Capítulo 4

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— Deixei-o entrar, por favor. Obrigada, Jo.

Enquanto Joseph ia chamar quem eu imagino que é, passo as mãos sobre meu cabelo tentando alinhá-lo o máximo que podia. Esfrego os olhos para me despertar do sono que ainda quer me dominar, olho para o relógio acima da lareira, são sete e três.

Ouço a voz de Joseph, essa é uma das vantagens de minha casa, o eco. Logo ele entrou no cômodo e guiou Marcel até mim. Sorrio ao vê-lo.

-—O que faz por aqui, forasteiro? — Tento imitar sotaque caipira.

Ele ri, levanto e o abraço. Não sei se concordam comigo, mas dá pra perceber quando alguém não recebe muitos abraços, eles tendem a ser mais longos e amorosos e principalmente verdadeiros. Por isso aproveito cada segundo desse aconchego.

— Me disse que qualquer coisa eu saberia onde lhe encontrar. —Ele dá de ombros.

Seguro seu pulso fazendo-o sentar no sofá comigo.

—Aconteceu alguma coisa? — pergunto preocupada.

—A verdade é que eu não encontrei motivo algum para vim vê-la, a não ser o simples fato de querer vê-la. — Sorri tímido.

Sorrio com o que ele diz, era doce. Era o tipo de coisa que Ryan jamais me diria, o tipo de coisa que devemos escutar constantemente de alguém. Ainda mais vindo de alguém tão puro feito ele.

— Também é bom te ver.

Marcel me olha como se um feitiço o prendesse a mim, começo a ficar constrangida, então puxo seus óculos para poder ver melhor os hematomas. São um belo par de olhos, me lembra uma vasta campina. Bem, com uma plantação de alfaces roxas também.

— Tem belo olhos, Marcel, você não deveria usar óculos.

— Diz isso para minha miopia, mesmo assim, obrigado.

Coloco o óculos de volta em seu rosto, ele fica melhor lá, no rosto dele. Mar alcança o livro que eu estava lendo, ou achava que estava até adormecer.

—"Quem é você, Alasca?"

— Adoro John Green. —Sorrio.

Ele lia com prazer a sinopse e admirava a capa do livro com um sorriso nos lábios. O que mais me surpreendeu foi ele cheirar o livro, hábitos de leitores, pensei.

—Já leu?

— Sim ... —Ri pelo nariz. — Adoro o jeito que ele descreve o mundo, normalmente por uma perspectiva nerd.

— Precisa que ver os meus livros.

Ele assentiu com a cabeça, levantei empolgada segurando sua mão e subindo a imensa escadaria para o primeiro andar. Eu já estou acostumada, mas Marcel, parecia não ter de onde tirar fôlego. Coitado, eu deveria ter subido mais devagar, provavelmente ainda sente dor.

— Cansou?

Ele faz um sinal de "claro que não", porém claramente sua respiração diz oposto. Paro em frente a porta do meu quarto, rio com sua mentira incrédula e abro a porta. Fico segurando-a até ele entrar.

Seus olhos dançam, em cada misero detalhe. Ele não parece ter um local fixo para onde olhar, então segue para minha maior paixão: minha estante.

— Gosta muito de ler, não é? —Assinto. — Não tenho tantos livros como você, mas minha paixão é a mesma.

Sento na minha cama me esticando para alcançar o controle da TV e a ligo. Marcel logo veio se sentar ao meu lado, embaixo no nível da estante há uma gaveta onde coloco meus filmes, jogos de tabuleiro e games.

Everything Has Changed | H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora