Capítulo 11

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Foi como se tivesse sido erguida uma parede de vidro em minha frente, que me impedia de seguir adiante. Meus pés se fixaram no chão. 
Talvez fosse um delírio, uma miragem, um surto de esquizofrenia. Mas não era nada disso.

Ela estava diante dos meus olhos. Ao vivo em frente a mim como um anjo em meio ao mar de gente. 
Seu olhar era direcionado para mim, me olhava assim como eu a ela.

Eu era capaz de ouvir meu coração descompassado mesmo com o barulho de vozes ao meu redor. Estava literalmente tremendo. 

Ela não podia estar aqui. Não era real. Presto havia dito que ela ainda estava fora do país. Mas isso foi a um mês atrás. Porra! 

Minhas mãos estavam frias e escorregadias, à medida que minha garganta, agora, estava incrivelmente seca.
Depois de tanto tempo, ela estava ali. Perto de mim, ao meu alcance. Estava diferente, não era completamente igual a antes, mas eu não tinha dúvidas de que era ela.
Naquele momento nada mais importava. Minha mente estava inerte, e tudo o que me interessava era ela. A sua presença diante de mim. Eu queria correr ao seu alcance, tocá-la. Ela voltara pra mim. A minha Mel.

Não seu filho da puta! Ela não voltara pra você, não era mais sua. 

Seus olhos deixaram os meus, e um frio me invadiu. Ela murmurou alguma coisa para alguém ao seu lado e se virou. Me deixando abandonado e sozinho. 
Meu sangue começou a congelar nas minhas veias e um sentimento de incapacidade me tragou. 
Eu estava num inferno congelante. A dor martelou em meu peito. Eu queria gritar pelo seu nome, queria implorar de joelhos que não me deixasse.
Mas ela já havia me deixado há muitos anos. Me largou sem nenhuma cerimônia. Me trocou, me traiu.

Como ela pôde fazer isso comigo?

Todos os sentimentos se fundiram e se tornaram um só, e eu era incapaz de distinguir a raiva, o remorso, o amor, a saudade.

Eu precisava agir.

Alguém tocou meu braço, e chamou pelo meu nome. Mas minha mente estava absorta em uma única pessoa. Me livrei daquela mão e segui, abrindo caminho pela multidão.

Tinha que encontrá-la, confrontá-la. Eu precisava estar perto daquela maldita traidora, que meu coração fodido insistia em amar. 

Provavelmente, eu me encaixava num papel de louco perseguindo a sua presa. Mas, porra, eu havia enlouquecido no dia em que a perdi.

Eu não fazia ideia do que lhe diria, ou muito menos como iria reagir ao tê-la ao alcance das minhas mãos, mas depois de tantos anos eu precisava ouvir sua voz, ver seu rosto de perto, sentir seu perfume. 
Ela havia me largado sem aviso prévio, não me deu tempo para despedida. Em um momento eu a tinha em minhas mãos e no outro a milhas de distâncias. 
Vê-la novamente era sufocante e surreal. 

Meus olhos percorreram nervosamente todo o salão. Não demorei muito até reconhecer seu cabelo.
Caminhei com passadas largas até o bar, diminuindo os passos à medida que chegava mais perto. 

Evie, que estava ao seu lado, levantou o copo em minha direção com um sorriso no rosto. - Parece que alguém quer falar com você. Vou procurar o Jim. - desceu do banco e se afastou.

Seu rosto se virou em minha direção.
 
Cacete! Como ela havia ficado mais linda do que já era? 

Consegui perceber a mudança nela. O rosto ainda tinha as mesmas linhas simétricas e bem desenhadas, porém, agora sua expressão era mais madura. Seus lábios também eram os mesmos. Convidativos como o inferno. Os olhos de cor azul anil, eram iguais, mas tinham um brilho diferente. Não estavam quentes e calorosos como costumavam ser. Seu olhar era duro e frio.

Rosas Partidas |Livro 2| [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora