Capítulo 25 - London

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ANASTACIA RILEY

O Zeus já havia me dito -quando ainda éramos harmônicos um com o outro- que os pais, junto com a irmã mais nova, moravam em Londres por isso teríamos que ir de avião.

Nova York nunca esteve tão frio ,tô quase usando as costelas do Zeus como coberta.

- Aqui está, senhorita.

Uma aeromoça passou com um carrinho e me entregou toalhas quentes.

- Ahn... obrigada.

As peguei, olhando para o Zeus.

- Mas eu não pedi nada.

- É a primeira classe, neném.

Se acomodou em sua poltrona, botando um travesseiro inflável atrás do pescoço e fechando os olhos. Ele parecia já estar acostumado enquanto pra mim era tudo muito novo. Desculpa aí se todas as vezes que andei de avião até hoje foram só de econômica.

- E então, me fala sobre a sua família.

Virei o meu corpo para o lado dele e fiz a toalha de cobertor.

- Não tem muito o que falar.

- Ué, se nós somos namorados, eu preciso saber de alguma coisa sobre eles.

- Mudei de ideia. Você será só uma peguete de final de semana.

- Eu não vou ser o seu brinquedinho sexual de 48h, fácil de dispensar.

- Que tal uma viúva que ainda está de luto e eu estou ajudando a se recuperar?

- Viúva? Eu só tenho 23 anos!

Ele deu uma risada. Fazia tempo que eu não o via rir.

- Se vai inventar uma história de como nos conhecemos, pelo menos seja mais criativo e convincente.

- Okay, você é... uma autora de livros famosa.

Abriu os olhos e ficou reto na poltrona, me encarando e gesticulando com as mãos enquanto explicava.

- É bastante renomada e respeitada na sua área. Já publicou mais de vinte romances. Nos conhecemos depois que eu li um livro seu, gostei e resolvi ajudar no patrocínio. Nos tornarmos tão bons amigos que, durante um almoço em Veneza, você acabou comentando comigo que estava sofrendo um tipo de bloqueio, que o seu agente estava te pressionando e você não tinha nada pra entregar à ele. Estava sem ideias do que escrever. Então, como um bom amigo que eu sou, te trouxe nessa viagem pra você conseguir ter alguma inspiração. Tudo bem?

- Assim está melhor.

- Ótimo.

Voltou a se encostar, fechando os olhos.

Voltei a incomodá-lo, até porque eu ainda estava intrigada em relação a uma coisa.

- Quantas horas?

Sem abrir as pálpebras, ele simplesmente tirou o celular do bolso e me mostrou a tela 23:50

- Vamos chegar por volta das 7 por aí da manhã .. se for em linha reta ,as vezes atrasa.

Zeus disse. Fiz àquilo para saber qual era o tipo de celular que ele usava e aonde o mesmo o guardava. O vôo seria longo e eu precisava de algum método para puxar assunto.

- É de última geração?

- É.

- Legal. Quanto custou?

- R$ 6.400.

- Pagou a vista?

- Óbvio.

- Aonde você o comprou?

Abriu um pouco os olhos.

- É sério isso?

Ele parecia não querer muita conversa.

- Tá, deixa pra lá.

Virei-me para o lado do corredor. Tenho que concordar que aquele papo já estava ficando chato.

***

7 horas e meia depois...

- ANASTACIA ?

Me despertou com um chacualhar de leve.

- Oi?

Acordei de repente, olhando em volta.

- Levanta. Nós já pousamos.

Zeus estava no corredor, segurando sua mochila na mão -no bagageiro só podiam malas pequenas, as grandes eram dispensadas. Enquanto eu, quando viajava de econômica, levava dentro de uma mochila daquelas coisas que eu iria precisar durante a viagem para não precisar gastar com serviços de bordo, como água e mistos quente junto com um pacote de bolachas, ele levava "distrações", do tipo livros e um notebook-.

Fiquei de pé e peguei minha bolsa, o acompanhando até a saída.

Descemos alguns degraus de escadas e caminhamos pela pista até estarmos dentro do aeroporto. Pegamos nossas bagagens e fomos para fora. Em frente a um carro preto conversível tinha um homem, segurando uma plaquinha com o nome Ferraro.

- Você alugou um carro!?

- Aqui está, senhor.

- Obrigada.

Pegou a chave com o rapaz, que entrou em outro carro, onde tinha mais um homem dentro, e os dois foram embora.

- Toma.

Me deu uma mala.

- Não acha que já estou carregando coisas demais?

Ele se aproximou de mim e tirou das minhas mãos as bagagens que eu carregava, praticamente me forçando a segurar àquela mala.

- Se eu me lembro bem, você me ligou, após mudar de ideia, perguntando que tipo de roupa devia usar para conhecer a minha família. Aí está!

Abri a maleta, vendo coisas como vestidos de griffe, cinta, espartilho, jóias, acessórios caríssimos, bolsas...

- Eu vou conhecer a sua mãe ou a rainha da Inglaterra? Pra quê tudo isso?

- Já que a ideia inicial era te apresentar como a minha namorada, eu não podia ter qualquer garota do meu lado, né?

- Disse o cara que queria me transformar em uma viúva.

- A minha mãe é uma mulher muito exigente.

- Por isso você não arruma uma namorada? Por que ninguém está de acordo com os padrões perfeccionistas da sua mamãezinha?

- Também não é assim...

- Será? Eu tenho absoluta certeza que ela vai gostar de mim logo de cara : uma garota gorda, que não ganha uma fortuna como salário e mora no subúrbio.

Ele ficou em silêncio, virando a cara para o lado e não me dando uma resposta.

- Eu tenho mesmo que tirar o meu jeans para me vestir como uma das peruas que você está acostumado a pegar?

- Facilita, vai Anastacia . Por favor.

- Tá.

Cruzei os braços, o olhando com um olhar tedioso.

- Aonde eu me troco?

- Tem banheiro no aeroporto.

- Vou vestir um vestido de mil dólares dentro de um banheiro público imundo?

- Pode fazer isso no carro também, se quiser. Estará fazendo a sua estreia. Eu me ofereço pra segurar sua calcinha.

Mordeu o lábio, alisando meu braço.

- Muito obrigado, espertinho. Mas não precisa. Eu vou permanecer com a minha calcinha.

Me esquivei dele, olhando para trás e soltando um suspiro.

- Já volto.

Revirei os olhos, lhe dando as costas.

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O CHEFE - ZEUS ]Onde histórias criam vida. Descubra agora