Capítulo 28 - A família Ferraro

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ANASTACIA RILEY

Eu acabei descendo pra jantar. Apesar deu quase não conseguir olhar nos olhos do Zeus, achei que seria uma tremenda desfeita em relação aos pais dele.

O jantar, do meu ponto de vista, não tinha sido lá àquela coisa. A comida estava ótima, isso eu não posso negar, só que a minha atenção estava completamente voltada para a Sierra. Tinha alguém do lado dela tendo que pôr comida em sua boca. Muitas vezes a pobrezinha queria comer um docinho ou outro e não podia, porque a mãe dela não deixava.

A minha vontade era de dizer umas coisinhas, mas vai que ela se irritava na hora como aconteceu com o Zeus. Eu não podia ser grossa na casa dos outros. A verdade é que, no pouco tempo que passei nessa casa, eu já percebi que a sra. Ferraro duvida da capacidade da filha. Tudo bem que ela é especial, mas a garota também não é burra. Tem muita coisa que ela podia fazer sozinha.

A menina precisa de uma atenção maior? Sim, infelizmente. Mas isso não significa que ela é uma bonequinha de porcelana, onde você precisa tomar todo cuidado possível. Como ela vai crescer nesse mundo sendo criada desse jeito? Com todos passando a mão em sua cabeça e achando que ela não terá culpa de nada só porque tem down.

Eu também não parava de encarar o Zeus. De vez em quando ele retribuía, mas logo virava o rosto e voltava a fingir prestar atenção no alimento.

Edward era bem caladão na dele. Só fazia algum movimento quando ouvia o próprio celular apitando. Aliás, o telefone dele tocava demais para um homem casado.

Homens do tipo o sr. Ferraro parecia ter amizades limitadas, tipo... o pessoal do golf ou amigos de pôquer de mesa e eu aposto que eles não ficariam enviando tantas mensagens assim para o seu celular. Não estou insinuando nada, mas era meio estranho. O cara passou a empresa para o nome do filho, ele era aposentado. Só um homem de negócios para receber tantas chamadas telefônicas.

Houve uma hora em que a Verônica me perguntou como eu e o filho dela havíamos nos conhecido. Daí eu mandei aquela desculpa de que era autora de livros e ela rebateu :

"- Sério? Então me diga uma obra sua."

"- Ela escreve mais romances, mãe. A senhora não iria curtir."

Zeus afirmou, me salvando daquela enrascada.

"- Vai que eu acabo gostando..."

"- Você nem tem o costume de ler, então para de fingir interesse."

"- Eu só quero conhecer mais da minha nora."

"- Deixa pra outro dia. Por hoje já chega."

E o resto do jantar foi um completo silêncio.

Após terminarmos, eu e o Zeus nos aprontamos para irmos dormir. Ele permanecia quieto e àquilo já estava me incomodando.

- Está gostando de rever a sua família ou já quer ir embora?

Tentei puxar assunto enquanto eu o via arrumar a cama para dormir.

Depois do que o Zeus me falou, eu estava começando a achar que aquela visita devia estar sendo uma tortura, e eu queria livra-lo da promessa de me dar uma prova.

- Que história foi aquela de me chamar de namorada, hein? Achei que eu seria só uma amiga.

Disse em um tom brincalhão.

- Agora vou ter que dormir aqui junto com você se não irá parecer estranho se eu for para o quarto de hóspedes.

Mordi o lábio. Não que eu quisesse sexo, aquela era uma péssima hora, mas é que parecia muito mais legal ter o Zeus safado de sempre que o chato caladão.

- Não esquenta, eu vou pro quarto de hóspedes.

Pegou um travesseiro e caminhou até a porta.

- Não!

O impedi, segurando em seu braço.

- Pode ficar.

Eu não queria deixá-lo sozinho com os seus pensamentos.

- Nós... podemos dormir juntos, sem problemas.

- Da última vez que tentamos fazer isso, eu fui tomar banho e você saiu correndo.

Dei uma risadinha.

- Isso não vai se repetir. Você irá acordar e eu ainda estarei do seu lado.

Na mitologia grega, o nome Zeus era sinônimo de força e poder, mas àquele Zeus parecia estar tão... frágil. Acho que eu nunca o tinha visto naquele estado.

O seu desabafo havia feito com que ele se recordasse de coisas do seu passado que ele devia estar tentando esquecer. Eu estava com a consciência pesada.

- Só vou tomar um copinho de água. Você quer alguma coisa?

- Não, valeu.

Foi em direção a cama para se deitar.

- Okay, eu já volto.

Abri a porta e sai do cômodo.

Enquanto passava pelo corredor, acabei escutando, sem querer, alguns cochichos -altos até demais- vindo do quarto do Edward e da Verônica.

"- (...) Que péssima escolha a do Zeus para escolher namorada. Viu como a jabulani se comportava diante à mesa?"

"- Não."

"- Ela achou que os lenços antibacterianos eram petiscos."

"- Ela parece não estar acostumada com esse tipo de coisa e eles estavam enrolados como sushi, o que você queria?"

"- Como assim não está acostumada? A garota usa jóias de vinte quatro quilates e vestidos chiques! Admite logo que ela é uma gorda esfomeada que queria comer tudo que estava à sua frente, até os lenços."

"- Vai dormir, vai Verônica."

"- E aquela roupa colocada no corpo? Ou das duas ou uma, ou ela queria que os peitos pulassem para fora ou realmente a roupa não estava servindo."

"- Fala sério!?"

Ouvi as molas do colchão.

"- E eu dúvido que ela seja mesmo autora de livros. Deve ter escrito, no máximo, um romance que ainda é rascunho. Mas de uma coisa eu tenho certeza, que o Zeus banca aquela hipopótamo."

"- Quando você parar de falar que nem um rádio, eu volto."

Começou a andar pelo quarto. Sai de trás da porta e corri até as escadas.

- Anastacia ...

Virei-me, aflita.

- S-sr. Ferraro... Com insônia?

- Um pouco. Você também?

Me alcançou, ficando na minha frente.

- Não, eu... tenho o costume de levantar de madrugada pra beber água.

- Por que você...

Foi chegando mais perto, passando as mãos pelos meus cabelos.

- Não me ajuda com o meu problema de insônia?

Começou a sussurrar, descendo a sua mão pelo meu braço.

- Nós podemos brincar a noite inteira. Ficaremos tão cansados que vamos apagar na hora.

- Sr. Ferraro, o-o que está faz...

- Te prometo que você vai gostar. Eu ainda faço ótimas pinturas com o meu pincel.

- Minha nossa!

Subi os degraus novamente. Quando estava passando pelo quarto dos senhores, ouvi a Verônica dizendo :

"- Ah, Enrique... faz tanto tempo que não fazemos sexo por telefone. Você faz com que eu me sinta uma adolescente."

Continuei andando apressadamente, e só parei quando cheguei ao quarto. Tranquei a porta e respirei com alívio. Zeus já dormia serenamente. Deitei-me ao seu lado e me cobri, fechando os olhos na tentativa de pegar logo no sono e me esquecer do que havia acontecido.

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É agora entendo o Zeus

O CHEFE - ZEUS ]Onde histórias criam vida. Descubra agora