Capítulo 30

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Tive o cuidado de passar em uma loja e comprar uma garrafa de vinho tinto no caminho de ida.

Eram exatas sete horas quando entrei no saguão do prédio que ficava no upp west side.

Uma melodia baixa e tranquila preenchia o ambiente através dos alto-falantes estrategicamente escondidos pelo teto. 
Algumas pessoas passaram por mim em direção ao restaurante do prédio. 

- Olá - chamei a recepcionista. 

Era a mesma mulher com quem eu havia falado no dia em que viajei para a Alemanha.
Me perguntei se ela estava me reconhecendo quando seu olhar me examinou.

A mulher sorriu profissional. - Boa noite, senhorita. Tenho ordem para deixá-la subir. - Liberou minha entrada sem que eu precisasse informar meu nome.

Arrastei meu braço de cima do balcão bem polido. - Obrigada. 

Me juntei às outras três pessoas no elevador.
O homem entre as duas mulheres do local me cumprimentou com um boa noite bem praticado.

Olhei meu reflexo na porta do elevador, conferindo se o rímel tinha manchado meus olhos, em decorrência da chuva fina que levei ao sair do carro até a entrada. 

Firmei o elástico do meu cabelo e esperei as portas se abrirem no penúltimo andar.

Andei até a porta de madeira escura e elegante. A familiaridade do local começou a apertar meu peito.

Era estúpido, mas eu estava tremendo.

Enxuguei as mãos escorregadias na calça jeans, pronta para tocar a campainha, mas a porta foi aberta antes disso.

Christopher apareceu na minha frente com um sorriso em seu belo rosto barbeado.

Ele usava uma calça jeans escura, que marcava suas coxas firmes e uma camisa preta lisa de algodão e de mangas compridas. O tecido deixava aparente os contornos do seu peitoral sob a camisa.

Aquela era a primeira vez, desde muito tempo, que eu o via de roupas informais. Até então só o tinha visto de terno. 
Não consegui decidir de qual das suas duas versões eu gostava mais. 

De terno ele era irresistivelmente sexy e delicioso, com seu ar de seriedade e arrogância em cada movimento seu. E daquele modo, ele estava maravilhosamente sedutor, atraente, lindo e outra vez delicioso. 
Decidi ficar com as duas versões. 

- Oi - foi tudo o que eu disse.

Fui puxada para dentro. - Não fique aí parada, entre. - Ele tirou a sacola da minha mão com um movimento rápido. - O que você me trouxe?

Movi a cabeça, inspecionando o ambiente. 

Era assustador o vínculo daquele lugar com as minhas lembranças. Não havia mudado em quase nada.

Os tons oscilantes de cinza na maior parte da decoração continuavam os mesmos. Os mobiliários, em sua maioria, eram constituídos por madeira maciça com acabamento na cor preta lustrosa. Tudo bem polido. 
A cozinha americana destacava-se pela beleza do aço em toda a decoração, com detalhes em cinza escuro. 
O lugar tinha uma, indiscutível, sobriedade masculina. 

- Coincidência ou recordação? - Ergueu a garrafa de vinho que costumava ser seu preferido.

- Ainda é um dos seus favoritos?

- Meus gostos permanecem sólidos. - Deixou a garrafa sobre o aparador de entrada. - Deixe-me ajudá-la.

Suas mãos foram para os meus ombros, livrando meus braços da jaqueta.

Rosas Partidas |Livro 2| [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora