Capítulo 64

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Uma dor fina subiu pela lateral do meu pescoço quando movi minha cabeça. Meus ombros também doíam levemente. 

- Meu anjo - ouvi a voz de Christopher como uma suave carícia em meu ouvido.

Abri os olhos, mas logo os cobri com a mão. Como eu consegui dormir sob aquela luz doentia que era a dos hospitais? 

- Que horas são? - Perguntei abrindo os olhos mais uma vez.

Christopher estendeu em minha frente uma garrafinha de água natural. Aceitei com gratidão, o intenso ar condicionado estava deixando minha boca seca e meus ossos duros. Quase pude ouvir meu cotovelo estralando quando levantei o braço para recompor meu cabelo que deveria estar uma desordem.

- São quase meio dia. Você dormiu bastante.

Ele estava de pé a minha frente vestido impecavelmente com um terno preto completo de botões dourados, seu cabelo negro perfeitamente penteado reluzia sob a luz branca do teto. Isso sugeria que ele havia passado em casa.

- Está a muito tempo aqui? - Fiz alguns alongamentos para exercitar meu corpo.

Ele passou a mão sobre meu cabelo, afastando para trás os fios soltos do elástico. - Não muito. Soube que a Evie ainda vai demorar um pouco para acordar. Enquanto isso, você precisa comer alguma coisa, ir para casa tomar um banho e descansar, não vai acelerar as coisas se ficar aqui sentada.

Me curvei para frente e apoiei meus braços nas minhas coxas. Dava pra ver um pouco do exterior através das janelas altas. O sol parecia tímido para aquele horário, bem, também não era exatamente verão, pelo contrário. 
Eu deveria estar no trabalho naquela hora, sequer lembrei de ligar pra Nicolai ou Julie avisando o motivo da minha ausência. Teria que dar notícias logo.

- Vou fazer isso.

- Vou levar você para comer, depois a deixo em casa.

- Eu posso fazer isso sozinha - rebati.

Christopher deu um passo atrás pra conseguir olhar para o meu rosto já que eu estava curvada. - Sei que pode, mas eu estou aqui - falou devagar. 

- Aparentemente sim. - esfreguei meus olhos com as pontas dos dedos. 

Não é que eu estivesse cansada, mas sentia como se alguém ou alguma coisa tivesse sugado as minhas energias.
O tempo em que eu estive ali era curto demais para minha mente ter ficado exausta, eu sabia que isso era só o acúmulo de estresse dos dias anteriores. 

Christopher levantou meu rosto com uma mão no meu queixo. - Minha querida - soou de forma doce -, porque minha companhia parece estar aborrecendo você? Venha comer comigo, gostaria de conversar um pouco. 

Balancei a cabeça e fiquei de pé. Seus olhos avaliaram meu rosto com precisão. Toquei em seu braço. - Não me aborrece, me desculpe. Vamos comer então. 

Aceitei a mão que ele me estendeu e deixei que me conduzisse para fora dali.

Como eu havia deduzido, o sol brilhava, mas seu calor já não mais o acompanhava. As árvores começavam a ficar esqueléticas, e as poucas folhagem que lhes restavam o vento se encarregava de soprar.
Os cabelos da minha nuca exposta se arrepiaram, meus dedos também ficaram frios. 

- Tem um lugar aconchegante para se fazer uma refeição decente aqui perto. - Ele olhou adiante como se desse modo eu fosse poder visualizar o local a que ele se referiu.

Seus olhos estavam quase da cor do gelo. A luz fria natural deixavam eles de um cinza claro. O maxilar não exibia mais a sombra da barba de hoje mais cedo.

Rosas Partidas |Livro 2| [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora