Capítulo 46

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Entrei na cozinha com uma pasta com vários desenhos dentro e minha bolsa pendendo em meu ombro.

Christopher estava em pé atrás do balcão com uma caneca de café na mão e os olhos em um tablet. 
Já estava perfeitamente vestido para o trabalho.

Depois dele ter me deixado sozinha no escritório na noite da véspera, não havíamos nos falado desde então, com exceção de um boa noite dito quando eu subi e me juntei a ele na cama. 
De certo modo foi melhor assim. Eu não teria nenhuma energia para discutir de novo sobre o assunto, então estava aliviada por saber que ele tinha aceitado minha decisão. 

Christopher ergueu o olhar prateado para mim, quando me aproximei. - Você parece bem. - Deslizou sobre o balcão de granito uma outra caneca de café. - Preparei agora pouco, então ainda está quente. 

Ele estava mentindo.
Eu não parecia bem. Estava o antônimo disso.
E também sabia que ele tinha percebido que eu passara metade da noite acordada.
Era impossível dormir depois de ser informada sobre uma notícia daquele porte.
Tentei não ficar pensando sobre aquilo, mas enquanto mais eu tentava não pensar mais eu pensava. 
Essa solução era inútil. Sempre surtia o efeito inverso em qualquer pessoa. 

Deixei a pasta e a bolsa em uma das  banquetas e me sentei em outra ao lado dele. - Obrigada.

Provei o café e estava preparado exatamente a meu gosto. 
Peguei uma torrada de aveia e linhaça de dentro do prato com outras cinco mais.

Éramos, naquele momento, uma companhia silenciosa um para o outro. 
Nenhum dos dois parecia inclinado a iniciar um diálogo. No entanto, não havia tensão nem desconforto entre nós. Apenas não tínhamos nada para dizer. 

Ele estava firmemente evitando qualquer possíveis divergências entre nós. 

Comi minha segunda torrada, observando pela primeira vez que, coincidentemente, estávamos usando roupas de mesma cor.
O meu vestido azul marinho tinha a mesma tonalidade de seu terno.
A camisa dele era branca e a gravata também era azul. 
Ele ainda não estava vestindo o paletó, então pude admirar em silêncio o tecido da manga de sua camisa se agarrando em seus braços fortes. 
Se ele notou minhas olhadas, não demonstrou nada.

Christopher deslizava o dedo sobre a tela do tablet, bebendo serenamente seu café puro e amargo.

Me inclinei modestamente para o lado e olhei para o que ele estava fazendo.

Vários quadradinhos, que mostravam rostos de mulheres deslumbrantes e sorridentes, enchiam a tela. Abaixo de cada foto havia algumas informações listadas.

Ele clicou sobre um perfil. A foto se ampliou mostrando uma mulher morena linda com cabelos cacheados e brilhante.
Embaixo das informações ele digitou um "Em curso" e voltou para a tela anterior.

- Está selecionando novas modelos? - Engoli meu último pedaço de torrada.

- Quem cuida das seleções é o Adam. Estas são as atualizações contratuais de cada modelo, que é feita a cada ano.

De fato, nas descrições em cada perfil trazia o valor do salário de cada uma que variavam entre si.

Christopher abriu um outro perfil de uma outra modelo, que também era lindíssima. 

- Essa é bem bonita. Acho que já a vi naquele desfile que revi você pela primeira vez...

- Provavelmente. Ela foi uma das selecionadas para aquele desfile. - Deixou o tablet de lado. - Terminou seu café?

Assenti. - Mas não vou com você. 

Christopher apanhou o paletó que estava em seu outro lado. Deslizou os braços para dentro das mangas o vestindo e fechou os três botões da frente. - Você está sem o carro.

Rosas Partidas |Livro 2| [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora