⌜⌞ Capítulo Trinta ⌟⌝

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— Você já pensou em voar? Em ter asas e ser livre? — o garoto esticou as pernas e moveu um peão do xadrez.

SungBee estava deitado no carpete do quarto, jogando xadrez com o garoto Lee enquanto sugava seu suco de laranja pelo canudo sem parar.

— Há três anos atrás eu quebrei o braço por ter tentado fazer isso — ele afastou o canudo com a língua e Mark acompanhou bem essa ação. — Depois, não mais.

— Deve ter doído à beça! — Mark arqueou as sobrancelhas.

— Obviamente que sim — Jisung moveu o seu cavalo — Eu era estúpido.

— Não acredito nisso — Mark tentou focar no jogo.

— Bem, você não me conhecia antes, então acho que não tem a mínima ideia de como eu era. — Jisung puxou o canudo de volta com a língua e, como na primeira vez, Mark o acompanhou.

— Tem razão — concordou — Eu vou beber água. — Mark se levantou para sair do quarto e descer as escadas.

Já sabia de cor cada canto da casa de SungBee, e isso tudo numa única tarde. Não precisava pedir autorização, poderia descer sozinho e ir pegar a água ele mesmo. Por isso, ligou as luzes do térreo e caminhou silenciosamente até a cozinha. Aproveitou, depois de beber água, para se dirigir ao banheiro.

— Ué, eu deixei a luz ligada? — perguntou para si mesmo quando viu a luz da cozinha acesa.

Quando se aproximou, levou a mão ao peito após ver o Melzinho sentado no balcão e o fitando enquanto sugava o líquido no copo em suas mãos.

— Você me assustou, SungBee! — falou ele, tentando normalizar a respiração — O que faz aqui?

— Eu não gosto de ficar sozinho — contou.

— Mas, antes de me conhecer, você ficava sozinho, certo? — Mark se aproximou da bancada e viu Jisung estender o copo para ele.

— Sim. Mas agora fico assustado. Sinto que devo te seguir para todos os lados, talvez porque eu gosto da sua companhia — Jisung revelou, e aquilo surpreendeu o pobre coraçãozinho Lee. — Não sabia que o meu stalker se tornaria o meu melhor amigo.

— Somos melhores amigos? — Mark apoiou os cotovelos na bancada enquanto mexia o suco de Jisung que estava em suas mãos.

— Conhecido você não é! Por qual motivo eu te convidaria para passar a noite na minha casa? — Jisung balançava os pés no ar.

— Então... Você gosta de mim? — Mark perguntou antes de virar certa quantidade do líquido goela abaixo e devolver o copo ao dono.

SungBee riu.

— Depende da forma — Jisung cruzou as pernas. — Ah, o que acha de eu revelar a minha identidade à Chenle?

— NÃO! — Mark enrijeceu o corpo e arregalou os olhos, além de ter o coração batendo a mil por hora ao soltar aquele quase grito.

Jisung o fitou por um tempo. Seus olhos não desviavam os de Mark, e sua expressão era uma mistura de confusão e surpresa. Estava pasmo com a reação de Mark Lee, e o clima ficou meio silencioso e tenso depois daquilo.

— Digo... — o mais velho pigarreou — Chenle ainda não está pronto para a verdade. Você deve... Deixá-lo conhecer um pouco mais e conhecê-lo também.

O Abelha Ambulante abaixou o olhar por alguns segundos, puxando as poucas sujeiras presas na sua meia amarela.

— Claro — disse, num tom baixo.

Em seguida, silêncio. Longos e torturantes minutos de pleno silêncio. Mark olhava para a torneira da pia e Jisung, por sua vez, continuava mexendo na sua meia.

— Mark, pelo jeito que você falou mais cedo, deixou-me entende que é bem experiente em beijos... Estou certo? — SungBee o encarou.

Mark Lee sentiu a boca seca, e então lembrou-se dos seus poucos beijos durante as suas quase duas décadas vividas. Concluiu que estava longe de ser experiente, mas ele sabia um pouco sobre o assunto.

— Não muito. Por quê?

— Ah, eu não sei... Senti que você iria me beijar — SungBee o pegou. Mark se sentiu vulnerável com aquela situação.

— E eu senti que você queria isso — disse ele, e até o próprio se surpreendeu com as suas palavras. Era aquele momento que a frase passa pela sua mente e, acidentalmente, você acaba falando.

— Há algum problema nisso? — sua voz era calma, baixa e meio rouca. Às vezes a voz de Jisung estava mais aguda do que em outros momentos, e tudo isso se deve à maldita puberdade.

— Acho que não — Mark encolheu os ombros e respirou fundo. 

Yellow Black | MarksungOnde histórias criam vida. Descubra agora