Capítulo 9

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Babélica. Seria a definição correta para descrever a situação atual em que cada um dos funcionários, incluindo a mim, se encontrava. 

Era algo que eu não gostaria de admitir, mas estávamos em cima da hora. Restavam apenas quatro dias.
Trabalhar com um prazo néscio de um mês era inconcebível.
Havia fechado contrato com um prazo tão curto, porque não seria inteligente dispensar um evento tão importante.

Jake sacudiu a cabeça. - Isso vai ficar pior quando iniciarem as obras do andar de baixo. Temos isolação acústica em todo o andar, mas acho que não será capaz de bloquear todo o efeito sonoro. 

Porra! Ele tinha razão.
O 36° andar entraria em reforma dali a pouco tempo. A sede da Cross Model ficava no 37° andar, e acabaria sofrendo com os efeitos acústicos.
Só espera que as obras não durassem mais do que um mês, e não atrapalhasse tanto a rotina da empresa com os sons. Precisaria falar com o responsável, quando fosse iniciada.

Passei os olhos pelas documentações que tinha sobre a mesa. - Daremos um jeito. Vou falar com o responsável pela obra para pedir que terminem o mais antes possível. 

- Já viu a lista de convidados? - Perguntou com interesse demasiado.

Afrouxei a gravata. - Só dei um olhada por cima. Não é necessário saber cada pessoa que foi convidada. Porra, quase toda a cidade está inclusa nisso. Já viu a quantidade no alto?

Jake sorriu. - É bastante. - Ele passou os olhos pelo papel. - Isso é interessante. Você deveria dar uma olhada nos nomes. Pelo menos entre o L e o O, talvez. - Um sorriso insinuava no canto da sua boca.

Enfiei os papéis dentro de uma pasta. - Não tenho tempo para ler nomes. - Apertei o botão vermelho no telefone. - Lolla, preciso que mande alguns documentos para o Sr. Ogawa.

- Certo, Sr. Cross.

Fechei o paletó. - Estou indo ao departamento pegar as autorizações legais do evento. 

Deixei o carro estacionado em frente ao prédio jurídico da cidade. Calculava não ficar ali por mais de vinte minutos. Só precisava assinar alguns papéis. 

Me aproximei da recepcionista baixinha de cabelo laranja. 

- Bom dia, senhor, em que posso ajudá-lo?

- Diga ao Sr. Boyler, que o Sr. Cross está o esperando.

Ela olhou para a tela do computador. - Sr. Cross, claro. O Sr. Boyler está em uma reunião, mas deixou o recado de que atenderá o senhor em poucos minutos.

- Obrigada.

Enfiei as mãos nos bolsos, ficando encostado em uma das paredes laterais.
Provavelmente não seriam mais vinte e sim trinta minutos.

Depois de sete minutos, algumas pessoas foram saindo de um corredor. Entre elas, reconheci a figura de Jhonatan Winston.
Ele segurava o que parecia ser um casaco de terno feminino, enquanto andava de um lado para o outro com o celular enfiado na orelha. 

Ele se virou para atrás e riu, fazendo um breve gesto em direção ao corredor. - Eu ia puxar seu cabelo, achei que estivesse dormindo. - consegui ouvir ele dizer.

- Sr. Cross? - me virei para a moça da recepção. - O Sr. Boyler pediu que entrasse. - Indicou um corredor. 

Bem, já era hora. Me virei e segui em um corredor oposto ao outro.

*

Tudo estava organizado.
A grande passarela foi armada na véspera, junto com o palco. As cadeiras e mesas perfeitamente distribuídas, as luzes foram instaladas com antecedência, os garçons já se encontravam todos no local, o bar e o bufê também estavam preparados e o tapete vermelho fora estendido a poucas horas atrás. Impecável. 

Passei o dia supervisionando os serviços de cada um, como sempre fazia a cada evento, mas aquele exigiu uma atenção especial por parte de todos. 
Adam e sua equipe se ocupara das modelos histéricas. 

Eu deveria chegar ao local com pelo menos uma hora de antecedência, junto com os primeiros convidados ansiosos, para tratar dos detalhes técnicos com Ogawa. O início estava previsto para às dez horas da noite e se estenderia por pouco mais das uma da madrugada.

Fiz o punho da camisa do smoking, prendendo com uma abotoadura. Desci a escada para a sala ao acabar de mim vestir.

O cômodo estava submerso nas sombras, iluminado apenas com as luzes da cidade. Caminhei até a porta, ouvindo as batidas ocas da sola do meu sapato baterem sobre o piso.

Jake veio até mim, assim que passei pelos fotógrafos amontoados na entrada.

Eram apenas nove e cinco, mas já haviam convidados circulando pelo bufê. Uma música soava ao fundo, misturada com vozes de conversas e tilintares de taças.

Ele me entregou uma taça com champanhe. - O homem está encantado com tudo, você precisa ver. Está nesse momento nos bastidores falando com as modelos. Já viu a quantidade de roupas da coleção? Porra! Eu acabei de fugir de lá, a Lia estava me fazendo refém das suas crises pré-desfiles. - Ele levantou a taça. - Eu preciso de algo mais forte, e isso ainda nem começou. 

Larguei a bebida intocada sobre a bandeja de um garçom, que já circulava para os ansiosos. - Eu vou falar com o Ogawa. Vejo você depois.


Rosas Partidas |Livro 2| [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora