Capítulo 21

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Olhei para trás e Scarlet estava ligando para alguém. Um aglomerado de pessoas já estava se formando ao redor do ocorrido.

Estavam cobertos por sangue, nenhum se movia. Me faltava saliva, minhas mãos tremiam e sentia a pulsação de sangue nas minhas orelhas. Eu queria me mover mas faltava força nas pernas.

Eles vão ficar bem, dizia a mim mesma. Mas o medo, sempre do contra. Me aproximei do carro tentando perceber qualquer sinal de movimento, foi quando vi o peito do Joshua subir e descer. Ele estava respirando com dificuldade, todavia estava respirando. O motorista do outro carro se aproximou ainda mais da cena.

Ele estava com a orelha ensanguentada e as mãos também . Colocou as mãos na cabeça e me olhou.

—Você é parente?

Eu soluçava.

— São meus pais e meu irmão...

Ele cobriu a boca com uma das mãos e apoiou a outra no quadril.

— Me desculpe! Eu, eu tinha ido mudar a música do rádio.

Passei as mãos sobre meu rosto, por que eles não estavam reagindo?

Escutei uma sirene da ambulância, ela estava entrando na rua. Estacionou perto dos dois carros e uma equipe de paramédicos saiu, primeiro pegaram o motorista do outro carro.

Em seguida tomaram todo o cuidado ao retirar os corpos dos meus pais, andei acompanhando a maca em direção a uma das ambulâncias.

— Vai ficar tudo bem... —Acariciava o rosto do meu pai.

Os paramédicos colocaram um protetor cervical e com o auxílio de um aparelho bombeavam ar para o meu pai. A maca com a minha mão passou em seguida. Eu não havia percebido mas Scarlet estava atrás de mim esse tempo todo.

Retiraram o Joshua, ele estava respirando mal e seus olhos lutavam para permanecerem abertos. Segurei a sua mão enquanto o colocavam dentro da ambulância e entrei no veículo.

— Eu encontro você no hospital. — Scarlet gritou correndo para um táxi que estava estacionado em frente a uma loja.

—Ok. — Foi tudo que consegui dizer.

Minha visão estava embaçada, meus ombros encolhidos e olhos embaçados. Me sentei ao lado da maca do Joshua na ambulância, enquanto o paramédico começava os primeiros socorros.

— Você vai ficar bem, vai ficar tudo bem! — Mais uma lágrima deslizou.

Apertei sua mão mais forte.

— L-Lily... —Ele se esforçava para falar.

—Não, não fala...

Ele apertou minha mão, acho que ele queria que eu prestasse atenção.

—Quanto vai sentir minha falta entre 0 e 100 % ? — Sua voz falhava.

Solucei mais ainda, eu já não tinha como controlar. As lágrimas eram despejadas como uma cachoeira.

150 % —Respondi.

Apoiei minha cabeça na maca e com todo esforço ele acariciou meu cabelo. Algo me dizia que era última vez que eu iria sentir seu afeto.

— Eu te amo... — Murmurei.

— Eu também... —Uma lágrima caiu sobre sua pele. — Diz para a Scar que eu a amava...

— Joshua! —Implorei.

—Prometa...

—Eu prometo!

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