Bônus - Brooke

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Aqui vai o bônus da nossa amorzinha.

Brooke narrando.

6 anos atrás...

-Amor você não acha que já está na hora de assumir nosso compromisso para seus pais?- Cris pergunta enquanto faz carinho em meus cabelos.
Eu que mantinha meu olhos fechados aproveitando de seu carinho, os abro e fico a encarando sem resposta.

-Não sei...-digo por fim.

-Brooke eles são seus pais, vão te aceitar.-ela diz, me levanto e me sento de frente para ela. -Eles não farão o mesmo que meu pai fez comigo, Emma e Felipe são um amores e nunca demonstraram nenhum preconceito sobre isso.-ela diz pousando sua mão em meu rosto.

Desde que meu relacionamento com a Cris se fixou, a mesma quer que eu assuma minha bissexualidade aos meus pais. 
Eu só não consigo, tenho medo da maneira que eles irão reagir... e se eles quiserem me expulsar de casa ? Eu não tenho para onde ir.  Muitos pensam que apenas os gays e as lésbicas sofrem e esquecem que os bissexuais também estão nessa, me lembro de uma vez, uma amiga minha da escola havaianas descobrido que sou "bi" e me chamou de confusa e que eu era sem vergonha e queria pegar todo mundo.

Meu medo e dos meus pais não me aceitarem e me expulsarem de casa, para onde eu iria? Eu não teria para onde ir.

-Vai dar tudo certo amor, e se não der você tem a mim e a sua irmã,  minha casa sempre vai estar de portas abertas para você. Confia em mim, quando você se assumir para eles, vai se sentir mil vezes mais livre. -ela diz e esboça um sorriso.

Minha namorada é tão fofa e gentil, que dá até raiva do seu pai por tudo que fez a ela.
Os pais da Cris são separados desde que ela tinha cinco anos, seu pai acabou ficando com sua guarda e aos seus quatorze anos ela se assumiu para seu pai. Ele por ser tão cabeça fechado disse coisa horríveis para ela, a agrediu e por fim a expulsou de casa. Minha namorada foi morar com sua mãe que diferente do seu pai deu todo apoio e amor que ela merece.

-Tudo bem, assim que chegar em casa eu converso com eles.-digo e esboço um sorriso fraco, me aproximo da minha namorada e selo seus lábios ao meu.

(***)

Aperto a maçaneta da porta em minha mãe e sinto um enorme arrepio em todos os pelos do meu corpo. Respiro fundo e giro a mesma empurrando a porta,passo meu olha sobre a sala a procura dos meus pais e não os encontro.
Coloco meu celular sobre o sofá e chamo pelos meus pais.
-Estamos aqui no quarto filha.-ouço minha mãe avisar.

Esfrego minhas mãos,Respiro fundo e repito as palavras da Cris para mim mesma: "vai dar tudo certo.". Caminho até o quarto da minha mãe e paro em frente a porta me perguntando se dava tempo de voltar para trás.

-Está tudo bem Brooke? -meu pai pergunta desfocado sua atenção da TV e a direcionando para mim.

E não tempo de voltar atrás...

-Preciso conversar com vocês. -digo seria e percebo que minha voz pareceu meio trêmula.
Minha mãe para de dobrar as roupas de seu guarda e se senta na beirada da cama ao lado do meu pai, puxo uma cadeira ficando frente a frente com eles.
Respiro fundo e começo:
-Bom, a um tempo atrás eu comecei a perceber que sentia atração por meninas, no começo foi tudo muito confuso eu não sabia que estava acontecendo comigo, principalmente quando eu continue me sentido atraída por garotos. No começo eu cheguei a pensar que era lésbica,porém ficou mais confuso ainda quando me vi atraída por garotos ao mesmo tempo.-digo tudo de uma vez e encaro o chão, eu estava morrendo de vergonha de olhar nos olhos dos meus pais naquele momento.
-Aí eu conheci a Cris, como vocês sabem ela é lésbica e me apresentou a bissexualidade, foi aí que me encontrei. Eu me sentia atraída por ambos, e sabia que não era à única a se sentir assim...-digo e fico em silêncio esperando que eles digam algo.
-Tudo bem filha, a gente te entende.-meu pai diz e eu levanto meu olhar para ele.
-Entende?-pergunto confusa.
-Sim.-minha mãe diz calmamente. -Você pensou o que?que iríamos te bater ou expulsar daqui por causa da sua sexualidade?-Ela perguntou e eu fiquei em silêncio. -Filha a gente te ama,jamais faríamos isso  com você.-ela diz segurando em minha mão carinhosamente.
-O que nos importa é a sua felicidade, se você estiver feliz ao lado de uma menina ou menino tudo bem, por tanto que essa pessoa te ame e te trate com carinho e respeito que você merece.-meu pai diz.

Fico surpresa com suas respostas, fico completamente sem reação. Me levanto da cadeira e os abraço,  tudo bem que foi um abraço desajeitado por conta deles estarem sentados, mais tudo bem. O que importa é a intenção.

-Vocês são os melhores pais do mundo.-digo depois que me afasto deles. Os dois sorriem.
-Muito obrigada por tudo, vocês são incríveis. -digo limpando uma lágrima.

-Imagina filha, você estando feliz vai estar nos deixando feliz.-minha mãe diz e me pai comfirma com a cabeça. -Mais me diz,você e a Cris...?-minha mãe diz com um sorriso malicioso no rosto. Sinto meu rosto queimar e a risada do meu pai ecoa pelo ambiente.

-Emma!-ele a repreende e eu acabo rindo da cara de inocente que ela fez.

-o que? Eu só perguntei.-ela se defende.

-A gente está namorando mãe.-digo e vejo um sorriso brotar no rosto da mesma.

-Traga ela para um almoço qualquer dia desses, e aproveita para oficializar esse namoro.-ela diz animada.

-Ela vai adorar o convite.-digo caminhando até a porta. -Eu amo vocês. -digo antes de se retirar.

-A gente também te ama.-meu pai diz,sorrio como resposta e saio do quarto.

A Cris estava certa,estou me sentindo mil vezes mais livre, me sentindo melhor comigo mesmo. Eu não preciso esconder o que realmente sou agora.
Rio me lembrando do meu nervosismo desnecessário, eles reagiram tão bem que me senti meio idiota para minha atitude de minutos atrás.

Pego meu celular na sala e disco o número da Cris, no terceiro toque ela atende e antes que diga algo começo:
-Deu tudo certo.-digo com um sorriso de orelha a orelha.
-Eu sabia que ia dar tudo certo...-ela diz e eu rio.

A ligação não dura muito tempo,pós já estava um pouco tarde então tomo um banho e vou me deitar.

Confesso que o sono demorou um pouco para chegar, eu só conseguia me sentir orgulhosa pelos pais maravilhosos que tenho, agradeci toda hora a Deus mentalmente por ter sido adotada por pessoas tão maravilhosas como eles.
E depois de um tempo o sono me venceu.

Um novo recomeço Onde histórias criam vida. Descubra agora