Capítulo 8

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Quando eu tinha sete anos, os monstros de dentro do guarda roupa ou os de debaixo da cama não me assustavam. Meu medo era dos próprios seres humanos. 
Com treze, passei a sentir nojo e desprezo por todos os homens em geral, e desejava que todos eles fossem queimados vivos como faziam com as curandeiras na época de caça as bruxas. 
Aos meus dezessete não acreditava no amor, mas meses depois mudei de visão e percebi que eu poderia sim ser feliz, e aos dezoito tudo isso veio abaixo.

Hoje, com meus vinte e quatro anos, posso ver que ninguém é igual a ninguém. Os homens têm suas características comuns entre si, mas não são réplicas. Há os verdadeiros e de boas intenções e os canalhas, que não valem nada. Depende da sorte, você encontrar o certo.

Entre as nuvens brancas, a ponta da tocha da estátua da liberdade se tornou nítida.
À medida que o avião ia aterrissando, Nova York ganhava vida diante dos meus olhos.
Enchi os pulmões de ar, quando pus os pés no saguão do aeroporto.
Eu estava de volta.
De volta à minha casa, de volta à Nova York. Eu não tinha sonhado com aquela vida, eu realmente a havia vivido.

Depois de tanto tempo, era estranho me ver ali. Me fazia sentir deslocada, mas eu estava no meu país, à minha antiga vida, mas não igual. O que em parte era bom. 

As pessoas passavam ao me redor, desviando do meu corpo parado no meio do saguão do aeroporto. Meus olhos identificaram duas figuras conhecidas de pé perto das fileiras de bancos de couro marrom. Eles estavam de costas para mim.

A cabeça de Jhon se virou em minha direção e seu sorriso se enlargueceu em seus rosto.
Sem me preocupar com possíveis olhares, saí correndo em sua direção, deixando para trás o carrinho com minhas malas.

Ele veio ao meu encontro com os braços abertos. 

- Jhon! - Me joguei em seus braços, sendo suspensa por eles.

- Mel! Meu Deus, você realmente está aqui! - Ele me rodopiou no ar. - Isso parece uma miragem. Estou tão feliz!

- Sim, estou! 

- Amiga! - Lily me puxou para um abraço. - Estava morrendo de saudades. Você está tão linda, Mel! 

- Eu acho que vou chorar. - Limpei os olhos, sentindo uma ardência. - É muito bom ver vocês de novo. 

Me afastei para poder olhá-los melhor.
Jhon permanecia com o mesmo corte de cabelo de sempre. Sua pele bronzeada estava radiante, seus olhos pretos eram os mesmo. Afetuoso. Com seus vinte e sete anos, seu rosto agora demonstrava uma nova maturidade. Era um homem lindo.

Lily ainda tinha o cabelo ruivo avermelhado natural, mas agora estavam cumprido. Suas sardas quase não existiam mais. O rosto dela mudara mais do que o de Jhon, mas ainda era magra e esguia como sempre fora. Nós duas estávamos com saltos, mas ela era uns dois centímetros mais alta que eu.

- Jhon você está um gato! E, Lily, quando foi que você ficou tão maravilhosa? - era oficial, eu estava chorando.

A saudade apertava o meu peito, mas agora de uma maneira boa.

Lily também enxugou uma lágrima do seu rosto. - No mesmo dia em que você se tornou essa mulher divina! Já se viu? Mel, você está muito mais que linda! 

Jhon me puxou para o seu lado e beijou minha cabeça. - Maninha, você realmente está linda. E quer saber? Eu não vou deixar você voltar para a Alemanha ou qualquer outro país! Eu não quero me separar de você novamente, Mel. 

Puxei ele e Lily para um abraço coletivo. - Eu amo vocês. 

- Nós também.

Abaixei o vidro do carro para olhar a cidade. Contemplei cada detalhe. Os painéis digitais com propagandas, os letreiros com luzes de neon das lojas, coisas triviais, mas que naquele momento me encantavam.
Os gingantes de aço, que nos cercavam, se estendiam em direção ao céu azul.
Era início de verão em Nova York, então o frio que esteve presente na minha ida, era uma lembrança distante. Os pedestres se arriscavam no meio do mar amarelo de táxis.
 
Uma familiaridade me abraçou. Fechei os olhos e sorri como uma idiota para fora da janela. 
Quando foi que a minha saudade se tornou tão grande?

Rosas Partidas |Livro 2| [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora