Fiquei deitada olhando para o teto e ouvindo o barulho da água do chuveiro escorrer.
Meus olhos já estavam começando a ficar pesados.Me sentei novamente, peguei a carta e a abri. Puxei o papel branco dobrado, desdobrei e iniciei a leitura das palavras escritas à mão.
Logo nas primeiras linhas, ele explicava o porquê de ter enviado uma carta em vez de ter me ligado. E o motivo era, simplesmente, porque ele nunca tinha me mandado uma carta e então decidiu experimentar a sensação de me escrever com a própria letra, complementado com alguns comentários divertidos típicos dele.
Christopher saiu do banheiro com uma toalha pendendo em seu quadril, mas logo tornou a desaparecer dentro da porta que levava ao closet. Voltou em menos de um minuto vestido com uma calça de pijama preta.
Eu estava no final da leitura quando ele sentou ao meu lado e começou a ler comigo.
Ao terminar, busquei mentalmente a data do dia em que estávamos.
O rapaz da recepção havia dito que a carta tinha chegado dois dias atrás. Relacionando essas duas datas e mais a que ele indicava na carta...- Me parece que você terá uma visita amanhã - Christopher concluiu meus pensamentos.
Dobrei o papel e coloquei de volta sobre a mesinha. - Não é demais? - Sorri. - Estou com bastante saudades dele. Acho que me fará bem rever um velho amigo.
- Tanto assim? - Os fios molhados do cabelo dele grudaram em sua testa franzida.
- O Ethan e eu construímos uma boa amizade durante todos esses anos. É natural que eu sinta sua falta depois de meses sem vê-lo.
- Ficamos seis anos sem nos ver - objetou.
Ergui as sobrancelhas. - Eu sei.
Ele parecia indignado agora. - Você ainda deveria está com saudades de mim - falou como se eu fosse uma retardada que não conseguia fazer as conexões de suas palavras.
- Eu ainda sinto, mas agora você está aqui do meu lado. É bem diferente.
- O que há de diferente?
Revirei os olhos e dei um soquinho no seu peito nu. - Você está agindo como uma criança, Christopher. Isso tudo é ciúmes? Porque não tem sentindo. - Fiquei de pé. - Vou tomar banho para dormirmos. Pode me ajudar com o vestido?
Christopher se ergueu. Afastou meu cabelo para o lado e puxou o zíper até a base da minha coluna. - Eu não deveria ter convidado você para o evento de hoje. Você terá que ir trabalhar daqui a poucas horas e não vai dormir o suficiente. - Ajudou a livrar meus braços da roupa, deixando o vestido deslizar para o chão.
Pulei para fora do círculo de tecido aos meus pés. Olhei para ele. - Na verdade, a culpa é minha. Eu poderia ter deixado para passar no meu apartamento em uma hora mais conveniente.
Como só me restava uma única peça de roupa, baixei a calcinha e também me desfiz dela.
Christopher balançou a cabeça lentamente com as sobrancelhas unidas. - Com isso eu concordo. - disse com desconfiança.
Dei meia volta, partindo em direção ao banheiro para evitar novas perguntas. - Sei que você está olhando para a minha bunda, seu tarado - falei por cima do ombro.
Ouvi a risada dele antes de entrar.
*
Enruguei a testa, pressionando a ponta da caneta sobre o papel ao escrever de forma rápida com uma letra mal traçada alguns materiais para pesquisa de custo-benefício, que deveria fazer à tarde.
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Rosas Partidas |Livro 2| [Concluído]
RomanceO ser humano é mutável e subjetivo. Mas até que ponto as transformações são capazes de nos fazer deixar de ser quem nós fomos? Nada mais é igual. O tempo passou e trouxe consigo muitas mudanças. O medo maior, agora não são mais as lembranças, mas si...