Epílogo

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Coleciono memórias agora.
Bem, tecnicamente não as coleciono, mas gosto de reviver cada pedacinho de cada minuto daquele dia. As guardo em um lugarzinho reservado da minha mente e, às vezes, em momentos descontínuo do dia, me pego pensando no dia em que nossas almas se uniram. 
Sim, nossas. Porque essa história nunca foi só minha. 

Gostaria de estar aqui dizendo que eu fui a única protagonista do meu enredo, pois tudo se tornaria mais fácil de ser entendido, mas não seria a minha verdade. 
A minha verdade é bem mais profunda que isso. 
Nunca fui a estrela nesse meu grande e excêntrico palco chamado vida. Eu decidi compartilhar a glória do estrelato com as pessoas que ajudaram a tornar a minha história valiosa. 

Lembro bem daquele dia.
Não se esquece o dia mais importante e mais maravilhoso da sua vida. 
Ainda sinto a sensação do sol morno sobre a minha pele e do vento soprando meus cabelos. O barulho do mar ainda era nítido. 

Na hora eu não me fixei no clima e nesses detalhes minúsculos, mas agora era uma lembrança preciosa. Naquele dia minha atenção estava especialmente voltada para a dor gostosa de nervosismo que apertava o peito e, exclusivamente, para a pessoa com quem eu sairia dali de mãos dadas.
No entanto, recordo perfeitamente dos olhares. 

Sempre me senti atraída por olhares. Dizem que eles são a porta da alma. Eu concordo com isso. Eles são a passagem para a alma, mas também não são apenas isso. 
Dá para mensurar quanta dor ou quanta luz cada um carrega dentro de si olhando em seus olhos. Mas é preciso mais que ver, é necessário enxergar.

Eu enxerguei aqueles olhos cinzas brilhantes, me olhando de cima, enquanto eu me aproximava para segura-lhe a mão. Havia um mundo todo dentro deles. O meu mundo estava ali.
Jamais esqueceria o que senti naquele momento. 

Guardo muitas recordações comigo. 
Não apenas do dia mais importante da minha vida, mas também lembranças dos dias, semanas, meses e anos que se seguiram.
Não foram apenas flores, tiveram espinhos. Nem todos os momentos foram felizes como se espera que sejam. 

Houve dificuldades no caminho, algumas fáceis de lidar, outras difíceis, que exigiram sacrifícios da parte de ambos. 
Houve esforço. 
Nós dois nos esforçamos para fazer o amor sempre vender os obstáculos do dia a dia.
Houve a firmeza das promessas consolidadas sempre que necessário. Mesmo na época mais sombria da vida dele, ele manteve seus votos feitos no altar. Me rasga o peito só de relembrar daquele período. 

Houve muitas alegrias.
Houve muito amor e lealdade.
Houve muitas brigas também. Ainda me causa uma crise de risos a lembrança da nossa última discussão. Um episódio realmente estranho e hilário que, se eu contasse, ninguém acreditaria...

O que mais me alegra em meio a tanta nostalgia, é a segurança de que ainda haverá muitos momentos depois de hoje. 
O futuro nos reserva bem mais coisas do que já vivemos.






Rosas Partidas |Livro 2| [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora