Eram apenas nove e vinte, quando decidi que já iria me recolher e dar como encerrado o dia. Mas tudo o que eu consegui foi ficar deitada de barriga pra cima no meio da cama macia e gigantesca. Caberia quatro pessoas sem esforço algum. E ainda daria para pôr dois cachorros juntos.
O quarto estava iluminado apenas pelas fitas de led embutidas na sanca de gesso do teto, o que deixava o ambiente com nuances amareladas e confortável.Rolei pela cama, de um lado a outro, cansada de contornar com os olhos as linhas retas da mobília e das paredes.
Olhei para o relógio digital em cima da mesa de cabeceira do meu lado na cama.
Onze e trinta e oito.
Bufei frustrada porque não conseguia dormir e fiquei em pé sobre a cama. Puxei a calça do pijama pra baixo e chutei a peça para o chão.A porta do quarto se abriu e Christopher entrou por ela. Ele parou brevemente, olhando minha posição peculiar, antes de fechar a porta novamente.
Ele tinha ficado no escritório.
Depois do nosso desentendimento no jantar, não tínhamos trocado mais que dez palavras.- Não consegui dormir ainda - murmurei, sentando na cama.
- Já tentou tomar algum chá, ou um pouco de conhaque? - Deixou o livro, que segurava, em cima do sofá.
Ele estava vestido apenas com uma calça de pijama verde, que pendia em seu quadril.
- Eu vou conseguir dormir. Já estou até sentindo o sono me possuir.
Christopher me deu às costas e seguiu para o banheiro.
Ouvi o barulho da água da torneira sendo aberta. Depois o barulho cessou, e ele voltou para o quarto.- Christopher... - Comecei, sem saber ao certo o que dizer.
Ele me olhou, esperando, enquanto se aproximava da cama.
Me afastei, saindo do meio da cama, para que ele ocupasse o lugar dele. - Eu sinto muito por... - Franzi a testa. - Por ter feito você de saco de pancada e descontado minha raiva em você. Me desculpe por ter o insultado. Não foi minha intenção. Quer dizer, sim, eu tive a intenção, mas estava sendo ridícula e insensata. - Suspirei. - Me desculpe, Christopher.
- Você andou ensaiando esse pedido de desculpa?
Me encolhi.
Algumas mechas de seu cabelo escuro caíram em sua testa, quando ele se sentou sobre a cama. Com uma passada de mão rápida, ele arrastou os cabelos para trás.
Ele assentiu brevemente. - Está perdoada. - Então fez uma análise nada sutil no meu corpo. - Você não tinha um monte daquelas coisas minúsculas e transparente?
Inclinei a cabeça. - Acho que tenho ainda. - É claro que eu tinha! - Só não estava pensando seduzi-lo esta noite.
- Não estava pensando em me seduzir esta noite... - Repetiu com a voz arrastada e grave.
Ele não fez nenhum esforço para se mover. Seus olhos percorreram meu corpo novamente. Se deteve em minha calcinha cor-de-rosa de algodão por um longo tempo. Depois desceu o olhar para as minhas coxas, e então retornou o caminho percorrido.
Não consegui evitar o rubor em minha face. Sabia que estava com as bochechas vermelhas pelo calor súbito que senti nelas.
Os olhos dele encontraram os meus. E, por um momento, achei mesmo que ele não ia fazer mais nada, além de ficar ali me olhando.- Venha cá. Você está muito longe.
Fui até ele de joelhos sobre a cama. Ergui a cabeça, oferecendo minha boca. Mas ele inclinou o rosto e encaixou a dele no meu pescoço. Hm, aquilo era igualmente bom.
Percorri as mãos pelos braços e ombros dele, enquanto deixava que ele beijasse meu pescoço.
Por Deus, como eu adorava aquela musculatura sólida e compacta! Acompanhei com os dedos seus ombros. Amava com igual intensidade seus ombros largos.
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Rosas Partidas |Livro 2| [Concluído]
RomanceO ser humano é mutável e subjetivo. Mas até que ponto as transformações são capazes de nos fazer deixar de ser quem nós fomos? Nada mais é igual. O tempo passou e trouxe consigo muitas mudanças. O medo maior, agora não são mais as lembranças, mas si...