Sugeri a ele que comêssemos na sala. A mesa parecia formal demais.
Christopher depositou os pratos sobre a mesa quadrada de centro.
Sentei com as pernas cruzadas no tapete felpudo. Ele sentou próximo a mim.
Enfiei a primeira garfada de espaguete na boca. O sabor era de outro mundo. O camarão também não ficava para trás.
Não sabia que estava com fome até começar a comer.Christopher soltou um risinho. - Você come gemendo. Tinha esquecido.
Tomei um gole do vinho. - A culpa é da sua comida.
Ele encheu sua taça de vinho. - Assim você fica mais parecida como era antes.
Fez referência ao meu cabelo liso sem as ondas do babyliss que eu usava no dia a dia.
- Você não está tão diferente - observei também.
- As mulheres costumam mudar mais do que nós. Eu gosto das suas botas.
Olhei para as botas marrons de couro. - Eu também gosto delas. - Parti um pedaço do salmão e levei a boca.
Comemos em silêncio, olhando um ao outro. Os olhos dele não despregavam dos meus, e nem os meus dos dele.
Observei o movimento sensual que sua boca fazia ao mastigar.
Eu me mexia cada vez que o garfo passava lentamente entre os lábios dele, e ele parecia notar o efeito que estava causando em mim.Ele passou a língua preguiçosamente no lábio inferior com o olhar fixo no meu. - Você costuma ter muitas reuniões com um único cliente?
O olhei meio confusa. - Quantas forem necessárias.
- E quem escolhe os lugares são eles ou você?
- Acho que ambos. Depende se for um exigente. Por quê?
Tomou um gole da bebida, me olhando sobre a taça antes de responder. - Por que sou um cliente seu, lembra? Isso nos diz que terei sua companhia quantas vezes eu quiser.
Estreitei os olhos. - Como assim?
- Eu contratei seus serviços para decorar meu apartamento - lembrou como se fosse o óbvio.
Limpei a boca com o guardanapo, negando com a cabeça. - Não é verdade. Aquilo foi apenas uma estratégia sua para me fazer ouvir você.
Foi a vez dele de negar. - Tenho um imóvel que necessita de cuidados e requeri seus serviços. Nessas condições, passo a ser um cliente seu.
- E fica a meu critério aceitar ou não.
- Sei que você é profissional o suficiente para reconhecer um bom projeto, ademais, não vejo necessidade de procurar outro profissional para esse trabalho se já conheço alguém que é capaz de tomar partido disso.Enchi a boca com espaguete.
Ele sabia como convencer, e era ciente dessa sua habilidade, tanto que estava nesse momento sorrindo diante do meu silêncio.
Olhei para minha frente, comendo o resto da comida sem mais comentários.
Quando cheguei havia notado uma distinção no ambiente que só até então não tinha conseguido perceber o que era.
Indiquei para ele a parede de vidro coberta por persianas opacas. - Você tem uma bela vista para deixá-la bloqueada.
Ele limitou-se a dar de ombros.
Ajudei a levar os pratos para a pia, fazendo questão de me oferecer para lavá-los já que ele tinha feito o jantar, mas ele insistiu de que não havia necessidade de nenhum de nós dois lavarmos.
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Rosas Partidas |Livro 2| [Concluído]
RomanceO ser humano é mutável e subjetivo. Mas até que ponto as transformações são capazes de nos fazer deixar de ser quem nós fomos? Nada mais é igual. O tempo passou e trouxe consigo muitas mudanças. O medo maior, agora não são mais as lembranças, mas si...