Capítulo 39

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O sol se estendia sobre os edifícios à minha frente. Os raios tímidos da manhã ultrapassavam o vidro transparente, produzindo um calor morno em minha pele e uma luz amarelada no ambiente.

Havia emendado o dia anterior com o de hoje. Não dormira nenhuma parte da noite.
Os fatos acontecidos tratavam de fazer ronda em minha mente. 

Não dava mais para continuar às sombras, apenas aguardando. As novas circunstâncias cobravam uma atitude. 
As possibilidades teriam que ser eliminadas. Ele havia conseguido passar pela barreira da atenção de Heinz o suficiente para tocá-la, e isso não poderia tornar a repetir. Os riscos teriam que ser eliminados.

- O trânsito estava intenso demais, o que o ajudou a se misturar e escapar. Consegui captar a placa do carro, mas é evidente que era falsa. Os descuidos deliberados são descartados na pilha dos inúteis. Vou redobrar a vigilância como o senhor deseja. 

Me virei e descruzei os braços. - Faça isso. Quero que substitua seu posto e acrescente outros no lugar. Você ficará comigo. Sabe o que fazer, Gavin.

Fez um breve aceno antes de sair. - Vamos nos manter em alerta. 

Concordei. - É o que espero.

A tela do celular brilhou ao lado do teclado do computador.
Peguei o aparelho e abri a mensagem de Mel que despontava-se na tela.

"Aonde você está?... Você não passou a noite aqui e ainda não voltou." 

Não havia tido tempo de regressar para o apartamento antes que ela acordasse. 
Ela estava fragilizada e precisava que eu estivesse por perto naquele momento, porém ainda não poderia ir. Tinha mais um último assunto para tratar, que eu esperava não demorar.

Olhei as horas pela primeira vez desde de um longo espaço de tempo. 
Esfreguei os olhos percebendo que ainda ficaria no escritório por umas boas três horas.

Digitei algumas palavras de elucidação para mantê-la despreocupada.

"Alguns compromissos requereram o meu tempo. Pode tomar café sem mim. Estarei de volta em pouco tempo."

Juntei os papéis sobre a mesa e os guardei dentro da gaveta. 
A tela do computador permanecia aberta no e-mail recebido. 
Passei os olhos novamente sobre ele e fechei as abas.

A empresa estava quase vazia, a não contar com os poucos funcionários que não se contentavam com os cinco dias da semana ou não tinham mais nada interessante os aguardando em casa. 
Não os julgava. Já havia sido um deles em um passado recente.

Passei a mão em meu queixo, sentindo a barba já começando a ficar espessa em meu rosto, e me dando conta de que eu não tomara um banho desde a manhã de ontem.

Por previdência, guardava ali alguns ternos extras e os produtos de barbear no banheiro do escritório. 
Tinha tempo para um banho.

O celular voltou a notificar outra mensagem de Mel.

"Em pouco tempo em sua linguagem quer dizer algumas longas horas. Vou para o meu apartamento e depois tenho algumas coisas para fazer, mas não sei se devo sair. Queria ter acordado com você. Te amo e tô com saudades."

Um leve sorriso exercitou os músculos enrijecidos do meu rosto.

A minha resposta foi em um segundo depois:

"Também amo você, meu anjo. Haverá dois seguranças sempre ao seu lado, vá sem preocupação. Seu carro foi deixado no estacionamento do prédio."

Tardado duas horas, quem eu esperava acabava de entrar acompanhado de um dos seguranças da empresa que o indicara a sala, e por mais um outro de sua proteção pessoal.

Rosas Partidas |Livro 2| [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora