Capítulo 46 - O que quê você acha?

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— (...) E desde então, toda vez que olho para uma cenoura, eu fico excitada. Não sei o que me da, só sei que é mil vezes mais gostoso do que sexo normal. Hoje eu levo isso como uma lição de vida, pois na hora me machucou. Eu aprendi a me controlar e nunca mais fiz algo do tipo. Estou frequentando um psicólogo que está me ajudando bastante.

Vimos que uma mulher era quem estava comentando.

Eu sempre ficava na minha e não falava com o pessoal daqui porque achava todos muito bizarros. Aquela mulher, por exemplo. O nome dela é Margareth. Quando eu comecei, a mesma já tinha entrado e toda vez ela tem uma experiência com legumes pra contar. Semana passada foi sobre uma beringela e semana retrasada sobre um pepino. Outro dia disse que gozou com uma abobrinha. Até uma mandioca já entrou dentro dessa mulher. Parece que dessa vez, ela está contando sobre sua experiência com uma cenoura.

— Eu hein!

Franzi a testa, tentando não imaginar a cena enquanto eu e Bia nos sentávamos em duas cadeiras vazias.

— Muito bem, Margareth. Obrigada por compartilhar. Estamos orando por você, querida. Mais alguém vai querer falar?

Bia levantou a mão.

— Pode começar quando se sentir à vontade.

— Oi pessoal.

— Oi Bia.

Todos disseram em união.

— Bom Linda, hoje aconteceu algo bárbaro. Eu estava sozinha em casa, entendiada e sem nada pra fazer, quando do nada eu tive a terrível ideia de ligar para um garoto de programa. Na hora eu estava decidida e falei calmamente pelo celular. Após encerrar a chamada, eu pensei bem e disse pra mim mesma : "é isso o que eu quero?" Andei de um lado para o outro, martelando àquilo na minha cabeça. Quando me dei conta, o cara já estava batendo na minha porta. Eu não atendi. Me escondi atrás do sofá e comecei a chorar. A que ponto eu cheguei? Essa... compulsão está tomando conta de mim, decidindo coisas por mim. E depois que retomei a consciência, já era tarde demais. Esperei até que o cara fosse embora e sai. No caminho pra cá, voltei a pensar no assunto e tornei a chorar, só pelo simples fato de ainda estar morrendo de vontade de fazer sexo loucamente com um homem bruto e bem dotado, que me pegue com força, me faça ver estrelas e me dome.

— Okay, Bia. Nós... nós já entendemos. Você precisa tomar as rédeas da sua vida meu bem, e mostrar para o seu problema que você é maior que ele e pode vencê-lo. Estamos orando por você. Bom, vejo que temos rostos novos aqui hoje.

A tal da Linda passou a falar comigo, mas eu não me dei conta já que estava encarando a Bia enquanto tentava esconder uma risada. Que garota ousada! Ela havia dito tudo àquilo no final mesmo, em público, ou eu estava delirando?

— Senhor? Senhor?

Finalmente olhei pra ela.

— Sim?

— Tem algo para dizer?

— Ahn... tenho. O meu nome é Zeus...

— Olá, Zeus.

— Oi pra todos. E eu sou um compulsivo sexual. Não faz muito tempo que eu comecei a frequentar o grupo, só que venho mais à noite, apesar deu achar que acabei de encontrar um motivo para ficar na parte da manhã.

Meus olhos moveram diretamente para a Bia.

— Sou um sadomasoquista. Pra quem não sabe o que é, eu me divirto com a dor alheia. Gosto de bater em mulheres. O soar de seus gritos agudos me excitam. Tudo começou quando eu ainda era mais novo e a minha mãe me batia. Hoje em dia eu mal falo com ela por causa disso. Não que seja sua culpa, eu só acho um pouco estranho. Enfim, eu tinha uma namorada e nós já havíamos experimentado esse tipo de coisa antes, porém ela não curtiu muito. Eu a machuquei; e apesar de me sentir culpado e ter tentado me redimir, no fundo, no fundo eu senti prazer ao vê-la naquela estado, desejando machuca-la um pouco mais. Nosso relacionamento foi se desgastando aos poucos por conta das constantes brigas. Na maioria das vezes era por causa desse meu problema, como se ela só soubesse me julgar ao invés de tentar me compreender, ir atrás de melhorias junto comigo.

O CHEFE - ZEUS ]Onde histórias criam vida. Descubra agora