Capítulo 10

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Depois de um banho demorado, eu desci e me sentei em frente ao piano. Eu sabia tocar um pouco, porém mais do que gostar de tocar eu amava escutar o meu pai tocando clássicos. Brinco com algumas teclas até que meu estômago se manifesta.

Me levanto e vou até a cozinha, o estômago roncava alto. Logo quando eu entro Joseph me pergunta o que eu quero, digo que um suco de laranja estava bom. Me sento em um dos bancos da bancada quando sento, sinto uma mão em meu ombro.

—Se esqueceu de passar no meu escritório? — Era meu pai.

—Desculpa pai ... minha cabeça está muito cheia!

— Quando acabar de comer pode ir lá em cima?

— Claro!

Assinto com um meneio de cabeça e quando me viro Joseph já tinha colocado meu copo na bancada de granito da cozinha. O cheiro da comida já pareava pelo ar e alimentava minha visão futura do jantar.

—Obrigada.

Sorri e comecei a tomar o suco, não demora muito para o copo voltar a ficar vazio. Me levanto e vou até o escritório do meu pai. A porta estava entreaberta, dou duas batidas e entro.

Escancaro a porta e ele me recebe com um enorme sorriso no rosto, fecho a porta e caminho até ele. Noah passa o braço sobre os meus ombros e me guia até a janela onde costuma ficar. Quem sabe um dia podemos dividir o mesmo escritório, dividir segredos sobre a carreira de escritor, trocar dicas e receber autógrafos um do outro.

— Recebi uma ligação quando estava fora ontem à noite, acho que finalmente encontrei uma inspiração ao receber seu conselho. Vou falar sobre minhas experiências com você e seu irmão.

—Está escrevendo sobre nós?

—Apenas algumas páginas, mas já é um começo. Não quero que vejam até estar pronto.

— Claro que não quer. — Sorrio.

Ouço batidas na porta e o contato de um salto agulha no piso branco, minha mãe estava com um típico vestido preto, com seus óculos Gucci e cheia de joias como sempre. Mas o que mais me chamou atenção foram os papéis brancos em suas mãos.

—Querido, está piorando., não sei por quanto tempo podemos aguentar...— Ao me ver uma expressão de susto surgiu em seu rosto. Seus olhos se arregalaram e sua boca ficou alguns segundos aberta.

— Lilian, não sabia que já tinha chegado.

— Pode nos deixar à sós um minuto? — Meu pai se manifesta.

— Claro. — Respondo dando passos apertados até a porta.

Fecho-a e permaneço em frente a porta dupla de cor branca. Havia algo errado, eu sabia. E não é de hoje que eu estou percebendo, minha mãe vive no telefone(mais do que o habitual), tem certa falsidade quando tenta passar tranquilidade ou normalidade para nós.

Está sempre apreensiva, nervosa, como se algo esteve se esgueirando do lado de fora pronto para atacar quando estivéssemos fracos. Joshua provavelmente não percebeu isso, claro que não, ele não puxou esse lado observador do papai, mas também não custa nada perguntar.

Vou até seu quarto e abro a porta sem pedir licença, me encostando na porta como se quase tivesse sido pega por algo. Ele dá um pulo da cadeira e se vira.

Ouh, ouh, ouh! — Grita enquanto tira os fones do ouvido. — Que invasão de privacidade é essa?

—Essa é uma das vantagens em ter público cativo.

Everything Has Changed | H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora