Capítulo 2 - O Fora

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- (...) O cara parecia não saber o que queria, entende? A maioria dos assuntos da revista são voltados para as gordinhas e eu estava lá como uma das figuras representativas. Daí ele foi e pediu para me emagrecer no photoshop sendo que durante a sessão de fotos ele achava que eu... não estava gorda o suficiente.

- Babaca!

- Só me sujeitei àquilo porque estava ganhando.

Eu comentava com a Becca enquanto tomávamos alguns drinks. A festa estava como todas as outras passadas em que nós já tínhamos ido : música instrumental lenta, grupinhos de

pessoas reunidas em um canto bebendo, algumas paqueras daqui ou dali. Nada demais. A única coisa boa era a comida e as bebidas, que eram bem preparadas e servidas de graça.

- Prometo que da próxima eu organizo melhor esse tipo de coisa. Não se pode ir aceitando a oferta de qualquer um sendo que nem conhecemos o carisma da pessoa.

- É, tem razão.

Bebi um gole do meu drink. Por essa frase ser a única que eu havia dito naquela hora antes de abaixar a cabeça e tomar minha bebida, Becca achou que eu estivesse triste com algo.

- Algum problema?

Tocou o meu joelho. Becca parecia uma mãe pra mim, preocupada e que me conhecia até demais. Ela sabia que ao mesmo tempo em que eu era forte, confiante e destemida, eu também era frágil, emotiva e sensível, por isso ela achava que todos deveriam ter o máximo de cuidado com as palavras pra falar comigo ou qualquer coisinha que me dissessem, eu já começaria a chorar ou ficaria emburrada o resto do dia.

Eu acho que na cabeçinha dela era o seguinte : se algum dia alguém perfurasse minha camada protetora e se atrevesse a me magoar usando o fato deu ser gorda, eu entraria em depressão, incluiria a possibilidade de suicídio, essas coisas. Por isso ela tentava evitar ao máximo conversando sempre comigo, me dando conselhos, participando da minha vida, me levando pra sair como distração.

É porque ela sabe que a minha infância foi difícil -também seis anos de amizade e parceria- e hoje é super cuidadosa com a minha pessoa. Eu só tenho a agradecer por ter a melhor amiga do mundo ao meu lado.

- Não.

Dei-lhe um sorriso reconfortante.

__Não deixe esse tipo de coisa te afetar, minha gata__ Você tem que pegar as ofensas que te abalam e transformar em força de vontade.

Okay, às vezes ela era um pouco... paranóica. Eu não levava todo palavreado destinado a mim como algo ofensivo sobre o meu corpo. Tipo os meus parentes. Quando criança, o único nome pelo qual eles me chamavam era rechonchuda e sinceramente eu não ligava.

__ Rebecca, tá tudo bem__
Não se preocupe.

Peguei meu celular dentro da bolsa. Nessa hora ela começou a gesticular e a falar silenciosamente para alguém atrás de mim.

- O que tá fazendo?

- Eu? Ahn... Nada.

Aquela festa estava muito desanimada (ou será que eu era quem estava?). A questão é que eu já tinha contribuído com a minha presença e já estava pensando em ir embora. Agora se a Beck quisesse ou pretendesse ficar...

- Becca!

Vi que ela havia feito de novo : gesticulado para alguém.

- Que foi?

- Vai até lá!

- N-não é ninguém, só... um amigo que eu costumava conversar.

- Sei.

- Eu vim com você e não vou te deixar sozinha.

- Relaxa, eu já vou indo nessa.

- Sério? E-então eu... eu só vou lá cumprimentar ele rapidinho e já volto. Daí nós vamos juntas.

Pegou suas coisas, arrumou o decote e se levantou, indo até o rapaz. Até poderia ser apenas um amigo, mas eu tenho certeza que os dois iriam ficar. Toda vez era a mesma coisa quando eu saía com a Beck, era ela quem na maioria das vezes se dava bem no final da noite. Eu geralmente ficava com o amigo, que na real não queria nada.

- Aham. Tá bom.

Disse pra mim mesma, terminando de tomar minha bebida.

- Oi.

Um cara se aproximou, sentando-se.

- Se você não sabe, o lugar tá ocupado.

Olhei rapidamente para ele e depois voltei a prestar atenção no meu celular.

- A única coisa que eu quero saber é se você vai pra casa hoje junto comigo.

O encarei por cima dos cílios, sorrindo de lado. A cantada não tinha sido ruim, eu é quem não estava muito no clima.

- Direto. Gostei. Vê se você gosta quando eu também sou direta.

Me levantei e cheguei bem perto do seu ouvido.

- Não.

Peguei minhas coisas e fui pra porta de saída.

Eu reclamava de não ter ninguém com quem ficar no final da noite, mas também não era de aceitar qualquer um, principalmente esses que chegam com suas cantadas medíocres. Logo de cara já sei suas intenções e na real, eu procuro por algo sério.

A Becca diz que é bobagem, que eu devia esquecer isso, sair pegando todo mundo e que são raros aqueles que querem um relacionamento. Mas eu ignoro e continuo firme e forte com o meu pensamento positivo de que ainda vou achar meu príncipe encantado.

_____

Quem será?

Tô nervosa,😅😅

Vocês comentem se não vão ficar de castigo

Irei começar algumas mudanças,no decorrer dos capítulos.

O CHEFE - ZEUS ]Onde histórias criam vida. Descubra agora