Capítulo 36 - Tá demitida!

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ANASTACIA RILEY

Cheguei no hospital, disse a recepcionista quem eu tinha ido visitar e segui até o quarto do Zeus. Acreditem se quiserem, mas eu havia levado flores, para ele se relembrar do dia em que eu estava naquela posição.

Ao chegar, me deparei com o Zeus sentado na cama, ainda com alguns curativos no rosto, mas bem melhor do que da última vez que o vi. E em pé, do seu lado, estava a Shelly. Zeus ditava alguns termos enquanto ela assinava vários papéis.

- Aubrey? Oi.

Shelly se virou, me notando.

- É Anastacia , na verdade. Oi Zeus.

Escondi o buquê atrás de mim, acenando com a mão e dando um sorrisinho.

- Oi.

Ele não conseguia me olhar nos olhos.

- Tô vendo que vocês precisam botar o papo em dia. Eu vou terminar de preencher isso aqui lá fora.

Recolheu os papéis e saiu do quarto.

- Eai Anastacia b, o que você me conta?

Cruzou os braços quando eu me aproximei.

- Como é que você tá?

Me sentei na beirada da cama.

- Eu sofri uma batida de carro recentemente. Como você acha que eu estou?

- É sério isso? Eu venho aqui pra saber de você e você me vem com sete pedras na mão?

- Devia ter vindo antes, talvez eu te recebesse um pouquinho melhor. Mas você veio? Não. Isso porque, pelo o que me contaram, você jurou de pés juntos que ficaria do meu lado.

- Sabia que eu tenho uma vida, né? E que as coisas não são tão fáceis pra mim como são pra você, porque você pode sofrer um acidente, ficar aqui o tempo que quiser e simplesmente pagar alguém pra resolver os seus problemas.

- Okay, eu entendo. Você é uma mulher tão ocupada que não podia pelo menos ligar pra saber se eu ainda estou vivo.

- Eu estou aqui, agora. Do que você está reclamando?

- Quando eu sofri o acidente, mesmo inconsciente, eu escutei você e a Shelly conversando sobre essa coisa de me ajudarem e tals. Admito que gostei de saber daquilo. E então, uns dois, três dias depois eu acordei e queria tanto que você fosse a primeira que eu visse ao abrir meus olhos... mas a única que estava do meu lado era a Shelly. Ultimamente é só ela que eu vejo que tira um tempo pra vir me visitar.

Olhei em volta e vi um buquê de flores com um cartão na frente, escrito "De : Marcos & Becca". Zeus não estava reclamando de ninguém se lembrar dele, e sim de poucos virem, pessoalmente, ver como ele estava.

- É, pelo visto ela está sempre por perto. Eu não sei muita coisa dela. Por acaso ela é daqui?

- A Shelly é russa, mas já vive nos Estados Unidos há dezessete anos. Atualmente está morando em Michigan. Ela foi uma das últimas pessoas pra quem eu liguei antes de sofrer o acidente. Foi você, ela e a Sierra. Mas a Sierra eu disse poucas palavras, tipo eu te amo e vou sentir sua falta. Há alguns dias eu liguei novamente lá pra casa e nós dois conversamos normalmente. Ela nem desconfiou que era uma despedida.

- O que você estava pretendendo fazer?

- Isso mesmo que você está pensando.

- Eu não vim na sua cabeça na hora? Não imaginou como eu ficaria arrasada?

Enchi os olhos de água, pensando no que poderia ter acontecido.

- Não. Pelo contrário, achei que você comemoraria a minha morte depois de ter dito aquelas coisas todas pra mim.

- Foi um erro, me desculpa. Eu estava de cabeça quente, não queria ter falado nada daquilo.

- Esquece, deixa pra lá. Ficou no passado.

- Voltando a Shelly... ela vem de Michigan pra cá toda vez?

- Não, ela está alugando um apartamento.

- Só pra ficar mais pertinho de você. Que meiga!

Disse com sarcasmo.

- Até porque as pessoas que eu chamava de amigos não são capazes de fazer isso, não é verdade?

O encarei em silêncio, já cansada de todo aquele drama.

- O que você tem aí nas costas?

- Você nunca fica satisfeito com nada.

Me levantei.

- Tudo pra você precisa ser em grandes gestos. O Marcos e a Becca não tinham a obrigação, mesmo assim te enviaram flores junto com um cartão. E pelo o que eu estou vendo, ele continuava selado. Você nem ao menos olhou o que eles tinham escrito. Idaí se eles não puderam vir? Eles lembraram de você, mesmo tendo compromissos com a vida real. Não podem ficar como você, que está aqui, de pernas pro ar, recebendo comida na boca.

Joguei as flores no lixo.

- Você não as merece. E olha que eu as escolhi com cautela. Eu sai durante o meu expediente pra vir aqui, me redimir por causa das coisas horríveis que te disse e o que você faz? Como sempre, estraga tudo.

Deixei o quarto.

Eu estava andando pelos corredores, fazendo uma ligação para a Becca, quando de repente esbarrei em alguém.

- M-me desculpa.

Levantei os olhos e vi que era a Shelly.

- Anastacia , tá tudo bem?

- Melhor, impossível.

- Já que você está aqui, será que podemos conversar?

- Seja rápida, por favor. Eu tenho que voltar ao trabalho.

- Okay. Ahn... você está demitida.

- O quê?

- Da agência. Você está demitida.

- Por quê?

- O Zeus me elegeu substituta enquanto ele está... indisposto.

- Ele mandou você me demitir?

- Não, eu simplesmente tenho poder pra fazer isso. Você não estava indo trabalhar.

- C-como assim? Ele está no hospital, estava tudo parado.

- Quem disse?

Fiquei sem ter como rebater, até porque eu realmente não sabia se tudo estava parado, eu quem dei uma pausa.

- Enfim, não leve para o lado pessoal. É que teremos que tirar dinheiro da empresa para pagar os gastos feitos durante o tempo que o Zeus estiver internado, por isso estamos tendo que fazer alguns cortes. Mas veja pelo lado bom, eu fiquei sabendo que você já quis se demitir antes, mas não pôde. Agora ser demitida é outra história.

- Mas... isso já faz tempo.

Foi só àquilo que eu consegui dizer diante daquele sorrisinho sínico. Não tinha mais como argumentar.

- Bom, era só isso mesmo. Eu não quero te atrasar. Tchauzinho.

Ela continuou andando em direção ao quarto do Zeus.

- Alô? Alô?

A chamada tinha se completado e eu comecei a ouvir a voz da Becca. Coloquei o celular na orelha e parti até a saída.

- Becca?

- Oi?

- Como se diz "vadia" em russo

O CHEFE - ZEUS ]Onde histórias criam vida. Descubra agora