Deslizei minha mão sobre a dele, ele me puxou para cima.
Passou o dedo no contorno do meu rosto e apertou o meu queixo. Um sorriso curvou seus lábios, mas os olhos dele não sorriram. - Eu não quero a sua amizade, Mel.
Pestanejei. - Eu só achei que... Como agora sabemos da verdade... - Umedeci os lábios. - Achei que pudéssemos ter uma relação amigável, mas compreendo se você não quiser ter mais contato comigo mesmo assim.
Ele me olhou como se eu tivesse acabado de falar uma loucura. - Que merda, Mel! Você tem me ouvido? - Afastou-se de mim. - Não quero ter nenhuma relação amigável com você. Como espera que sejamos amigos se a todo momento tenho outros tipos de pensamentos em relação a você. E posso lhe garantir que não envolvem nós dois apenas tomando um café juntos ou conversando amigavelmente.
Fiquei sem saber o que dizer. Até porque eu também não conseguia imaginar nós dois como bons amigos. Eu contando sobre um encontro qualquer fracassado ou ouvindo ele me falar sobre as suas relações amorosas com outras mulheres.
Quem eu estava tentando enganar, afinal.Christopher ficou de frente para a janela com os braços cruzados. - É isso que você quer? Ser minha amiga? - Ele se virou e me olhou. Era evidente sua irritação. - Porque eu costumo trepar com algumas delas - falou sarcástico.
O olhei sem acreditar em seu ataque repentino.
Fechei os olhos e balancei a cabeça. - Eu não acredito que me disse isso, Christopher.
Ele chegou até mim em milésimos de segundos. As mãos seguraram os meus braços. - Me perdoe, meu anjo. Falei sem pensar. Estou com a cabeça quente com tudo isso e ouvir você dizer que não quer nada comigo foi o limite.
Olhei diretamente em seu rosto contraído. - O que você quer, Christopher?
- Eu não quero a sua amizade - repetiu com a mandíbula firme. - Me diga, Mel, o que você sente por mim? - O braço dele rodeou a minha cintura e me puxou para junto de si. - Me responda, o que o seu corpo sente quando está assim próximo ao meu? - Passou os dedos nos meus lábios. - Quando toco a sua boca, como o seu coração responde? - Repousou a mão no lado esquerdo do meu peito. - Ele está acelerado agora. Você ainda me deseja, Mel? Deseja se entregar para mim? Me diga com sinceridade.
Deveriam até ser perguntas retóricas. Não precisava de respostas para saber. Estava explícito o que eu sentia.
Eu o desejava mais que tudo. Talvez até mais que antes, se fosse possível. Desejava ser dele novamente. E acima de tudo isso, eu o amava.
Se ele queria sinceridade, era o que teria.Toquei seu rosto. Passei a mão sobre sua bochecha, sentindo a textura da barba de dois dias que sombreava a mandíbula. Os músculos da face dele eram firmes e marcantes. Seus cabelos incrivelmente pretos estavam sem direção, caíam para os lados, alguns fios sobre a testa e a maior parte puxados para trás.
Ele pertencia a todas as categorias de beleza, ou melhor, fazia parte de uma exclusiva.
Movi a cabeça vagarosamente para cima e para baixo. - Acho que é impossível alguém desejar outra pessoa mais do que eu desejo você, Christopher. E quer saber de mais uma coisa? Eu nunca deixei de te amar. Consegue compreender isso? O que sinto por você vai além do que, simplesmente, a luxúria. Pode parecer idiota, mas nunca nenhum outro homem me causou as mesmas sensações que só você consegue. - despejei tudo, antes que me arrependesse.
Christopher segurou a minha mão e encostou os lábios na palma. - Não é idiota, eu entendo você.
Neguei. - Não entende, não. O que você sente por mim é apenas desejo. Não se compara aos meus sentimentos.
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Rosas Partidas |Livro 2| [Concluído]
RomantikO ser humano é mutável e subjetivo. Mas até que ponto as transformações são capazes de nos fazer deixar de ser quem nós fomos? Nada mais é igual. O tempo passou e trouxe consigo muitas mudanças. O medo maior, agora não são mais as lembranças, mas si...