50. Epílogo

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15 anos depois...

Há quem goste do natal pela história, pela família ou pela comida. O que eu mais gosto no natal e que podemos juntar esses três itens acima num todo. A neve está pesada lá fora, está fazendo dois graus abaixo de zero e eu estou à espera de Harry, como sempre fico, todos os natais.

Da sala já posso sentir o cheiro do peru no forno, escuto as risadas das crianças vindo da sala de jantar, quando Alice está por aqui é sempre assim. Vou para o centro da sala de estar e acrescento mais lenha na lareira, ao me levantar me deparo com nossos porta-retratos. E o do meio é uma foto minha e de Harry em nosso casamento, havia um ar diferente na foto, aquele foi nosso primeiro sonho realizado. Nos casamos no Havaí, porque ele disse que era reconfortante ter tanto azul por perto.

Ao lado dele vejo minha foto na maternidade com Henry em meus braços, tão pequeno e frágil, de vez em quando ainda queria que ele estivesse assim, mas já tem sete anos. Quando ele era bebê tinha uma cabeleira mel, que foi escurecendo com o tempo, até se tornar castanho igual ao do pai, com olhos azuis cintilantes. Henry herdou meus dons artísticos, pinta e desenha como ninguém.

Aos meus vinte e oito anos veio a Clarke, a princesa da casa. Desta vez a cabeleira ruiva permaneceu até os dias atuais, com aqueles lindos olhos verdes ela já vê seu futuro. Com apenas cinco anos de idade ela já sabe o que quer na vida, quer ser igual ao pai, uma cantora bem acentuada.

Por fim, a última foto foi a do primeiro baile que eu fui com Harry, ou melhor Marcel. Estávamos nós dois, junto aos meus pais e meu irmão. Eles teriam orgulho do que eu consegui fazer hoje em dia.

—Lily, o peru! —Gritou Alice, me despertando de meus devaneios.

Acariciei a última foto e corri para a cozinha, abri o forno e retirei o peru esfumaçando. Henry entrou na cozinha e ficou me observando.

—Mãe, quando podemos comer? Eu estou morrendo de fome... —Resmungou.

Coloquei o peru na bancada e olhei para ele, estava com as mãos para trás. Estava a coisa mais fofa do mundo com sua calça jeans, camisa vermelha lisa e jaqueta preta. Me agachei para ficar na mesma altura que ele e segurei seu queixo.

—Querido, seus tios e suas tias ainda não chegaram. Nem seu pai deu sinal de vida, por que não volta para a sala de jantar e desenha um pouco ou atende a porta se a campainha tocar?

Henry ergueu o papel que escondia, era um desenho. Pude me reconhecer, tinha ele e Clarke e Harry. Mas por trás havia uma senhora ruiva, um senhor de cabelos mel e um home com o cabelo da mesma cor, todos com asas de anjo e áureas sobre as cabeças. Era minha família.

—Eu rezei pelo vovô e pela vovó, ah e o tio Joshua também! Mãe? Não, por favor não chora...eu fiz isso porque não queria te ver triste esse ano! Tá vendo as asas? Eles nos protegem.

Meu filho me entrega o desenho e eu limpo as lágrimas, levanto e o prendo o papel na geladeira. A campainha toca assim que eu termino de arrumá-lo.

— Viu? — É a única coisa que consigo dizer.

Ele saiu correndo com um papel na mão para atender a porta. Levei o peru para a mesa e o coloquei no centro de tudo. A mesa estava repleta de pratos variados. Alice estava sentada no chão e Clarke em uma cadeira deixando-a mais alta, fazendo tranças no cabelo de Allie.

—Clarke, meu amor, pare de importunar sua tia! —Não pude deixar de rir ao ver a expressão de Clarke ao fazer o penteado em Alice, agia como isso fosse uma obra prima do renascimento.

—Mas ela deixou, mamãe... —Falou com sua voz doce feito avelã.

Alice concordou com a cabeça.

Everything Has Changed | H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora