dos melhores cursos de especialização da área cardiológica que existe. Tudo devido meu excelente desempenho na graduação. Quando cheguei em Roma, tinha como certo focar toda a minha atenção em meus estudos, até um certo dia, em que minhas colegas de pós, me chamaram para tomar umas cervejas em um bar da cidade, e lá conheci Paolo, um italiano simplesmente perfeito. Daquela noite em diante não nos separamos mais, até o dia que meu curso acabou e eu anunciei que voltaria para os Estados Unidos. Tinha como certo que Paolo me acompanharia, mas isso não aconteceu, ele terminou comigo me deixando arrasada. Porra, passei quase dois anos com o boy, estava para lá de apaixonada. O tombo foi maior ainda quando duas semanas depois, o vi com uma garota que fazia parte da minha turma de pós, logo fiquei sabendo que eles estavam morando juntos, o que me levou a concluir com toda a minha inteligência, que ele já estava com ela a algum tempo, ou seja, o puto me traia.

Desse dia em diante, jurei para mim mesma que não sofreria nem sequer mais uma grama por esse filho de uma cabrita, além de espalhar aos quatro ventos o quanto o pau dele era pequeno e não sabia nem ao menos fazer uma baguncinha na cama. Ok, exagerei um pouco nessa parte, afinal, não seria louca em passar dois anos com uma pessoa que fosse ruim de cama. Tá aí uma coisa que preso muito, ficar muito bem satisfeita na cama. Gente, sexo é vida, é bom, é maravilhoso, a gozada é mais que prioridade, mas ninguém precisava saber que Paolo sabia sim fazer o trabalho bem feito. Isso se chama vingança. Mas voltando a minha trágica vida amorosa. Depois de Paolo, apenas decidi me dedicar integralmente a minha carreira. Homens? Só para ir para a cama e de preferência, nem sabendo seu nome, para que na manhã seguinte seja mais simples a despedida. Onde estiver escrito relacionamento sério, estou passando a quilômetros de distância. Não, muito obrigado. Assim é muito melhor, sem relacionamentos, sem sofrimentos.

Bem, agora que já contei para vocês sobre o resumão da minha vida, vamos voltar ao trabalho, que isso é mais importante. Hoje mais cedo, recebi um e-mail de um dos médicos, pedindo se eu poderia auxiliar os residentes do ogro, pois, ele teve um problema de família para resolver e por isso não poderá comparecer ao procedimento marcado para daqui uma hora. Mesmo eu achando que o ogro não merece, me responsabilizarei por seus residentes, afinal, sou uma médica, e a vida humana é muito maior que meus problemas com o ogro.

Estou acabando de me aprontar para adentrar a sala de cirurgia. Assim que entro no ressinto, sou examinada por cerca de sete jovens médicos, que se assustam ao me ver ali. Logo me apresento a todos e explico que seu orientador teve um problema e não pode comparecer, mas que ficarei a disposição deles para qualquer dúvida que tenham.

Assim que começamos o procedimento, tudo corre bem, dentro do normal. A paciente está ali para uma fazer uma desobstrução de uma veia cerebral, causada por um pequeno derrame. O caso não é grave, mas é necessário tal desobstrução para prevenir problemas futuros. Em determinado momento do procedimento, vejo que os garotos estão utilizando uma técnica para lá de ultrapassada. O caminho que percorrem para encontrar a obstrução além de ser maior, ainda lhe custa mais tempo. Sei que é recomendação do ogro que utilizem esse método, mas também estou ali para ensinar, não consigo deixá-los fazer o procedimento do modo mais difícil sendo que, existe um modo muito mais fácil e seguro.

- Com licença, pessoal. Mas estou vendo que vocês estão utilizando uma técnica um pouco... tradicional. – Para não dizer pré-histórico, penso comigo mesma. - Mas gostaria de mostrar para vocês um modo muito mais simples de chegarmos ao nosso objetivo. – Todos me olham com um semblante um pouco desconfiado, mas acabam me dando espaço para lhe mostrar como fazer. – Aqui, estão vendo essa cavidade? Podemos fazer um pequeno corte nessa parte e então... voialá. Percebem como é mais simples e rápido o processo? – No fim todos me olham como se eu tivesse acabado de lhes dar a cura do câncer. Não quero ser arrogante como o ogro, mas verdade seja dita, sou muito boa no que faço.

Horas depois, saímos todos da sala cirúrgica e só está faltando os garotos me pegar no colo e me jogar para cima, igual aos jogos de basquete fazem com o principal jogador quando o time se sai campeão. Não posso negar como fico feliz com isso. Para mim, é extremamente importante ser bem sucedida na profissão que escolhi para a minha vida. Entendão.eu venho de uma família que tem um relacionamento sério com a construção civil. O sonho do meu pai, era que os filhos estudassem engenharia ou arquitetura, para que assim, o legado da família permanecesse por mais uma geração. Iam, fez engenharia civil, e hoje além de ser o CEO da construtora, é um dos melhores engenheiros civis da cidade, já eu fui a ovelha negra da família. Desde criança, sempre quis cuidar das pessoas. Lembro-me que quando era mais nova, praticamente obrigava meu irmão mais velho, Iam, a se fingir de doente para que eu pudesse fingir ser sua médica e curá-lo. Essa paixão pela medicina só aumentou conforme o tempo foi passando. E quando terminei os estudos regulares, logo consegui minha vaga para o curso de medicina em uma das melhore universidades da área do país. Minha sorte é que tenho uma família maravilhosa que sempre me apoio. Mas sinto que, preciso orgulhá-los em dobro para compensar as minhas escolhas contrárias a sua vontade.

Algo me diz que meu gesto em ajudar os residentes a fazer seu trabalho de maneira melhor e mais fácil, me trará problemas com o doutor ogro, mas querem saber algo da minha mais profunda sinceridade. Foda-se ele. Como diz meu irmão Iam, tô aqui, cagando e andando para o que o ogro vai falar. Se quiser gritar, fique à vontade, eu grito mais alto ainda.

Olho no relógio, já são quase oito da noite, está mais do que no meu horário. Pego minha bolsa e sigo para minha casa feliz. Hoje foi um ótimo dia, aliás. Fiz aquilo que tanto amo, ajudei alguém que precisava de mim e não enxerguei a fuça do meu colega ogro. Para que melhor? 

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Para quem estava achando que a destruidora de carros era a Ella,  A C E R T A R A M! A própria. 

Algo me diz que esses dois aí, vai dar muito pano pra manga hein gente. 

Bem, aqui, terminamos o capítulo 11.  Até o final dessa semana, vem o capítulo 12 gente. 

Gostaria de agradecer o carinho que estou recebendo nas redes sociais de vocês que estão acompanhando a história de Iam e Kate, estou realmente surpreendida com todo esse carinho que estou recebendo, muito muito muuuuuuuuuuuuito obrigado amores. ♥ 

Por hoje era isso, não esqueçam de encher o POV de estrelinhas amores, e claro, comentem os parágrafos amores. Um beeeeijo ♥ 

Um Casamento Quase de Mentira - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora