Capítulo 27 - Desamparado

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Leiam as notas no finalzinho do capítulo
Super importante 😘

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ANASTACIA RILEY

Eu não sabia como era o quarto do Zeus, mas acho que tinha acabado de descobrir. Ou vai ver eu estava enganada e a decoração do quarto de hóspedes parecia mais que tinha sido feita por um adolescente de 17 anos.

Era cheio de coisas relacionadas a futebol americano. Posters, medalhas, troféus, uma bola. Na parede tinha uma camiseta pendurada escrito o número dez e embaixo o nome Ferraro.

- Pelo visto, o deus do trovão era a estrela do time no ensino médio. Já imagino aquele estereótipo de muleque riquinho e popular, cheio de amigos e onde as garotas burras e de baixa auto-estima se derretiam. Será que são só vitórias na vida desse cara?

Disse baixinho, conversando comigo mesma.

- Derek pegou todas as malas?

Adentrou o quarto e fechou a porta, me catando no flaga, olhando tudo.

- É, acho que estão todas aqui. A sua irmã está melhor?

Me sentei na cama.

- Sim. A gente desenhou um pouco, brincamos de quebra-cabeça...

- Legal. Você... parece se importar bastante com ela.

- A Sierra é o meu tesouro! E eu já aceitei o fato de que aqui não é lugar pra ela, só que eu também não posso tirá-la da própria casa e fazer com que a mesma me siga por aí.

Eu podia ver a sinceridade em suas palavras.

- Tirando a minha irmã, eu só me importo com mais pessoa nesse mundo.

Me encarrou por cima dos cílios, de modo penetrante. Engoli em seco, virando o rosto.

- A sua mãe parece gentil.

Mudei de assunto.

- Óbvio, tirando aquela cena de agora pouco lá embaixo, ela não parece ser aquela tirana que você descreveu.

- É tudo fingimento, Anastacia . Você não tem nem ideia de como ela realmente é.

Começou a desfazer suas malas.

- O único fingido aqui é você, que chegou dizendo, todo sorridente, "oi mãe, sou eu, seu filho número um" e quando ela veio te abraçar, você mal a tocou.

- Uma vez você me perguntou da onde vinha essa minha vontade de ferir as pessoas. Quer mesmo saber? Tudo bem.

Deixou de lado as suas coisas, me encarando de um jeito enfurecido.

- Eu e a minha mãe quase nunca fazíamos algo juntos. Toda vez ou eu brincava sozinho ou com os criados. Mas uma coisa que ela gostava de fazer e não precisava de ajuda nenhuma era me bater. Apanhei muito na infância. Na época eu ainda era filho único, muleque agitado e sem responsabilidades. Sempre se metia em confusão por coisa atoa e arranjava brigas na escola. Nos meus 15 anos, eu experimentei maconha pela primeira vez e a minha mãe descobriu, o que foi motivo para uma bela coça. Quanto mais eu crescia, menos eu apanhava, por isso fazia tempo que eu não levava umas palmadas dela. E enquanto a minha mãe estava lá, me batendo com um cinto, eu comecei... a gemer e a ficar duro. Tem noção disso, Anastacia ? Eu fiquei excitado com as punições da minha própria mãe.

Zeus estava tremendo e suando frio. Seu olhar estava vago e àquilo parecia mais um desabafo do que uma confissão. Eu já estava ficando assustada e com dó, não sabia se pedia para ele parar, se saía correndo ou se o abraçava.

- Eu gozei naquele dia. Àquilo já tinha me acontecido inúmeras vezes quando eu assistia pornô, mas nunca veio tão forte e... aliviador. Eu gostei da sensação e continuei arrumando brigas no colégio, só para poder chegar em casa e levar uns tapas da minha mãe. Eu passei a ansiar para sentir o couro do cinto encostando na minha pele e me deixando com vergões.

- Meu Deus!

Cobri a boca, balançando a cabeça em um não, perplexa da cabeça aos pés.

- Só que tudo o que é bom, dura pouco. Eu estava descontrolado! Era suspenso das escolas praticamente todos os dias porque eu queria brigar sem motivo. Então arrumei outro método para receber as pancadarias. No meu aniversário de 21 anos, o Marcos e o Jessie me levaram para uma boate de stripper. Eles não sabiam o que eu procurava, mesmo assim me apresentaram a uma mulher que fazia tudo o que eu pedia. Shelly era o seu nome , mais conhecida por Shell. Eu ia lá quase sempre. Ela me proporcionava de modo incrível o prazer do masoquismo, e ainda por cima me ensinou a arte do sadismo. Poucos meses depois e eu já estava praticando com algumas vítimas e descobri que gostava mais da sensação de ver alguém apanhando do que eu apanhar.

- A que ponto o ser humano pode chegar!?

Sussurrei, quase que inaudível. Àquilo parecia mais um... pensamento dito em voz alta.

- Por isso que eu nunca mais voltei pra casa e hoje mal consigo olhar pra cara da minha mãe. Ela não sabe e segue a vida normalmente, com a consciência limpa, porque na sua cabeça, ela só estava fazendo seu papel, educando seu filho.

- Zeus, e-eu sinto muito se o que eu disse acabou tocando a sua ferida e te obrigando a me explicar tudo, desde o início.

Me desculpei, visivelmente arrependida.

- Você acha que eu não sei que tenho um problema? Que tipo de maníaco se excita apanhando da mãe?

Ele começou a derramar lágrimas sem querer. Aquela era a primeira vez que eu o via chorar.

- Eu estou tentando buscar por controle, fazer com que isso volte a adormecer dentro de mim.

- Essa coisa se manifestou quando você tinha só 15 anos. Você está com quase trinta atualmente. Não é algo passageiro e que você vá conseguir dominar sozinho.

Fiquei de joelhos na cama, me aproximando dele e pegando em seu rosto gélido.

- Deixa eu te ajudar, Zeus. Nós podemos ir até um grupo de ap...

- A mudança tem que vir de mim.

Agarrou minhas mãos.

- É, mas para travar essa batalha, você precisa das devidas armas, que são ajuda necessária e devido apoio.

Ele soltou as minhas mãos e enxugou o rosto, se afastando um pouco.

- Depois eu termino de arrumar isso.

Se referiu as malas, mudando de assunto.

- Você já tinha contado isso pra mais alguém?

- Talvez eu nem arrume. Nós vamos embora logo.

- É muito ruim guardar esse tipo de coisa só para si. Você está bem depois de ter conversado comigo?

- Será que a minha mãe ainda guarda os demais cobertores no quarto de hóspedes?

Continou se fazendo de desentendido.

- Zeus, por favor, presta atenção em mim.

- Não Riley, eu não estou bem e nunca contei isso pra outra pessoa. Então é melhor ficar de bico fechado.

Abriu a porta e respirou fundo, ficando de costas para mim.

- Estarei te esperando lá embaixo para jantar.

Saiu do quarto.

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O CHEFE - ZEUS ]Onde histórias criam vida. Descubra agora