Capítulo 31

1K 83 9
                                    

Sugeri a ele que comêssemos na sala. A mesa parecia formal demais.

Christopher depositou os pratos sobre a mesa quadrada de centro.

Sentei com as pernas cruzadas no tapete felpudo. Ele sentou próximo a mim.
Enfiei a primeira garfada de espaguete na boca. O sabor era de outro mundo. O camarão também não ficava para trás. 
Não sabia que estava com fome até começar a comer.

Christopher soltou um risinho. - Você come gemendo. Tinha esquecido. 

Tomei um gole do vinho. - A culpa é da sua comida. 

Ele encheu sua taça de vinho. - Assim você fica mais parecida como era antes. 

Fez referência ao meu cabelo liso sem as ondas do babyliss que eu usava no dia a dia.

- Você não está tão diferente - observei também.

- As mulheres costumam mudar mais do que nós. Eu gosto das suas botas.

Olhei para as botas marrons de couro. - Eu também gosto delas. - Parti um pedaço do salmão e levei a boca.

Comemos em silêncio, olhando um ao outro. Os olhos dele não despregavam dos meus, e nem os meus dos dele.

Observei o movimento sensual que sua boca fazia ao mastigar. 
Eu me mexia cada vez que o garfo passava lentamente entre os lábios dele, e ele parecia notar o efeito que estava causando em mim.

Ele passou a língua preguiçosamente no lábio inferior com o olhar fixo no meu. - Você costuma ter muitas reuniões com um único cliente?

O olhei meio confusa. - Quantas forem necessárias. 

- E quem escolhe os lugares são eles ou você?

- Acho que ambos. Depende se for um exigente. Por quê?

Tomou um gole da bebida, me olhando sobre a taça antes de responder. - Por que sou um cliente seu, lembra? Isso nos diz que terei sua companhia quantas vezes eu quiser.

Estreitei os olhos. - Como assim?

- Eu contratei seus serviços para decorar meu apartamento - lembrou como se fosse o óbvio. 

Limpei a boca com o guardanapo, negando com a cabeça. - Não é verdade. Aquilo foi apenas uma estratégia sua para me fazer ouvir você. 

Foi a vez dele de negar. - Tenho um imóvel que necessita de cuidados e requeri seus serviços. Nessas condições, passo a ser um cliente seu.

- E fica a meu critério aceitar ou não.
 
- Sei que você é profissional o suficiente para reconhecer um bom projeto, ademais, não vejo necessidade de procurar outro profissional para esse trabalho se já conheço alguém que é capaz de tomar partido disso.

Enchi a boca com espaguete.

Ele sabia como convencer, e era ciente dessa sua habilidade, tanto que estava nesse momento sorrindo diante do meu silêncio. 

Olhei para minha frente, comendo o resto da comida sem mais comentários. 

Quando cheguei havia notado uma distinção no ambiente que só até então não tinha conseguido perceber o que era.

Indiquei para ele a parede de vidro coberta por persianas opacas. - Você tem uma bela vista para deixá-la bloqueada.

Ele limitou-se a dar de ombros.

Ajudei a levar os pratos para a pia, fazendo questão de me oferecer para lavá-los já que ele tinha feito o jantar, mas ele insistiu de que não havia necessidade de nenhum de nós dois lavarmos.

Rosas Partidas |Livro 2| [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora