Capítulo 4 - Sr.babaca

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Eu dirigia devagar pela estrada. As lágrimas não paravam, o que deixava os meus olhos embaçados a ponto de não enxergar quase nada, correndo o risco de bater com o carro. Era óbvio que eu ainda me encontrava muito triste. Meu pai não foi o melhor do mundo, mas ainda sim era o meu pai.

Quando cheguei na enorme mansão, notei que logo ali na entrada Zeus já me esperava, com as mãos no bolso e um sorriso galanteador nos lábios.

- E não é que você veio mesmo...

- Cadê minha moto?

Desci do carro e joguei as chaves pra ele.

- Calma. Você não quer entrar um pouco, beber alguma coisa...

- Eu não estou com tempo, caramba. O seu carro já está aí, agora devolve o que me pertence.

- Você parece um tanto tensa. Tá tudo bem?

- Não, não está tudo bem. Eu acabei de descobrir que o meu pai morreu e pelo visto eu vou perder metade do enterro porque a minha moto estragou, o concerto provavelmente vai demorar e vai levar tempo até eu alugar um bom carro. Eu praticamente estou pra fora do meu apartamento porque a minha amiga está lá com um cara e eu não vou conseguir dormir direito com a barulheira que os dois estão fazendo. E agora você vem com mais essa de ficar me enrolando.

Entrei em desespero, começando a gritar e a soltar tudo de uma só vez. O ambiente ficou em completo silêncio por alguns segundos assim que eu terminei de falar, chegando a ficar ofegante.

- Ei... relaxa, tá? Todos nós passamos por um péssimo dia. Faz parte.

Se aproximou de mim, tocando meu ombro. Eu estava de cabeça baixa, respirando pela boca.

- Vem cá, vem.

Ele me abraçou. Pelo visto era tudo o que eu precisava no momento e nem estava me importando de quem viesse, pois sem pensar duas vezes eu amarrei minhas mãos em seu quadril e afundei meu rosto no seu peito, começando a chorar.

- Meus pêsames.

Acariciou os meus cabelos.

- Vamos entrar.

Me levou até a porta.

- Pode sentar. Fica a vontade.

O obedeci.

- Vou te trazer um copo de água com açúcar e... alguns lenços.

Foi até a cozinha. Respirei fundo, tentando ficar calma. Em seguida comecei a reparar envolta. As coisas por fora da casa já eram bonitas, por dentro então nem se fala.

- Aqui.

Me entregou o copo na mão e deixou os lenços encima da mesinha.

- Obrigada.

Tomei tudo.

- Quer me contar o que está acontecendo?

- Eu não vim aqui pra isso.

- Da pra ver que você precisa desabafar com alguém.

Encarei profundamente seus olhos, voltando a chorar.

- Como eu te disse, o meu pai faleceu hoje e eu... eu estou sozinha. A minha mãe se suicidou quando eu tinha 12 anos e... da pra contar nos dedos quantos amigos eu tenho.

Enxuguei as lágrimas com um lencinho.

- Mas tá tudo bem, eu sou uma garota forte. Já virou um costume pra mim guardar as coisas dentro do peito. Essa é só mais uma.

O CHEFE - ZEUS ]Onde histórias criam vida. Descubra agora