Christopher segurou meu rosto e me afastou quando o beijo começou a subir a outro patamar. Deu um selinho em cada canto da minha boca e mais um na minha pálpebra direita. Pigarreou. - Acho melhor não continuarmos.
Fiz um biquinho e assenti. - Você vai sair de cinco hoje? Posso ficar quietinha ali no cantinho do sofá esperando você para irmos juntos. Ou se preferir posso circular pela empresa até dar a hora pra não tirar sua concentração.
- Já são quase cinco horas. - Ele riu. - Tenho algumas coisas para ver antes de encerrar o dia aqui no escritório, depois tenho um jantar de trabalho marcado às oito. Foi de última hora, por isso não lhe contei que hoje não irei jantar em casa. Vou tomar um banho aqui mesmo para economizar tempo e poder agilizar as pendências do dia. Hoje as coisas estão um pouco lentas.
- Que horas você deve chegar? - Tentei conter a decepção na voz.
Ergueu a mão e desenhou o arco da minha sobrancelha com o polegar. - Creio que às onze.
- Você não pode marcar para outro dia? Tinha esperança de que íamos conversar sobre o nosso casamento com calma, além disso também elaborei algumas coisas para fazermos e ficarmos acordados até tarde hoje... - Suspirei. - Desculpa, estou sendo egoísta.
- Não fique chateada. Podemos fazer tudo isso e muito mais amanhã. Onze horas não é tarde, ainda sobrará tempo para dedicar a você.
Trinquei os dentes e raspei os de cima com os de baixo movendo minha mandíbula para os lados. - Eu não vou esperar você.
Eu não tinha o direito de tentar interferir no trabalho dele ou de ficar com raiva, mas eu estava mesmo assim e, naquele momento, eu não me sentia nenhum pouco arrependida por estar agindo com teimosia.
Embora... Eu também não precisasse bancar a carente-dependente, isso era deprimente demais. Eu era perfeitamente autossuficiente e capaz de passar uma agradável noite em minha própria companhia, entretanto, o fato principal era que eu não queria.Christopher enrolou uma mecha do meu cabelo em seu dedo indicador. - Posso acordá-la então? Gostaria de um pouco da sua atenção quando chegar. Ou se preferir, eu posso redobrar a minha atenção se você não quiser participar ativamente. Não irei me descuidar das suas necessidades. Só vou precisar do seu consentimento e que você esteja acordada.
- Eu preferiria que não. - Arrastei minha bunda sobre as coxas dele para pôr os pés no chão e me levantei. - Devo jantar, tomar um chá quentinho com uma aspirina e ir pra cama logo em seguida. Você sabe que os analgésicos sempre me deixam com sono.
- Achei ter entendido que você havia planejado dormir tarde hoje. - A voz dele não evidenciava nada.
Dei de ombros. - Isso foi antes de saber que você passaria à noite fora. Se vou estar sozinha, não vejo motivos para ficar acordada até tarde.
Ele também ficou de pé de frente a mim. Enfiou as mãos nos bolsos da calça bem moldada às suas coxas. - Mas onze horas não é tarde - lembrou novamente. - Você costuma dormir de meia noite em diante, mesmo quando vai trabalhar. - A voz dele não era sarcástica, nem divertida. Parecia que ele estava tentando realmente me lembrar dos meus próprios hábitos, como se eu tivesse tido um lapso de memória e esquecido.
Odiei ter que erguer a cabeça para olhar nos olhos dele. Olhar de cima, de certa forma, nos dava algum poder sobre a situação.
Inflei a bochecha esquerda de ar e pensei por uns instantes. - Amanhã vai ser um dia corrido.
- Amanhã é sábado - lembrou-me.
- Evie vai ter alta pela manhã e quero estar lá para apoiá-la no que for ou só simplesmente estar lá para acompanhar essa conquista, porque com certeza é uma conquista ela estar saindo do hospital a salvo e saudável. A tarde vou visitar a Lily e o Jhon. Quero ver como estão as coisas entre eles depois da notícia do bebê. Não sei se o Jhon está lidando bem com isso...
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Rosas Partidas |Livro 2| [Concluído]
RomanceO ser humano é mutável e subjetivo. Mas até que ponto as transformações são capazes de nos fazer deixar de ser quem nós fomos? Nada mais é igual. O tempo passou e trouxe consigo muitas mudanças. O medo maior, agora não são mais as lembranças, mas si...