Rosas Partidas |Livro 2| [Concluído]

Capítulo 66

Ergui a pasta. - Você está trabalhando com a empresa Cross?

- Hm. - Deu de ombros. - Assinei um contrato com a Cross Model, vou confeccionar algumas trajes para as modelos do evento de final de ano. Você ainda não presenciou, mas eles fazem um evento que é O evento, algo grandioso, praticamente toda a alta sociedade de Nova York e de fora vai. Nunca me interessei em ir, mas a gente ouve comentários. Não tem como ninguém não comentar alguma coisa ou outra sobre isso, mas esse ano eu vou! Claro que eles têm os próprios estilistas, mas estão sobrecarregados com a demanda de eventos, então precisavam de uma mãozinha. O Adam gosta bastante do meu trabalho, foi ele quem me indicou. A gente se conhece de umas feiras nacionais de moda. Ele é...

- Eu sei quem ele é - adiantei.

- Claro que deve saber. Como você também sabe, contratei o Felix e a Amanda pra trabalhar comigo como ajudantes a pouco tempo, então vou dar conta disso, eles são bons. Dependendo da quantidade de outros trabalhos que surgir, decido se preciso de mais gente de forma temporária. 

Comprimi os lábios. - Não sabia que você estava trabalhando com a Cross.

Lily pegou a pasta da minha mão e enfiou dentro da maleta. - Faz só alguns dias, menos de uma semana, acho. Christopher foi lá no stúdio com o advogado para definirmos todas as cláusulas do contrato - ela torceu o nariz nanico -, e com aquela modelo a reboque. Como é o nome dela mesmo? Uma que parece que saiu de um comercial de TV e que é esnobe pra cacete. Como se chama....

- Claire - disse seca. - Óbvio. 

- Claire, claro. Isso mesmo! Qual a dela com seu homem? 

Olhei enquanto ela terminava de guardar tudo. - Ele é o chefe dela.

Lily me olhou de lado. - Eles já treparam, não foi? Dá pra perceber pela forma que... - Ela fez um gesto exagerado com a mão. - Não sei dizer, mas dá pra ver a intimidade que eles compartilham. Não estou dizendo que o Christopher... - Começou depressa.

- Eu sei. Não se preocupe - a cortei com desdém. 

Ela estreitou os olhos. - Você está irritada. E o pior é que a desgraçada é linda pra cacete, o que irrita ainda mais. Mas você também é linda pra...

Suspirei e levantei ao ver que ela já tinha terminado. - Entendi, Lily - interrompi de novo. - Vamos? - Olhei as horas no relógio no meu pulso. - Preciso estar no Marea em vinte minutos.

Jhon tinha ligado umas duas horas atrás para combinar o lugar e confirmar as horas. Agora que se aproximava do encontro, eu estava ansiosa pra saber o rumo da conversa.

- Espera só um minuto. Vou fazer xixi. - Saiu correndo da sala.

...

Quando cheguei ao hospital depois do encontro com Jhon, já eram quase três da tarde. Evie estava acordada. Muitos familiares foram vê-la, só podia entrar uma pessoa no quarto e o tempo máximo de cada visitante era de dez minutos. 
Fiquei em pé na sala de recepção encostada em uma parede e batendo o pé enquanto esperava todos da família ir e sair. 
Minha vez chegou depois de cinquenta minutos de espera. Depois de escutar da mãe de Evie um breve relatório de como estava o humor dela, entrei no quarto com passos silenciosos.

Notei primeiro a grande quantidade de flores, balões vermelhos em forma de coração amarrados na cabeceira da cama dobrável, caixinhas de chocolates e ursos de pelúcias.
Ela estava quase sentada na cama com o rosto virado pras janelas abertas. Os braços dela estavam enfaixados e uns tubos finos saíam dos esparadrapos dos pulsos. O dedo dela batucava débil o colchão fino. Estava coberta da cintura pra baixo.